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Quando Adão se rebelou no jardim do Éden, seu coração
se corrompeu instantaneamente. Como uma forma agressiva de câncer, uma rede
elaborada de orgulho se formou dentro de seu coração e espalhou-se dentro de
si. Agora, milhares de anos depois, após incontáveis gerações, tal sentimento
possui um sistema de radar altamente desenvolvido que mantém constante
observação sobre qualquer coisa que atravesse seu caminho. Consequentemente,
esse mecanismo aproveita toda oportunidade de se mostrar, promover e proteger
seu hospedeiro. Assim, a vaidade mantém sua posição dentro do coração humano
com muito sucesso.
Na essência, o orgulho é como um fiel cão de guarda,
sempre protegendo seu dono: o poderoso ego Quanto mais cheio de si mesmo alguém
estiver, mais presunçoso será. O cristão que não tiver permitido que o Senhor
lide severamente com sua personalidade cairá nas garras da soberba. Todos os
aspectos do viver - trabalho, diversão, relacionamentos, e vida espiritual -
serão fortemente tentados por esse sentimento, o qual contamina os
pensamentos, as palavras e as atitudes. Assim, tudo deve adquirir uma posição
de subserviência ao seu desejo tirânico. Cristãos não-envolvidos podem dizer
que Jesus Cristo é o Senhor da vida deles, mas a verdade é que apenas o orgulho
ocupa essa posição. Esse sentimento rege o coração desses cristãos, consegue
qualquer coisa que desejar e permite apenas as coisas que servem ao seu interesse.
A submissão a Deus é deixada do lado de fora das barreiras erguidas pelo
amor-próprio. O crente só irá submeter-se e render-se ao Onipotente tanto
quanto a imodéstia permitir.
É verdade. O orgulho é
uma característica comum do coração humano, e todo ser humano, inclusive o
crente, possui uma única e vibrante personalidade. Assim, pessoas se exaltam e
se guardam em muitas maneiras diferentes. Por exemplo, cada um dos seis membros
da família Johnson é elevado de uma maneira distinta como indivíduo. Para fazer
um diagnóstico melhor do egoísmo que está dentro de cada um de nós, farei uma
parada nas categorias básicas (geralmente parecidas).*
Um espírito soberbo
Quando se pensa na palavra soberba, a imagem de
um endinheirado esnobe rapidamente vem à mente. Contudo, a Bíblia usa o termo
para descrever qualquer atitude de ser melhor que os outros. Pessoa
alguma precisa ser rica para ser soberba. Considerar-se mais esperto, bonito,
forte ou capaz que os outros é um aspecto desse tipo de arrogância. Aquele que
se exalta experimenta uma sensação de excitação.
Bill Johnson é o exemplo perfeito de altivez. Ele se
considera superior a praticamente todos à sua volta -certamente, muito longe
dos zés-ninguém que vivem contando o dinheiro do mês. Maior ainda é o seu desrespeito
pelos pobres "que deviam procurar algum trabalho decente e ser alguém na
vida!". Não interessa o quanto ele tente disfarçar, seu desdém pelos
outros fica estampado em seu rosto. O salmista chamou isso de a soberba do
perverso (Sl 10.4) ou de coração soberbo (Sl 101.5). Salomão
simplesmente o classifica como olhar altivo (Pv 6.17).
O arrogante encontra algo em si mesmo que ele
considera digno de louvor e usa essa qualidade para se comparar favoravelmente
com os outros. Por acreditar no melhor sobre si próprio, Bill não percebe suas
características mais desprezíveis. Por exemplo, ele e um chefe muito exigente e
utiliza o sarcasmo para manipular os outros para que façam aquilo que ele quer.
A verdade é que não há quem goste de trabalhar para ele. No maior desejo de
pensar em seu melhor, essa crítica negativa é convenientemente ignorada. Em vez
disso, ele se parabeniza por sua grande ética profissional. Sim, é verdade; ele
é mais ambicioso que o Jim, o zelador que mora no final da rua. Entretanto,
todos os que conhecem Jim adoram estar perto dele, o que Bill nem percebe.
Aqueles que são arrogantes se exaltam, comparando suas forças com as fraquezas
dos outros.
