quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sermão Puritano: Um Novo Modelo de Exposição- Joseph Pipa


Imagem cedida por: www.iveraldopereiragmail.blogspot.com 
A multidão estava emocionada na Igreja de Santa Maria quando John Cotton subiu ao púlpito para pregar. Ele era tão famoso que muitos vieram para ouvi-lo pregar aquele sermão para a Universidade, pois mesmo ainda jovem já demonstrava muita habilidade e conhecimento. Já havia demonstrado que era um orador poderoso. No seu sermão anterior, pregado na Universidade, tinha deixado o povo “eletrificado” através de seu estilo e da sua eloqüência. Por isso, muitos tinham vindo ouvi-lo com aquele expectativa de ver “fogos de artifício” de eloqüência. Mas, quando ele começou a pregar, uma onda de desapontamento começou a varrer a multidão presente porque este mestre em retórica estava pregando no estilo simples e direto dos puritanos.  
O que havia acontecido com John Cotton? No período entre estas suas duas pregações John Cotton havia se convertido através da pregação do grande puritano Richard Sibbes. Sua conversão afetou sua forma de pregar. Seu biógrafo, Cotton Mather, da Nova Inglaterra, diz o que aconteceu com John Cotton: “Mr Cotton, após sua conversão, resolveu que sempre pregaria de forma direta um sermão que, de acordo com sua consciência, fosse o mais agradável a Cristo”. Esta não foi uma decisão fácil, pois se ele pregasse como os puritanos estaria, supostamente, trazendo vergonha para a causa de Deus. Existe este ditado de que a religião faz com que os estudiosos se transformem em tolos, o que, pela graça de Deus, esperamos que não ocorra. Por outro lado John Cotton sentiu que era sua obrigação pregar de forma direta como convinha aos oráculos de Deus. Pois o propósito da Bíblia era converter os homens e não simplesmente fazer ostentação teatral. Este conflito que John Cotton passou nos permite analisar a filosofia da pregação dos puritanos.  
Quando Cotton pregou este segundo sermão em 1610, a pregação puritana já havia sido caracterizada e marcada com seu estilo bem definido. Este estilo de pregação não era apenas a marca característica de um grupo, mas havia sido resultado de convicções essencialmente teológicas - pregar de forma direta a Palavra.
Os puritanos usavam o novo método reformado e direto de pregar. Este novo método reformado era um tipo especial de estrutura, de esboço de sermão. Quando lemos os sermões dos puritanos ou o sermão de Jonathan Edwards, “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”, percebemos sua estrutura. O sermão começa com uma análise do contexto, seguida de uma breve explicação exegética e, desta exegese, o pregador extrai as doutrinas que ele vai pregar. Logo ele desenvolve estas doutrinas com provas e argumentos. Finalmente faz a aplicação à congregação, o que chamavam de “usos”. Além disso, na forma da pregação, eles usavam o estilo de comunicação que era muito diferente dos demais pregadores britânicos da época.
Muitos hoje concebem o estilo de pregação puritano como sendo cheio de muitas palavras, monótono e escolástico. Entretanto, apesar disso, nos seus próprios dias, a pregação puritana com todo esse estilo revolucionou a Inglaterra. 
Para que compreendamos este novo método reformado, vamos inicialmente entender o estado ou a forma como se pregava na segunda parte do século XVI. Na época da Reforma havia basicamente dois tipos de sermão em uso. Muitos, como Calvino, usavam aquilo que se chama de forma antiga. É chamada de antiga porque historicamente se liga até aos primeiros grandes pregadores da história da Igreja como João Crisóstomo. A forma antiga de pregação não tinha nenhuma estrutura elaborada de organização. Se lermos os comentários de Calvino perceberemos que ele simplesmente segue a ordem do texto fazendo a exegese e trazendo a aplicação. Outros usavam uma forma semelhante à moderna, o que se vê hoje. Na verdade, o que chamamos de forma “moderna” vinha desde a Idade Média. Era um estilo de pregação que se desenvolveu com base na oratória de Cícero e, nas mãos dos pregadores da Idade Média, havia se tornado uma forma muito laboriosa e florida de se pregar. Mas os reformadores tomaram esta forma de pregação e eliminaram toda sua ornamentação, e passaram a usar aquele tipo de sermão clássico, muito próximo ao sermão que encontramos nos clássicos livros de homilética. Ou seja, introdução, divisão do texto, pregação de pontos em sucessão e a conclusão. Para alguns pregadores ingleses esse tipo de pregação se tornou uma arma potente em suas mãos. Mas, muitos dos pregadores ingleses daquela época haviam voltado ao método escolástico de pregação. Estavam tão influenciados pela retórica e dialética de Aristóteles que o sermão em suas mãos se tornou simplesmente uma dissecação minuciosa, fria e sem vida do texto, além de não ter aplicação prática à vida. O problema foi que eles, ao invés de desenvolverem uma filosofia própria de pregação, consideraram a pregação como uma subdivisão da retórica e dialética clássica. Nos dias de hoje se faz algo muito parecido. Mas os reformadores insistiram que a homilética, a arte de pregar, deveria ser uma ciência que tivesse existência própria. Sem dúvida ajudada pela retórica e dialética, mas não baseada nestas coisas.  
Nos dias modernos, teorias de comunicação têm tomado o lugar da retórica. Cada vez mais os seminários estão falando de formas como comunicar em lugar de como pregar. Aqui existe uma diferença profunda. Hoje perdemos a ciência, a arte bíblica da homilética. A pregação pública perdeu a sua dimensão bíblica e o seu poder bíblico. Nas mãos dos pregadores ingleses este estilo se tornou um instrumento que fazia com que as convicções retóricas do pregador fossem inseridas nos seus sermões, o que naturalmente afetava e alterava o sentido do texto. Mas isso não os preocupava pois seguiam as idiossincrasias da igreja primitiva em termos de exegese. Seus sermões eram cheios de alegorias. Cito um exemplo de um pregador britânico. Seu texto era Lucas 23:28 quando há o relato das mulheres chorando quando Jesus levava a cruz. Ele começa descrevendo os 4 tipos de mulheres que estavam ali chorando. Após fazer a introdução à sua passagem, divide o texto em 8 partes como segue: Nesta passagem podemos observar tantas palavras se referindo a tantos lugares. São oito expressões com oito partes. A primeira expressão: “não chores”; a segunda: “chorai”; a terceira: “não chore mas chore”; a quarta: “por mim”; a quinta: “por vós mesmas”; a sexta: “por mim e por vocês mesmas”; a sétima: “não chorai por mim”; a oitava: “chorai por vocês mesmas”. É patético mas esta era a divisão do sermão. Isso é apenas uma ilustração de como os pregadores ingleses daquela época estavam dividindo e fazendo o esboço de seus sermões. 
Naturalmente, além de usar esta forma, este método de esboço, eles usavam muito pouca aplicação. E quando faziam uma aplicação, era mais de uma maneira genérica. Esta perspectiva nasceu da sua filosofia de pregação. Eles não criam que o sermão era o meio principal de graça. Não criam na centralidade da pregação no culto. Na opinião deles a celebração dos sacramentos deveria ter tanto efeito na mente das pessoas quanto o sermão. Assim, a teologia deles influenciava o esboço, a estrutura do sermão e o estilo de suas pregações. O sermão de pessoas com estas convicções são exemplos de fantasias poéticas. A eloqüência artificial que eles demonstravam era conseguida através da rima que faziam nas palavras e frases. Faziam jogo de palavras; usavam palavras com duplo sentido. Seus sermões estavam cheios de citações de grego e latim para demonstrar erudição. O propósito destes pregadores era eletrizar a sua audiência, não com a verdade da Palavra de Deus, mas com sua eloqüência. O paralelo moderno deste tipo de sermão é aquela pregação cheia de piadas e estórias, anedotas, ilustrações humorísticas. Nos Estados Unidos temos pregadores que a cada ponto do seu sermão contam dez estórias diferentes. Mas na realidade o que está por trás é esta visão do sermão: a teoria da comunicação.
Estou falando sobre isto porque acredito que é muito relevante estes exemplos que tiramos da história da pregação. Precisamos ver isto para podermos localizar e entender de que forma os puritanos viam a pregação. Sem dúvida alguma os puritanos estavam completamente insatisfeitos com a forma e o estilo do sermão dos anglicanos. Por isso citei a experiência de John Cotton. Os puritanos rejeitaram o estilo anglicano de pregação e no seu lugar introduziram o novo método reformado com seu estilo direto de pregar.  
Teologia Puritana da Pregação
Os puritanos consideravam a pregação como a função principal do pastor e fundamentavam esta convicção no fato de a pregação ter sido o trabalho principal de Cristo e dos apóstolos. Portanto, aderiram firmemente ao princípio da centralidade da pregação no culto. Para os puritanos, durante a pregação uma “transação” especial estava ocorrendo. Seguindo a tradição dos apóstolos e João Calvino, os puritanos acreditavam que quando um homem ordenado (pela Igreja) para pregar, expunha a Palavra de Deus, Cristo estava falando através dele. Pela pregação, a Palavra escrita se torna a Palavra viva de Deus. O puritano William Perkins escreveu: “Porque quando as promessas da misericórdia de Deus são oferecidas ao Seu povo através da pregação da Palavra por um ministro ordenado, é como se o próprio Cristo, em pessoa, estivesse falando através das Suas ordenanças”.

Este é um ensino claramente expresso no NT. Isso precisa ser redescoberto nos nossos dias. É a base teológica pela qual podemos entender porque a pregação tem de ser central no culto. Tudo que fazemos no culto é importante, e quando estamos adorando no culto estamos falando a Deus. Mas o nosso culto atinge o clímax quando Deus em resposta nos fala. Por isso a pregação era algo tão importante para os puritanos e deve ser, pela mesma razão, importante para nós. Baseados nesta compreensão que eles tinham da natureza da pregação os puritanos consideravam a pregação como o meio principal de graça. Para eles, era através da pregação que Deus primariamente haveria de converter e santificar os pecadores. Eles pregavam com este propósito em mente. O grande alvo dos puritanos era mudar as pessoas e equipar o povo de Deus para trabalhar para a glória de Deus. Eles queriam que o povo percebesse o quanto precisavam de pregação 
Um grande pregador puritano chamado Henry Smith, disse: “Queridos, se vocês considerarem que não podem ser nutridos para a vida eterna senão pelo leite da Palavra de Deus, vocês prefeririam que seus corpos estivessem sem alma do que ter as suas igrejas sem pregadores”. Em outro sermão, para enfatizar a importância do pregador, ele disse: “Vocês precisam que lhes ensine porque Paulo fazia tanta questão de ter pregadores. É porque os pregadores são como lâmpadas (candeeiros) que se consomem a si mesmos para dar luz aos outros e se consomem para trazer luz até vocês; eles são como a galinha que protege os seus pintinhos contra os gaviões; também eles nos protegem da serpente enganadora; e porque eles são como um grito que derrubou as muralhas de Jericó, assim também derrubam as muralhas do pecado; porque são como aquela coluna de fogo que conduzia os israelitas até a terra da promessa, da mesma forma os pregadores vão adiante de vocês levando-os à terra da promessa; porque os pregadores são como André que chamou seu irmão para verem o Messias, assim também eles chamam vocês para venham ver o Messias; portanto, tenham os pregadores em alta estima”.
Com base na compreensão puritana da natureza teológica da pregação foram desenvolvidas o que podemos classificar como sendo as cinco marcas do verdadeiro sermão. 
1. Se Cristo vai nos falar através do sermão, ele tem de ser bíblico.
A Diretório de Culto de Westminster nos diz: “De forma geral, o tema de um sermão tem de ser um texto da Escritura expondo alguns princípios básicos da religião e que são adaptados ou que são úteis a determinadas ocasiões, ou então o pregador pode pregar expositivamente através de um capítulo, de uma parte de um livro ou de um salmo da Escritura”. A primeira coisa que notamos aqui é que para os puritanos o conteúdo da pregação deveria ser primeiramente a Palavra de Deus. E mesmo que seja um sermão tópico seu objetivo deve ser expor o conteúdo da Escritura. Qualquer parte de um sermão tem de ser baseado na Palavra de Deus. Cada pregador deve perguntar: Será que posso dizer que meus sermões são bíblicos? Com relação ao método, os puritanos recomendavam e praticavam, em termos gerais, a pregação expositiva. 
 
2. A pregação deve atingir a mente. Deve ser lógico.
Os puritanos estavam convencidos que o pregador deve se aproximar do coração de sua audiência através de suas mentes. Portanto, o sermão devia ser intensamente lógico, expondo a verdade, linha por linha, preceito por preceito. Por causa disso os sermões puritanos eram cheios de argumentos, provas e demonstrações que partiam das Escrituras. Eles eram “experts” na persuasão e, talvez o maior de todos eles tenha sido Jonathan Edwards.
 
3. A pregação deve ser de fácil memorização.
O povo deve ser capaz de lembrar-se do que o pastor pregou. De acordo com a maneira puritana de pensar, embora o sermão devia operar quando no próprio ato da pregação, ele deveria continuar a sua obra de edificação à medida que o povo levava o sermão para casa. Portanto, os pregadores puritanos encorajavam as pessoas para que elas meditassem em casa sobre o sermão pregado, sobre o que se havia dito. Encorajavam as pessoas a tomarem nota e decorarem os pontos principais do esboço do sermão; que não somente no culto doméstico, mas também na escola, a congregação deveria repetir o sermão do domingo. Se o povo fizesse tudo isso precisava de alguma coisa sólida em que se firmar.

O tipo de pregação que encontramos hoje e que exerce uma pressão apenas sobre a consciência não é passível de memorização. Se o sermão vai ser decorado pela congregação deve ter uma estrutura clara que facilite esta memorização e a estrutura do sermão puritano capacitava o povo a memorizar. Isso ainda é verdade hoje. Quando acabamos de pregar nos dias de hoje, a nossa congregação deveria ser capaz de ir para casa levando em suas mentes pelo menos o esboço do que foi dito. No último dia do Senhor tive uma experiência singular com respeito a esta verdade. Às margens do rio Amazonas, em uma fazenda, tive o privilégio de pregar pela manhã daquele domingo através de um intérprete a muitos que não sabiam ler. Mas, porque o sermão foi claro e direto, muitos puderam compreender e memorizar. No culto da noite um motorista de caminhão ficou de pé e recitou o meu sermão para a congregação, apenas porque a estrutura do sermão tinha sido simples, fácil de memorizar.
Lembremos: o sermão deve ser bíblico, lógico e fácil de memorizar. 
4. Mas o sermão deve ser claro.
Não deve haver nada no sermão que faça com que as pessoas se desviem da verdade, que distraia a atenção para outra coisa além da verdade. O sermão deve ter uma linguagem popular, com um vocabulário simples e “crucificado”, sem chamar atenção para o ego. Naturalmente que nem todos irão compreender a verdade, mas de qualquer forma a verdade deve ser proclamada numa linguagem de todos. 
 
5. O sermão deve ser transformador.
O grande propósito do sermão puritano era transformar a vida das pessoas e equipá-las para viver para a glória de Deus. Portanto deveria ser apresentado com aplicação e ajuda.