Bill é tão presunçoso em sua auto-avaliação, que fica
indiferente à opinião que os outros têm dele. Sua arrogância insana não deixa
espaço para dúvidas. Ele é extremamente condescendente e dá menos importância
àquilo que os indivíduos possam pensar dele. Bill despreza sua aprovação assim
como sua desaprovação. Por causa de seu excessivo amor-próprio, ele não precisa
do apoio de quem quer que seja.
Vaidade
Em contraste com a autoconfiança exagerada de Bill,
está aquele que, verdadeiramente, vive pela admiração dos outros. Cheio de
vaidade, esse indivíduo precisa da aprovação dos outros, deseja ser reconhecido
e procura os aplausos.
A vaidade reside na raiz das petições lacrimosas tão
comuns hoje em dia. A Sagrada Escritura denuncia a oração de pessoas vaidosas
que se recusam a condenar o pecado, a astúcia e a carnalidade. Por intermédio
de Jeremias, por exemplo, o Senhor disse que elas curam a ferida da filha do
meu povo levianamente, dizendo: Paz, Paz; quando não há paz (Jr 6.14).
Judas, no versículo 16 de sua epístola, falou acerca daqueles que são
aduladores de pessoas, e Paulo fez a seguinte declaração: Porque virá tempo
em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão
para si doutores conforme as suas próprias concupiscências (2 Tm 4.3).
Esses falsos mestres querem ser adorados mais do que se preocupam com o
bem-estar daqueles que os ouvem.
Porém, a vaidade não está limitada ao ministério.
Qualquer pessoa que deseja receber a admiração dos outros está sujeita a ela.
De fato, ela é um dos grandes problemas que assolam as mulheres hoje em dia,
cuja beleza determina o valor de cada uma delas em nossa cultura. A pressão
para ser adulada pode ser muito forte, especialmente para aquelas que precisam
de atenção. Não é coincidência que a mesa onde as mulheres passam sua maquiagem
é chamada de vaidade.**
Atualmente, isso é especialmente trágico no Corpo de
Cristo, quando algumas garotas, querendo atrair os outros, vestem-se sem
modéstia mesmo quando estão dentro da igreja. Contudo, esse desejo de despertar
a atenção dos rapazes, muitas vezes, leva-as ao caminho da promiscuidade. Visto
que a igreja esta abraçando os padrões do mundo, poucos parecem preocupados com
isso hoje em dia.
A vaidade faz os indivíduos viverem aprisionados pelo
desejo de aprovação. Manter a excitação da aceitação exige que a pessoa esteja
constantemente falando, parecendo e agindo da forma que os outros querem que
ela faça.
A satisfação pessoal depende simplesmente do seu grau
de aprovação: elogios trazem felicidade e realização completa, enquanto que um
comentário desaprovador é extremamente devastador. Talvez, esse tipo de
atitude tenha levado Deus (por intermédio de Isaías) a fazer-nos a seguinte
admoestação: E a altivez do homem será humilhada, e a altivez dos varões se
abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele dia. [...] Afastai-vos,
pois, do homem cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele
estimar? (Is 2.17-22).
AUTOPROTEÇÃO
Um indivíduo com o orgulho de proteger a si mesmo tem
grandes problemas sendo vulnerável aos outros. Ele é extremamente defensivo e
fácil de se ofender. Essa pessoa se fortificou com um elaborado sistema de barreiras e mecanismos de proteção na
tentativa de se manter longe de qualquer risco. Para quem apresenta esse tipo
de orgulho, por ser geralmente sensível por natureza, quase sempre a menor
ofensa irá levá-lo a se proteger de futuras mágoas. Assim, os muros de
sua fortaleza pessoal ficam mais resistentes e se tornam impenetráveis para
qualquer outro intruso. Enquanto algumas categorias da soberba são por si só
ofensivas - assim como a vaidade e autopromoção -, essa forma de orgulho é
defensiva por natureza. Pessoas com esse tipo de sentimento vêem os outros como
uma ameaça que irá humilhá-las, rebaixá-las ou envergonhá-las. Dessa maneira,
elas se guardam dos ataques a qualquer custo. Tornando-se distantes, algumas se
protegem da dor que outros possam causar. Elas são cuidadosas para não deixarem
transparecer seus sentimentos mais profundos e sentem-se um pouco inseguras e
medrosas quando as pessoas se aproximam delas. Outras se utilizam do sarcasmo
para manter seus semelhantes à distância.