Este é um breve sumário da teologia da pregação puritana. Começamos dando uma olhada no estado geral da pregação na segunda metade do século XVI e a reação puritana contra essa situação que se expressa na sua própria teologia da pregação.
Método Puritano de Pregação.
Este método chegou a ser conhecido como novo método reformado, e o mentor deste tipo de pregação e que o desenvolveu foi William Perkins. Perkins “encarnava” toda a teologia puritana em seu pastorado e pregação. Era um pregador poderoso e fiel. John Cotton disse que no dia que ouviu as badaladas do sino da igreja chamando para o funeral de William Perkins, secretamente ele vibrou de alegria. Por quê? Porque a sua consciência havia sido severamente ferida debaixo da pregação poderosa de Perkins. Ele disse: “Agora que o atormentador morreu, posso escapar desta convicção de pecado que sempre vinha de seus sermões”. Mas a experiência de John Cotton não é um evento isolado. A pregação de Perkins teve uma influência incalculável em muitas pessoas nos seus dias. Seu biógrafo diz que ele era capaz de se comunicar com pessoas de todos os níveis sociais, desde o operário e o comerciante até o professor de Universidade. Ele podia pregar de forma eficaz e não somente aos perdidos, mas aos crentes. Williams Ames nos diz que quando ele foi a Cambridge, dez anos depois da morte de Perkins, a cidade ainda estava cheia de referências a William Perkins. 
 
Com o propósito de reformar a Igreja e levá-la para dentro daquele programa puritano de reforma, Perkins escreveu um livro: “A Arte de Profetizar”. Ele usava a palavra profetizar no sentido de pregar. O propósito era dar aos pregadores ingleses um livro de Homilética para usarem no preparo dos seus sermões. É interessante que desde a Reforma até a publicação deste livro (1592), nenhum livro havia sido publicado dentro da igreja da Inglaterra a respeito de pregação. Perkins havia procurado suprir esta necessidade. Ele percebia que os pastores não tinham treinamento apropriado para pregar. Seu livro tem duas partes principais. Depois de dar o contexto inicial, ele trata da estrutura do sermão e a proclamação deste sermão. Nesta primeira parte ele falava do esboço do sermão e tratava dos seus princípios teológicos. Ele tem um capítulo final onde trata da questão de como o pastor deve dirigir a congregação em público.  
É verdade que Perkins desenvolve a estrutura do sermão baseado numa teoria de comunicação. Isto é importante para nós, pois ele acreditava que a maneira de alcançar as emoções e a vontade das pessoas era indo através do intelecto. Ele estava aplicando as teorias e os métodos pedagógicos de Tirano. Perkins acreditava que o pregador se dirigia primeiro ao intelecto usando verdades irrefutáveis, princípios irrefutáveis da exegese e, se houvesse necessidade, estes princípios poderiam ser repetidos através de demonstração e argumentação. Uma vez que a pessoa havia aceito a verdade que estava sendo proclamada, ela estava em condições de aplicar à sua vida e ao seu pensamento aquilo que o pastor estava falando. Não é somente se dirigir ao intelecto da congregação, mas persuadir as pessoas intelectualmente da verdade da Escritura. Sobre este fundamento ele partia para a aplicação. Isso está bem colocado nas cinco marcas que apresentamos acima.  
O centro da estrutura do sermão é chamado de o “esquema triplo”, que consistia de (a) doutrina, (b) demonstração e (c) usos. Na doutrina o pastor declarava a verdade doutrinária que se encontrava na passagem. A demonstração consistia em trazer de outras partes da Escritura textos que reforçassem aquilo que o pastor havia falado para que a verdade exposta se tornasse irrefutável. Finalmente, os usos eram as aplicações que se fazia à congregação à partir da doutrina que tinha acabado de ser estabelecida. Algumas vezes poderia haver uma ou mais doutrinas e nesse caso, cada doutrina seria desenvolvida e conseqüentemente aplicada. Ele partia de uma doutrina e continuava na próxima. Mas, em geral havia no desenvolvimento do sermão apenas uma doutrina.
Não foi Perkins que inventou este estilo de pregação, mas estava convencido de que esta era a melhor maneira de se ter a pregação ideal. Por causa de seu próprio exemplo como pregador e do livro que escreveu, ele acabou transformando o estilo de pregação da época. No fim do século XVI era a única maneira que os puritanos conheciam de pregar.
Doutrina e demonstração.
No fim do seu livro, Perkins dá a ordem e o sumário de seu método. 
 
1. O pastor tem de ler o texto diretamente das Escrituras Canônicas.  
2. Dar o sentido e a compreensão do que está sendo lido pela própria Escritura e tirar do texto o seu sentido natural, retirando alguns pontos úteis da doutrina e aplicá-los à vida das pessoas numa forma simples e direta.
Se você já leu algum sermão puritano, espero que esteja agora em condições de reconhecer o que ali está presente.
A primeira coisa que o pregador puritano nos dá é o contexto da passagem.
A segunda coisa é nos dar uma breve exposição exegética do texto escolhido. Geralmente divide o texto fazendo um esboço exegético e, a partir daí, ele expõe a doutrina ali contida.
Seguindo este método o puritano mostra de forma clara à sua congregação, que a doutrina que está pregando vem diretamente de uma exegese da Escritura. Então, desenvolve a doutrina que extraiu da Escritura através de demonstrações e argumentos.
Finalmente ele leva tudo isso às consciências dos ouvintes através de uma aplicação direta.  
Portanto, segundo Perkins, a doutrina a ser demonstrada no sermão deveria partir de uma exegese da Escritura. Como Calvino e os demais reformadores, eles acreditavam que um texto tem apenas um único sentido. Perkins continua procurando mostrar e dar algumas regras de interpretação úteis ao pregador. Dá os seguintes métodos que acredita serem necessários para se interpretar a Bíblia corretamente.  
1. Ter um conhecimento geral de toda doutrina bíblica. Por isso o pregador necessita da Confissão de Fé e dos Catecismos. Calvino enfatizou que, se alguém tem um conhecimento claro da verdade, ele está habilitado a ser um intérprete fiel da Palavra de Deus. Se ele conhece o todo pode interpretar parte.           
2. Em segundo lugar, Perkins recomendava que se lesse a Escritura numa seqüência especial usando análise gramatical, retórica e lógica para entender o texto.  
3. Fazer uso de comentários escritos por exegetas ortodoxos. Por isso devemos sempre indicar bons livros.
4. Manter um registro do que está lendo. Os puritanos chamavam a isto de “livro de registro de leitura” (dos textos). Era um livro que registrava as passagens lidas, os pontos principais e um esboço do que pregavam.  
5. Não esquecer que toda interpretação bíblica deve ser feita em oração. Isso, porque o Espírito Santo é o interprete da Palavra de Deus.
Havendo estabelecido estes princípios de interpretação básicos ele vai mais adiante e coloca mais três princípios específicos que são baseados naquele maior de que a Escritura interpreta a Escritura: 
1. Analogia da fé. A Bíblia é uma unidade. Uma vez que você conhece toda doutrina bíblica percebe que não há nenhuma contradição. Portanto, não se pode interpretar o texto de forma a contradizer o que a Bíblia diz em outro lugar. 
2. O texto deve ser interpretado à luz do seu próprio contexto.  
3. Comparar Escritura com Escritura.
Todos estes princípios estão operando por detrás da maneira como os puritanos desenvolvem sua exegese do texto. Tudo está sumariado no Diretório de Culto de Westminster. Se o texto escolhido para a pregação é longo como em histórias ou parábolas o pastor deve dar um breve resumo dele. Se, ao contrário, o texto é curto, o pastor deve fazer uma paráfrase do texto. O propósito é que, de uma forma ou de outra, se possa olhar e compor o contexto do texto e demonstrar as doutrinas principais que devem ser extraídas daquele texto. Fazendo a análise e organização do texto escolhido, deve-se levar mais em consideração a ordem do assunto do que a ordem das palavras.
Assim feito, o puritano passavam para a exposição da doutrina. Como dissemos, a doutrina nada mais é do que a verdade extraída do texto e exposta de uma forma adaptada à edificação do povo de Deus. O pregador deveria falar de forma tão clara que aqueles que ouvissem, com prazer recebessem a Palavra de Deus.
William Perkins sempre falava de “extrair” uma verdade de um texto. Havia dois métodos de se fazer isto. 
1) Anotação e 2) Coleção (ajuntamento).  
1) Anotação é usado quando a doutrina está claramente explícita no texto. O que o pregador faz é simplesmente observar aquilo que o texto está dizendo de forma clara. Um exemplo é o Sermão do Monte, quando Cristo diz que aquele que olhar para uma mulher com uma intenção impura, no seu coração comete adultério com ela. Daí, Perkins extrai a seguinte verdade: O texto não somente está afirmando isto, mas dele se deriva a verdade de que o sentido daquele ensino é proibir toda ocasião para o adultério. 
2) Coleção (ajuntamento) é o método usado quando a doutrina está implícita no texto. Neste caso a verdade tem de ser deduzida por inferência. Ou seja, a verdade quando não é declarada explicitamente pode estar obviamente contida na passagem. Como exemplo temos a passagem de Sofonias 2:2, quando encontramos a expressão “examinai-vos a vós mesmos”. Baseado nesta expressão Perkins desenvolve a doutrina da necessidade de arrependimento. Isso, porque todo arrependimento deve começar com auto-exame e todo auto-exame deve levar a arrependimento. Uma vez que a doutrina é derivada do texto ela deve ser demonstrada. No desenvolver da doutrina a verdade deve ser claramente demonstrada. Uma vez que isso é feito, os ouvintes estarão prontos para ouvir a aplicação.
Esta é uma idéia do método puritano de preparar um sermão, não somente por causa do contexto histórico, mas porque nos traz lições importantes.
Agora vamos ver algumas implicações práticas.  
1) Primeiro, o estudo do método e estrutura do sermão puritano nos ajuda a entender de que maneira a Confissão de Fé de Westminster interpreta o Velho e o Novo Testamento. Lemos no capítulo I. p. VI, desta Confissão: “Todo conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela...”.
Portanto, quando vemos o método que Perkins usava quando organizava as demonstrações bíblicas para provar seu texto escolhido, podemos entender o mesmo tipo de exegese que encontramos na própria Confissão de Fé. Isso também explica a relação entre os textos de demonstração e a doutrina que os puritanos extraíam destes textos.  
2) A segunda lição prática é que, se entendermos a estrutura do sermão puritano, poderemos ler de forma mais proveitosa estes sermões. Perceberemos onde eles querem chegar e como chegarão. Nos ajudarão, nos sermões muito elaborados e floridos, o que devemos desprezar.  
3) Com tudo isso veremos a ênfase na necessidade de pregar exclusivamente a Palavra de Deus. Se o nosso povo vai ser mudado pela pregação, ele também deve ser convencido da verdade da Palavra de Deus. O seu propósito como pregador é ajudá-lo a ver qual a verdade das Escrituras e que é isso que Deus está dizendo. Existem várias opiniões sobre os propósitos do sermão: persuadir, motivar, instruir, mas sempre com aquele propósito principal, qual seja, explicar a Palavra de Deus. Quero que meu povo vá para casa, depois do sermão do Domingo, tendo uma idéia mais clara do sentido do texto usado. Provavelmente eles esquecerão o que disse, mas na próxima vez que abrirem a Bíblia naquele texto pregado, sem dúvida terão uma compreensão mais clara.           
Mas este tipo de pregação que estamos defendendo exige trabalho árduo. O pastor deve ser um exegeta fiel das Escrituras. Deve trabalhar duro nos seus estudos porque somente através deste trabalho árduo e em oração, a “Bíblia se abre” para nós. Como intérpretes devemos tratar o texto de forma fiel. É vergonhoso saber que nós, que temos esta visão da Bíblia como de fato a Palavra de Deus, somos, algumas vezes, exegetas tão desleixados. João Calvino podia dizer do seu ministério que até quanto ele sabia, nunca, conscientemente, interpretou mal a Palavra de Deus. Você pode dizer isto?
Além disso devemos construir e estruturar nossos sermões de forma cuidadosa e não deixar para a última hora. Se o sermão tem de ser lógico e deve ser memorizado pela congregação, ele precisa ser elaborado com cuidado.
Uma palavra dirigida aos presbíteros. Vocês devem dar apoio e encorajamento aos seus pastores para que eles estudem; protejam os pastores! Exija deles este tipo de pregação e estudo.  
Aos membros da igreja digo: Este tipo de sermão vai exigir alguma coisa de vocês. Você não vai à igreja apenas para ser entretido; deve se apropriar da Palavra de Deus através de sua mente e fazê-la descer ao coração e nele leve esta Palavra para casa e para que nele surta efeito onde estiver. Para isso tem de ser um ouvinte atencioso. Não culpe o pastor se não tirou nada de um sermão preparado zelosamente. É sua responsabilidade tirar proveito, porque não foi à igreja para se entreter ou se divertir, mas para ser instruído na Palavra e ter Deus tratando com seu coração. 
Lembrem-se das cinco marcas do sermão puritano. Não vamos desenvolvê-las como os puritanos desenvolveram; algumas vezes a estrutura do sermão puritano continha muitas palavras e quando havia a tendência de derivar muitas doutrinas de um único texto, o sermão perdia sua unidade; ficava uma colcha de retalhos. Mas a lição é que não devemos seguir os puritanos como robôs, mas “pegar” a visão que eles tinham.
Lembre-se! O sermão deve ser:  
1) Bíblico; 2) Lógico; 3) Fácil de ser memorizado; 4) Direto; 5) Transformador.
Amém.

FONTE: http://www.monergismo.com/textos/pregacao/sermaopuritano2.htm 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MEU MAIS NOVO LIVRO: "Antes do entardecer: Os quatro melhores dias de minha vida"



Amados, a paz do Senhor para todos.

Muito em breve estarei disponibilizando meu segundo livro, cujo o gênero literário é romance. Foi baseado em fatos reais a história de Duas pessoas que tiveram ao longo de uma década várias idas e vindas e em dado momento tomaram um rumo para suas vidas. 

O ponto principal que eu gostaria de destacar é que NÃO DESISTA DO SEU AMOR!

Deus tem reservado um destino maravilhoso para cada um de nós. Basta estarmos atento aos seus sinais. Medo, insegurança e incredulidade muitas vezes faz com que agente perca aquilo que poderia ser nosso.

recomendo a casais de namorados, noivos e casados pois alguns podem até estar vivenciando as mesmas situações que os personagens do livro.  em breve trarei mais novidades!