A pequena Suzy, que tem apenas 12 anos de idade, já
está permitindo que esse tipo de presunção se solidifique dentro dela. Não é
errado ser cuidadosa, sensível e introvertida. Essas características
simplesmente fazem parte de sua máscara como pessoa. O problema aparece quando
ela, diferentemente de Jesus, dá mais importância para os seus sentimentos do
que para as outras pessoas em sua vida. E fácil de simpatizar com alguém como
essa menina, até que se esteja do outro lado do sentimento horrível que emana
dela quando se sente ameaçada.
O que é mais assustador para uma pessoa com o orgulho
da autoproteção (e para alguém vaidoso também) é sofrer alguma humilhação
publicamente. O pensamento de ser rebaixado na presença de outros é algo com o
qual ela mal pode lidar. Contudo, o bom Mestre, quando falava acerca da questão
de se preocupar sobre o que as outras pessoas pensam, disse: E digo-vos,
amigos meus: não temais os que matam o corpo e depois não têm mais o que fazer.
Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar,
tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei (Lc 12.4,5).
Orgulho intocável
Uma pessoa intocável é alguém que não suporta ser
corrigida. Ela se torna notavelmente tensa todas as vezes que é admoestada
sobre áreas de sua vida que precisam de mudanças. O orgulhoso e tolo não
aceitará reprovação. Salomão sabiamente disse: O que repreende o
escarnecedor afronta toma para si; e o que censura o ímpio recebe a sua mancha.
Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e
amar-te-á (Pv 9.7,8).
É uma pena que algumas pessoas sejam tão orgulhosas ao
serem reprovadas, porque Deus costuma ser muito confrontador quando está
lidando com aqueles que Ele ama. O escritor de Hebreus revelou como o Altíssimo
trata Seu povo: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies
quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita
a qualquer que recebe por filho (Hb 12.5b,6). A confrontação do pecado por
quem é de Deus é um dos métodos mais efetivos que o Senhor usa para fazer a
mudança necessária na vida de um cristão. Infelizmente, as pessoas não levam a
sério o arrependimento do pecado, do egoísmo, das práticas mundanas ou das
atitudes não-cristãs, até que o Onipotente mande um "Natã" para
olhá-las nos olhos e dizer-lhes a verdade sobre si mesmas. O cristão que é
muito altivo para receber reprovação coloca-se em uma posição inviável para
receber aquilo que o Pai tem de melhor para a sua vida; assim, ele amadurece
pouquíssimo. E como Salomão disse: Mais profundamente entra a repreensão no
prudente do que cem açoites no tolo (Pv 17.10).
Orgulho sabe-tudo
Quem se torna altivo pelas coisas que sabe geralmente
é alguém talentoso, inteligente e dotado de dons. Ele costuma achar que pode
fazer qualquer coisa e, de muitas
formas, pode! Ele não acredita no potencial dos outros por causa de sua alta
consideração sobre si mesmo (seu ego incorrigível), e pessoa alguma é tão capaz
ou inteligente como ele. Essa é uma das razões pelas quais ele não gosta de se
submeter à liderança dos outros; ele julga que poderia fazer um trabalho melhor
se estivesse à frente. Tal atitude arrogante o torna rebelde perante seus
superiores.
O espírito altivo dessa pessoa faz com que ela considere
as próprias opiniões muito mais importantes do que as dos demais. A verdade é
que ela adora sentir-se superior e tende a pensar que os outros têm pouco a lhe
ensinar, desprezando as idéias alheias. Tal atitude é censurada nas Escrituras,
conforme podemos observar na seguinte declaração de Salomão; Tens visto um
homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há no tolo do
que nele (Pv 26.12), Isaías também advertiu: Ai dos que são sábios a
seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos! (Is 5.21). Mais tarde,
Paulo acrescentou: Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem
por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste
mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua
própria astúcia (1 Co 3.18,19).
Rebelião
Estudo algum sobre orgulho estaria completo se não
tratássemos da questão da rebelião. Isso é especialmente importante nos Estados
Unidos, porque os americanos tendem a ser muito independentes e extremamente
rebeldes! De alguma forma, eles adquiriram uma propensão demoníaca de
questionar autoridade - a própria autoridade de Deus. As pessoas tendem a se
submeter aos líderes somente o mínimo necessário. Alguns, simplesmente, odeiam
que alguém diga o que eles têm de fazer.