Daniel Werneck

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Como Ser Forte na Tempestade

Imagem cedida por: mensagemdasemana.blogspot.com

Quando Jesus e os discípulos iam pelo caminho, um homem disse a Jesus: —Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar aonde o senhor for. Então Jesus disse: —As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar. Aí ele disse para outro homem: —Venha comigo. Mas ele respondeu: —Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai. Jesus disse: —Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus. Outro homem disse: —Eu seguirei o senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família. Jesus respondeu: —Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus. (Lucas 9:57-62)

Naquela mesma ocasião algumas pessoas chegaram e começaram a comentar com Jesus como Pilatos havia mandado matar vários galileus, no momento em que eles ofereciam sacrifícios a Deus. Então Jesus disse: —Vocês pensam que, se aqueles galileus foram mortos desse jeito, isso quer dizer que eles pecaram mais do que os outros galileus? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. E lembrem daqueles dezoito, do bairro de Siloé, que foram mortos quando a torre caiu em cima deles. Vocês pensam que eles eram piores do que os outros que moravam em Jerusalém? De modo nenhum! Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram. (Lucas 13:1-5)

Então Jesus contou esta parábola: —Certo homem tinha uma figueira na sua plantação de uvas. E, quando foi procurar figos, não encontrou nenhum. Aí disse ao homem que tomava conta da plantação: “Olhe! Já faz três anos seguidos que venho buscar figos nesta figueira e não encontro nenhum. Corte esta figueira! Por que deixá-la continuar tirando a força da terra sem produzir nada?” Mas o empregado respondeu: “Patrão, deixe a figueira ficar mais este ano. Eu vou afofar a terra em volta dela e pôr bastante adubo. Se no ano que vem ela der figos, muito bem. Se não der, então mande cortá-la.” (Lucas 13: 6-9)

Certa vez uma grande multidão estava acompanhando Jesus. Ele virou-se para eles e disse: —Quem quiser me acompanhar não pode ser meu seguidor se não me amar mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua esposa, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a si mesmo. Não pode ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar. Se um de vocês quer construir uma torre, primeiro senta e calcula quanto vai custar, para ver se o dinheiro dá. Se não fizer isso, ele consegue colocar os alicerces, mas não pode terminar a construção. Aí todos os que virem o que aconteceu vão caçoar dele, dizendo: “Este homem começou a construir, mas não pôde terminar!” Se um rei que tem dez mil soldados vai partir para combater outro que vem contra ele com vinte mil, ele senta primeiro e vê se está bastante forte para enfrentar o outro. Se não fizer isso, acabará precisando mandar mensageiros ao outro rei, enquanto este ainda estiver longe, para combinar condições de paz. Jesus terminou, dizendo: Assim nenhum de vocês pode ser meu discípulo se não deixar tudo o que tem. (Lucas 14:25-33)

Vocês lembram o temporal que caiu naquele dia? Todos nós estávamos conversando sobre a analogia das “árvores”, sobre como aquelas que não se dobraram são aquelas que não resistiram quando os ventos fortes vieram. As árvores rígidas, que não se dobraram, as inflexíveis, essas foram destruídas pela tempestade. Recentemente presenciei uma ocasião em que uma mulher contava a outras pessoas sobre o crescimento que ela tinha percebido em sua vida ao longo dos anos. Ela compartilhou com todos uma definição de orgulho que descobriu ser bem útil ao desejo de crescer e mudar. A definição que ela deu foi que orgulho é reservar para si mesmo o direito de ter a última palavra ou a decisão final; é se dar “o direito” de tomar a decisão final. Essa foi a definição de orgulho. E, claro, as Escrituras dizem em pelo menos três lugares que “Deus se opõe ao orgulhoso e dá graça ao humilde.” Deus é inimigo dos orgulhosos. E se orgulho é “reservar para si o direito de tomar a decisão final”, se orgulho for isso, então há muitas pessoas que pensam ser amigas de Deus mas que de fato são inimigas Dele, por Sua própria definição.

Considerem aquela atitude de ser rígido, ser orgulhoso, egocêntrico, independente e inflexível. É orgulho quando se vive um tipo de vida comodista, na qual tomamos nossas próprias decisões, estamos no controle de nossas coisas, mimamos nossa própria carne e sorrimos procurando viver pelo menor denominador comum. “Que posso fazer? Como posso agir? Como posso me apresentar? O que eu poderia dizer ou fazer para conseguir ‘escapar de fininho’ sem que ninguém seja capaz de perceber algo de errado em mim? Ou pelo menos, se disserem alguma coisa, vou poder sair ileso? Como posso escapar com o mínimo de auto-sacrifício ou crucificação do meu próprio bem, crucificação de minhas necessidades, meus direitos, meu tempo, ou de qualquer outra coisa?” Se essas forem nossas atitudes, Jesus disse que as tempestades virão. E quando esses temporais chegarem, se não estivermos construindo sobre a rocha da obediência a Deus, mas ao invés disso em cima da areia do “ir levando”, então nós seremos arrancados e não vai haver nenhum fruto. O “mais um ano” vai se esgotar e a coisa vai ser atirada ao fogo.

Sua Graça

Ora, eu não acho que Jesus foi legalista, o que vocês acham? Alguém aqui de fato acredita que Jesus era um legalista? “Como é que Ele se atreve a dizer tudo aquilo! Que coisa mais rude e cruel: ‘odeie seu pai, mãe, irmão, irmã’. Não posso nem dizer adeus à minha família. Poxa, Jesus. Você é legalista!” Conheço muita gente que chamaria tudo isso aí de legalismo. Mas parece que de algum jeito, já que rebaixamos as Escrituras ao nível de simples “poesia”, nós nem mesmo aceitamos o fato de que Jesus É que é Senhor, que é Rei, e que está voltando para aqueles que estão vestindo Sua camisa, ponto final.

Parece que de algum jeito nós criamos “um boneco de cera de Jesus”, um que quando você dá corda nele, quando puxa a cordinha, Ele diz coisas mas elas não significam nada. Se alguém dissesse qualquer daquelas palavras hoje, gente nos quatro cantos do mundo iria gritar: “legalismo, legalismo!” Mas isso É Jesus. Esse é o único Jesus que existe. E Ele não está sendo legalista. Ele não é um mestre cruel. Para aquele homem, naquele instante, não havia qualquer outra Esperança. O “uma coisa ainda falta” de cada um pode ser diferente. O “jovem rico” tinha um problema de apego ao dinheiro, aparentemente, em vez do apego à família biológica que Jesus disse que outras pessoas teriam que resolver. Deus não é nem “anti-dinheiro” nem “anti-família”, se essas questões estiverem totalmente debaixo do Senhorio Dele em todas as áreas de obediência, emoção e decisão. Jesus é ANTI tudo e qualquer coisa que poderia fazer alguém não obedecê-Lo imediatamente porque as cordinhas do coração, os preconceitos, os confortos e o orgulho estão presos em algo menos do que ELE, nesta nossa presente era decaída. Ele está dizendo que se você não viver desse jeito, satanás vai ter um gancho em você e você será arrancado. Isso não é legalismo. Isso é graça.

“Estou dando a você uma chance. Estou oferecendo Minha mão a você. Estou trazendo Verdade em sua vida para poder libertar você da escravidão do medo, dos desejos próprios, do medo da morte, do medo de temporais, do medo da pobreza, do medo da doença, do medo de perder os entes queridos.” E se você não viver assim, vai ser derrubado. Porque satanás vai encontrar um jeito de acabar com você. Se você der a ele qualquer alvo que não estiver debaixo da graça e do conhecimento de Deus, seu compromisso total com Ele e morte do bem próprio (“tome a SUA cruz e siga-Me” e “negue-se a si mesmo”, “até a morte”); se der a ele qualquer alvo, satanás vai achar e enganar você.