Contudo, a submissão é uma parte importante da vida
cristã. Os cristãos são admoestados a se submeterem às leis dos homens (1 Pe
2.13,14; Rm 13.1-5), as esposas são orientadas a se sujeitarem aos seu maridos
(1 Pe 3.1-5), os empregados são encorajados serem subservientes aos seus
patrões (1 Pe 2.18). Acima de tudo, os crentes são encorajados a se subordinarem
às suas autoridades espirituais: Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a
eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas (Hb
13.17a). Pedro disse: Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos
anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildade (1
Pe 5.5a).
Não é necessário dizer que a falta de submissão ao
Todo-Poderoso é outra faceta dessa forma de altivez. Como esse é um assunto
importante, a rebelião espiritual será abordada mais adiante.
Orgulho espiritual
Por último, a falsa moralidade se opõe àquilo que
Jesus descreveu como pobre de espírito. Alguém que tenha esse tipo de
orgulho se imagina como um gigante espiritual. Deus detesta a auto-aprovação e
o orgulho espiritual. Jesus censurou os fariseus por causa de sua falsa
piedade, sua enganosa aparência de santidade. Eles não eram menos pecadores que
os que estavam à sua volta, mas agiam como se fossem os mais sublimes exemplos
de pureza. Contudo, o Mestre pôde dizer o seguinte a respeito deles: Ai de
vos, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios
de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim, também vós exteriormente
pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade
(Mt 23.27,28).
Hoje em dia, muitos dos que estão na igreja não agem
diferente. Sentam-se orgulhosamente nos bancos das congregações, julgando todos
à sua volta para ver se eles se encaixam em seus padrões. Alguns são do tipo muito
espirituais, que estão sempre ouvindo uma palavra de Deus, embora
sua caminhada cristã seja caracterizada pela instabilidade, falta de
compromisso ou mesmo desobediência. Assim, eles são espiritualmente arrogantes,
pois consideram ter um nível de maturidade que, na verdade, não atingiram.
Uma outra forma muito comum do comportamento das
pessoas com relação ao Onipotente é quando elas imaginam que podem continuar
sem se arrepender dos pecados e não sofrer conseqüência alguma. Acerca dessas
pessoas, as quais se fundamentam na graça divina, Judas falou: Porque se
introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo,
homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus,
único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo (Jd 1.4). Essa é mais uma
forma de orgulho espiritual, a qual é bastante perigosa.
Esse rápido exame sobre a soberba dá uma idéia de como
ela se manifesta dentro da natureza humana caída. Você pode ver como cada um
desses tipos de altivez limita o Senhor de alcançar o homem? Por exemplo, e
possível para o altivo, que se exalta acima dos que estão à sua volta, ter uma
comunhão íntima com o Todo-Poderoso? O Onipotente ouvirá as orações desse
rebelde mimado?
Ele abraçará a causa daquele que se protege, mesmo que isso signifique ser rude
com os outros, em vez de se entregar nas mãos do Pai? (1 Pe 2.23). Não! Deus
resiste aos soberbos, e quanto maior o grau de presunção de uma pessoa,
mais ela estará oposta ao Pai.
A notícia maravilhosa sobre o Reino de Deus é que um
pecador sempre pode arrepender-se! Como é possível perceber o orgulho trabalhando
em sua vida, você pode também se forçar a não seguir tudo o que ele manda em
seu relacionamento com o Senhor e com os outros. Deus irá ajudá-lo a superar
essa área do orgulho, pelo menos em grande parte. Esse sentimento não
desaparecerá automaticamente, simplesmente, porque você descobriu que ele está
lá, mas, pelo menos, vê-lo como realmente é auxiliará você a lutar contra ele e
arrepender-se cada vez que ele mostrar sua horrorosa face.
Senhor,
por favor, torna clara para mim toda forma de orgulho
que está dentro do meu coração. Expõe cada uma
delas pelo que elas são! Ajuda-me a ser mais consciente de como esse sentimento
afeta meu relacionamento contigo e com os outros. Liberta-me! Amém.
FONTE: Gallagher, Steve. Irresistível a Deus /Steve Gallagher, traduzido por Flávia Bastos -Rio de Janeiro; Graça,
2005.
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