Isso não é legalismo! Jesus não é legalista como alguns se apressariam em chamá-Lo se Ele estivesse em carne e osso dizendo essas coisas a tais pessoas, coisas sobre áreas de suas vidas que não tivessem rendidas a Ele. Jesus NÃO é legalista quando diz que você deve renunciar às afeições e prioridades de seu coração que não sejam ELE. Ele simplesmente sabe como esta “geração má e perversa” pode enganar qualquer homem, mulher ou adolescente que pense que “dá para ter as duas coisas ao mesmo tempo.” Pelo contrário, isso vai devorá-LOS. Perceba a linguagem de Jesus... não é “legalismo” mas “Eu estou dizendo a você que Sei como tudo isso funciona! Me escute! Não dá para você abraçar o mundo e a própria vida, os desejos, as muletas e os confortos com as pernas e não terminar indo morar na casa do Meu inimigo.” Isso é Jesus dizendo: “Não construa essa torre sem calcular o custo. Não entre nisso sem saber que vai custar tudo que você tem para conseguir chegar até o fim.” Essa é a natureza do Cristianismo. “Você não pode me seguir. Você não vai ser capaz de continuar a me seguir sem esse compromisso.” Isso não é legalismo. Ele está dizendo que você não vai conseguir a menos que isso seja quem você é, e quem você deseja ser. Qualquer um pode sentar num banco de igreja, ou num sofá e ficar se enganando com orações bonitinhas, sermões, idéias e lanches improvisados. Mas, uma VIDA que não é totalmente entregue a Ele, com todas as suas afeições e prioridades, todo seu tempo, recursos e amores, que não é consumida pelos Propósitos DELE e não pelos próprios, então esta pessoa já falhou ou vai falhar. Assim disse o Senhor. “Esta deve ser a qualidade de sua decisão de me seguir: Você abandone tudo.

Você não tem que sepultar seu pai, você não precisa criar desculpas para ir dizer adeus à família. Me seguir exigirá tudo de você. Você deixa as redes lá, cheias de peixe, e você vem.”
Ele está dizendo que esse tem que ser o seu coração e a sua atitude. Não é legalismo, algo tipo: “Faça isso... ou então, não pode me seguir!” É mais: “Se você não abandonar isso, se essas coisas ainda dominam você de alguma maneira, você está tentando viver duas vidas ao mesmo tempo. Nesse caso, satanás vai encontrar um jeito de enganá-lo.” Esse é o preço. Ele já sabe o custo de segui-­Lo, Ele sabe o que vai acontecer se você não der a Ele todo seu coração, alma, mente e força. E Ele está dizendo: “Tome cuidado! Estou dando a você um conhecimento do mundo invisível e de como o inimigo opera. Se você der abertura a ele, cedo ou tarde ele vai achá-la.” Jesus não é nem um pouco legalista. Ele nos deu tudo que pertence à vida e à piedade.

Seu Reino, Suas Regras

Repetir as palavras de Jesus não faz de você um legalista. Repetir as palavras de Jesus não faz de mim um legalista. Repetir as palavras de Jesus é dizê-las como elas são, porque todo o resto é engano. Aquilo que Jesus não disse é engano. Quero deixar isso bem claro! Tudo o que Jesus disse é Verdade, e qualquer coisa que não se mantenha à altura do padrão que Jesus estabeleceu é engano. Será que dá pra eu dizer isso sem me meter em muita confusão? Jesus é quem faz as regras. Este é Seu Reino, e ponto final. Existem outros reinos por aí. Existe coceira nos ouvidos a rodo aí fora. E existe um bom número de professores querendo dizer algo a você diferente daquilo que Jesus de Nazaré disse. Eles falam de um reino alternativo, um universo paralelo que tem algo do mesmo vocabulário, mas que não é Real, que não tem substância em si.

E Jesus disse que se você tentar viver nesse reino alternativo, aquele reino de imitação, falsificado, que possui o vocabulário mas onde tudo não passa de cópias de cera, se você tentar viver nesse reino, o inimigo vai enganar você. Isso foi uma advertência de Jesus que precisa ser real em nossos corações. Não tem meio-termo. Não dá para tentar ir levando com o menor denominador comum, com aquilo que imaginamos vai deixar todo mundo contente. “Opa, não mexa comigo! Tudo bem, vou fazer isso aqui e aquilo lá e tentar tirar todo mundo do meu encalço.” Não é bem assim. Precisa vir do coração. Tem que vir do coração. Deus sabe se eu vivo por fé no Filho de Deus ou se eu vivo pelo meu próprio bem. Deus sabe a diferença, não sabe? E adivinha qual é o outro que também sabe? Satanás também sabe. É como aconteceu com os sete filhos de Ceva. Satanás conhecia a diferença entre Paulo e Jesus e esses outros sujeitos que só estavam utilizando o vocabulário. Ele sabia a diferença e não teve medo de alguém que usou o vocabulário mas que não vivia pela fé no Filho de Deus.

Quero chamar a atenção de todos nós para a seriedade de uma qualidade de vida no homem interior que ninguém pode dar a você. Tentar esconder qualquer coisa de meros humanos, como todos nós somos, não traz nenhum benefício a você. Talvez você consiga “passar de fininho”... talvez você se esconda em algum outro lugar. Existe todo tipo de alternativa. Mas a verdade é, todos nós vamos comparecer perante Jesus. E essas são Suas palavras, e eu quero viver assim porque Ele falou! Para mim não faz nenhum sentido tentar alterar o significado das palavras de Jesus ou me esconder atrás de outras palavras que Jesus disse. Ele disse estas também. Acredito em todas as palavras que Ele disse. E estas palavras também são verdade, e eu quero viver desse modo. Não existe uma espécie de “nova aliança” que exclui os ensinamentos de Jesus. Jesus não é um profeta da velha aliança; Ele é a personificação da Nova Aliança. Essas coisas são verdadeiras. Elas continuam verdadeiras hoje e continuarão verdadeiras para sempre. Isso é a personificação da Verdade. Ele é a Verdade! Não existe maneira de contornar isso. Não há meio de pular por cima disso, e não existe meio de criar uma nova aliança onde essas coisas não se apliquem mais. Jesus é a Verdade. Não existe caminho até o Pai exceto por Ele e através Dele.

Qual a Qualidade do Seu Coração?

Se ainda há áreas do seu coração que você entregou ao tempo para que ele resolva e pensou que está tudo bem... contanto que ninguém diga qualquer coisa, e, mesmo que diga, você simplesmente fica enrolando até que elas desapareçam. Se seu coração é assim, então você está deixando de perceber algo muito, muito importante aqui. Você não está percebendo o fato de que Jesus quer que você vá até o fim com Ele. E, se você não viver dessa maneira, então satanás vai destruir você. O fato é que os temporais estão vindo. Temporais muito maiores estão se aproximando, muito mais ferozes, fatais, potencialmente muito piores do que tudo que já passamos até aqui. E a maneira como satanás faz as coisas... é sempre com truques de espelhos onde ele trapaceia, engana, justifica e acusa os outros para justificar o próprio eu. Você fica muito vulnerável a essas coisas se não viver exatamente como Jesus disse para viver aqui, adotando a Verdade do jeito que Jesus disse para adotarmos.
Se existe qualquer ponto “fraco” no seu coração por causa de alguma coisa à qual você está se segurando, algo a que você está se prendendo, que você está justificando para si mesmo ou em relação ao qual você se compara a outras pessoas, então satanás vai descobrir você. Os temporais virão e aí, nessa hora, eles vão mostrar o quanto você vale. E fique certo de que sempre vai ser culpa de “outra pessoa” pois satanás vai garantir que você se sinta dessa maneira em relação a tudo. Ele vai enviar um bom número de “sábios” para dizer a você o que seus ouvidos estão coçando para ouvir. E, de fato, Paulo disse que se você não ama a Verdade, se você não amar a Verdade com amor ágape, mas preferir outras coisas, ele disse que o próprio Deus enviará uma poderosa sedução para que você acredite na mentira.

Deus não quer nenhum meio-termo. Se você não ama a Verdade o bastante a ponto de aplicá-la a seu próprio coração e viver uma vida crucificada, se o que você deseja é um tipo alternativo de Cristianismo, então o próprio Deus enviará uma poderosa sedução para que você acredite na mentira (2Ts 2). A natureza disso é sobrenatural, não é como geografia ou química onde há apenas um certo conjunto de fatos que ou você conhece, ou não conhece. A Verdade Espiritual não funciona bem assim. Se seu coração é duro, se sua consciência está cauterizada com ferro quente, se você prefere a mentira, se você quer qualquer outra verdade além daquela que Jesus de Nazaré ensinou, então Deus vai assegurar que você acredite nela com todo seu coração. Você nem precisa ser um hipócrita pois Deus vai garantir que você acredite na mentira. Ele enviará um engano para fazer com que você acredite na mentira.

Tudo isso está ligado à qualidade do seu coração, não à sua habilidade intelectual para compreender e classificar, filtrar e processar. Está resumido na qualidade do seu coração. Você quer ser um doulos, um escravo? Você quer entregar sua vida? Você está disposto a dizer: “que os mortos enterrem seus próprios mortos”? Você está disposto a odiar sua mãe, irmão, irmã? Está disposto a deixar terras, posses e coisas para trás? Você está disposto a largar seus direitos, ou será que você precisa dar a palavra final? Você quer reservar para si o direito de tomar a decisão final? Você precisa disso? Porque se você precisa, então você tem “mais um ano”. E eu oro para que você use ele bem.

É Para Adorar!

“Isso não nada a ver COMIGO!” E eu fico muito feliz! Isso tem a ver com Deus, e Seu poder. Eu só preciso decidir entregar minha vida a Ele e deixá-Lo fazer Seu trabalho, e aí sim, “morrer é lucro”. Eu não tenho que viver, eu mesmo, minha “própria” vida.

Esse pensamento é bastante libertador. Ele nos livra de vários cativeiros, do medo e do peso que teríamos que carregar se tudo isso tivesse a ver com nós mesmos. Eu lembro em João 4 o que Jesus, bem cedo em Sua caminhada visível no planeta terra, falou sobre adoração. Ele disse: “Meu pai procura adoradores.” Bom, essa provavelmente foi a última vez em que Ele usou a palavra, que eu saiba, pelo resto de sua vida física neste planeta. Ele falou que as pedras ao longo da estrada gritariam de louvor se Seu povo não o fizesse, e outras poucas coisas desse tipo. Mas esta é uma afirmação muito importante: “Meu Pai procura adoradores.” Isso soa muito universal, muito abrangente. É como se tudo mais tivesse a ver com isso. E tudo isso, de fato, tem a ver com adoração! Mas então POR QUE Jesus passou tanto tempo dizendo: “a menos que renuncie a tudo quanto tem, você não pode ser meu discípulo. A menos que perca sua vida, você nunca a encontrará. A menos que negue a si mesmo, a menos que pare de reservar para si próprio o direito de tomar a decisão final e de ter a palavra final, a menos que pare de fazer isso... Você não pode ser Meu seguidor! Você não pode ser um Cristão.” Por que razão Ele ficava dizendo esse tipo de coisa, se tudo “tem a ver” com adoração?
Bem, a verdade é que adorar é “oferecer seu corpo como um sacrifício vivo”, como Paulo concluiu para nós mais tarde. E isso bem depois que ele disse para considerar a profundidade, a largura, a majestade de Deus... “considerem Seus caminhos que estão além da compreensão ...”, uma afirmação cheia de adoração. E daí Paulo segue em frente e diz: “portanto, por causa da misericórdia de Deus, ofereçam seus corpos como um sacrifício vivo. Parem de se conformar aos padrões do mundo”. Ele foi bem prático conosco outra vez!

A essência de viver uma vida de adoração que é aceitável a Deus, “adoração aceitável”... o caminho para ser livre do fardo que faz da adoração hipocrisia ou uma auto-ilusão, ou alguma mera declaração teológica, mas não algo que flui abundantemente de um coração livre, é que nós morramos para o mundo e o mundo para nós. Nós, em realidade, colocamos aquelas coisas diante Dele e renunciamos àquilo que possui uma influência em nossas vidas. Nós paramos de adorar essas coisas. Nós paramos de adorar nossa carne e nosso conforto; nós paramos de adorar o que nos traz segurança nas tempestades, e o ronco do estômago, a fome; nós paramos de adorar nossos filhos e nossos parentes; nós paramos de adorar nossa educação, nossa formação acadêmica e nossa necessidade de sobrevivência; paramos de adorar nossa necessidade de estar certos e nossa necessidade de ser inteligentes, nossa necessidade de ser amados. Nós cessamos de adorar todas essas coisas, e, pela primeira vez, somos livres para adorar a Deus.

É por isso que Jesus falou tantas coisas que parecem “legalismo”. Aquilo não era legalismo! Ele estava dizendo: “Vocês precisam abrir mão dessas coisas para ter meu Pai. Vocês não podem ter as duas coisas ao mesmo tempo.” “Eu não terei outros deuses perante Mim.” “Eu sou um Deus ciumento.” Ele está à procura de um coração que pertença única e exclusivamente a Ele, e que não esteja agarrado à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, querendo ser como Deus, exigindo nossos direitos, privilégios, espaço, opinião e mimos para a carne. Deus está à procura de nossa disposição para renunciar a tudo aquilo e confiar Nele, despidos e sem qualquer vergonha diante do Pai. Sem necessidade de coisa alguma, verdadeiramente sem necessidade de qualquer coisa exceto da comunhão com Ele e de Sua amizade. Impelidos continuamente por isso e continuamente entregues a isso, fundamental e simplesmente controlados em todos os aspectos de nossas vidas pela comunhão com o Pai. Adorar tem a ver com isso.

E a razão por que Jesus disse todas aquelas coisas difíceis de ouvir é porque elas estão intimamente relacionadas à verdadeira adoração. De fato, a única forma de ter adoração verdadeira é ter apenas um Deus. “O Senhor Seu Deus é o Único Deus.” “E amarás o Senhor Seu Deus de todo seu coração, toda sua alma, força e mente.” E esse é o único modo, ó Israel, pelo qual vocês podem verdadeiramente ver e amar o Único Deus. “Felizes os puros de coração, pois verão a Deus.” “Sem santidade ninguém verá o Senhor.” Isso é uma afirmação bastante absoluta. Não dá para ser mais absoluto do que isso. Sem a qualidade de ser separado, sem uma vida separada para o Pai e longe de todo o lixo, você não vai ver o Senhor. Você não pode vê-Lo. Você não consegue ver o Reino, e você não vai ser capaz de ver Deus nem de experimentar Sua presença em sua vida do jeito que Ele desejaria.

Não fique se Contorcendo porque o Negócio é BOM!

“Meu Pai procura adoradores.” E agora eu vou passar o resto de minha vida, Jesus disse, mostrando a vocês como serem livres das coisas que vocês vêm adorando, para que vocês possam experimentar o amor Dele e se jogar nos Seus braços. Isso é uma coisa boa, não ruim. É um privilégio; é um “posso participar” e não um “precisa ser”. É uma oportunidade que a face da terra nunca viu antes pois eles só se importavam com a satisfação de sua própria carne. Eles eram escravos de sua carne e escravos da conseqüência dessa escravidão, cativos do pecado e da pena pelo pecado. E eles eram sem esperança no mundo, como Paulo disse. Mas então Deus, rico em misericórdia, abriu o caminho por onde nós podemos ser livres da carne. Jesus disse aos Fariseus: “Vocês não têm espaço para Mim em seus corações.” E também foi Ele quem passou seus três anos de sua vida pública dizendo: “Eu quero mostrar a você que vale à pena ser livre, e que você pode ser livre porque Eu vou viver isso bem na frente de você.” E é isso que Ele nos chamou e nos deu a oportunidade de fazer, e nos deu o privilégio e o equipamento necessário para sermos capazes de fazê-lo.

Mas existem algumas decisões que precisamos tomar. Ele não passou tanto tempo aqui ensinando a troco de nada. Ele poderia ter andado por aí com uma varinha mágica, não é mesmo? “Você aí, você tá livre. Agora você, e você também tá livre.” Ele passou aquele tempo todo ensinando porque nós fomos feitos à semelhança de Deus, recebendo a oportunidade de crescer no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A nós foi dada a oportunidade de crescer no entendimento. As contínuas orações de Paulo eram para que o Pai desse entendimento, para que o Pai desse revelação, A FIM DE QUE nós pudéssemos viver uma vida que é digna Dele. Digna do chamado que traz prazer ao Pai, e uma herança para Jesus.

Ele nos traz entendimento porque somos feitos em Sua imagem e então livres para escolher. Ele nos traz entendimento para que possamos ver coisas como Ele vê e assim nos lançamos voluntariamente em Seus braços, deixando para trás os cuidados e as preocupações do mundo e o engano das riquezas, e não amar o mundo, amar a nós mesmos e a necessidade de ter o direito de tomar a decisão final. Ele nos dá a oportunidade, e com Sua graça e bondade abre o caminho para nos deixar conhecê-Lo, experimentá-Lo e viver em comunhão com Ele sem sermos controlados pelo lixo do resto. É assim que essas coisas são reconciliadas. É uma oportunidade que Ele nos traz, e Ele nos mostra os obstáculos e as ervas daninhas que nós voluntariamente, por nosso próprio livre-arbítrio, podemos arrancar.

“Ouve, ó Israel, o Senhor Seu Deus é o Único Deus. Único Deus.” Portanto, amai-O de todo o vosso coração, alma, mente e forças. Adorem-No. Somos separados para adorá-Lo em Espírito e em Verdade. Se o Espírito de Deus está apagado dentro de você, então tudo o que pode fazer é repetir palavras e obter uma sensação emocional para si mesmo. Se não for algo baseado na Verdade, então é engano. Assim, adorá-Lo em Espírito e em Verdade significa viver a vida que Jesus viveu. Como o Apóstolo João disse, sessenta anos depois: “Qualquer um que diz que vive Nele deve andar como Jesus andou.” É essa a oportunidade que Ele colocou diante de nós. Eu quero viver isso junto com vocês.

Pai nosso, pedimos a Você que nos ajude. Com imensa gratidão em nossos corações, reconhecemos o favor que Você tem nos mostrado. Nós éramos mortos em nossas transgressões e em nossos pecados, sem esperança no mundo. Escarnecedores cegos e ignorantes, vivendo em rebelião e descrença; isso era tudo que nós éramos. Tudo o que tínhamos a oferecer era tolice. E, mesmo assim, Você tocou nossos corações tornando-os em carne apesar da nossa própria habilidade, da nossa força de vontade, do convencimento ou persuasão de meros humanos ao nosso redor. Você, Você mesmo, estendeu Sua mão para dentro de nossos corações, nos tocou, nos tornou sensíveis transformando nossos corações de pedra em corações de carne e nos dando a oportunidade de ver e conhecer Você.
 
Agora nós queremos ir além de simplesmente experimentar a Sua salvação. Queremos passar para o reino dos que são Seus adoradores, amando Você e sendo separados para Seus propósitos e separados para Seu prazer. Ajude-nos a ver como é possível viver tudo isso. Pai, nós não estamos presos por qualquer lei. Nós não estamos presos a qualquer julgamento exterior. Nós não estamos presos às opiniões dos homens ou por um sistema legal. Nós estamos presos a uma aliança de amor e a um desejo de devolver a Você o amor que Você primeiro nos mostrou, tirando-nos da escuridão em primeiro lugar. Embora estivéssemos mortos em nossas transgressões e pecados, Você nos amou e sacrificou a Si mesmo por nós. E amor maior que esse ninguém possui, que dar a própria vida por seu amigo. Como Você tenha feito isso por nós, queremos fazer isso por Você e uns pelos outros. Queremos renunciar à nossa própria vida e a todas as exigências que temos dessa vida, para colocar isso em Suas mãos onde tudo certamente vai guardar seguro até o último dia. Amém
 
FONTE: www.aosseuspes.com/Como-Ser-Forte-na-Tempestade

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Questionamento do poder papal dividiu a Igreja e mudou a História 31 de outubro, comemoramos a Reforma ou o Halloween?


Imagem cedida por: www.sergiomissão.blogspot.com
No dia 31 de outubro de 1517, véspera do Dia de Todos os Santos, o monge agostiniano Martinho Lutero aproveitou a grande procura das pessoas pelas missas comemorativas e divulgou sua proposta de reforma da Igreja Católica.
Ele literalmente pregou nas portas da Igreja do Castelo, em Wittenberg sua 95 teses, questionando as práticas do papado, sua doutrina e a venda de indulgências.   Como a igreja ficava na rua principal de Wittenberg, suas portas funcionava como uma espécie de quadro de avisos públicos.
Com esse gesto de questionar publicamente o papa, Lutero deu início a uma batalha teológica que posteriormente se tornaria uma guerra religiosa que dividiria países e mudaria para sempre a história.  
O principal argumento de Lutero era o ensinamento das Escrituras que “o justo viverá pela fé”. Estabeleceu então a doutrina da “justificação pela fé”, ou seja, a justificação do pecador diante de Deus não vem pelo esforço pessoal, mas trata-se de algo recebido por todos que creram na obra de Cristo na cruz.
Como o nome indica, a Reforma desejava mudar a Igreja, não dividi-la. Contudo, os argumentos de Lutero e seus aliados atingia o centro do poder: o Vaticano.  Entre suas críticas, Lutero negava a infabilidade papal, sua autoridade para tirar almas do Purgatório, negava que o pontífice possuía as chaves do céu. Queria ainda que fosse abandonado o culto aos ídolos (santos).
Escreveu muitos tratados teológico, que foram impressos e distribuídos ao povo nos meses seguintes, acabaram se espalhando por toda a Europa. Ao mesmo tempo traduzia a Bíblia para a língua falada pelo povo, para que todos pudessem entender a mensagem divina, que só foi impressa em setembro de 1522.
Foi chamado ao Vaticano para se retratar perante o Papa. Ameaçado de morte, entrou abertamente em conflito com a Igreja Católica. Em 1520, referiu-se pela primeira vez ao Papa como “anticristo”. Ele e seus aliados foram excomungados pelo papa Leão X, através da bula papal Decet romanum pontificem, em  janeiro de 1521.  Alegava-se que ele incorria em “heresia notória”.
A maioria das igrejas evangélicas do Brasil não gosta de ser chamada de Protestante ou Reformada, termos comuns em outras partes do mundo. Com exceção das igrejas luteranas e de outras denominações mais tradicionais, o dia 31 de outubro sequer é lembrado ou mencionado.  Por outro lado, a festa do Halloween, também comemorada no dia 31 de outubro tem crescido em influência no país a cada ano.
Dentro de quatro anos, ocorrerão as comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante. Na semana passada, representantes da Federação Luterana Mundial procuraram o papa Francisco e ouviram que “Católicos e luteranos podem pedir perdão pelo mal que causaram uns aos outros e pelas culpas cometidas diante de Deus, e invocar o dom da unidade. As dificuldades não faltam e não faltarão e serão necessários, paciência, diálogo, e compreensão recíproca”. Também foi publicado recentemente um texto da Comissão luterano-católica para a unidade, chamado “Do conflito à comunhão. A interpretação luterano-católica da Reforma em 2017”.    
Essas são as 95 teses que deram origem à Reforma:
1. Ao dizer: “Fazei penitência”, etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece necessário, para as almas no purgatório, que o horror devesse diminuir à medida que o amor crescesse.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina mundana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo “Paz, paz!” sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo “Cruz! Cruz!” sem que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.

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