quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Evangelho e a Mordomia - Donald Whitney

Don Whitney é professor de Espiritualidade Bíblica e Deão Associado do Southern Baptist Theological Seminary de Louiville; Don obteve seu doutorado em ministério pelo Trinity Evangelical Divinity School e está completando seu segundo doutorado na área de Espiritualidade Cristã, pela universidade da África do Sul. É autor de vários livros e artigos e serve como professor convidado e preletor em seminários e conferências. É casado com Caffy e o casal tem uma filha, Christine. Don mantém uma página na internet: www.BiblicalSpirituality.org.

Mordomia é o cuidado e a administração daquilo que pertence a outro. Embora sempre falemos sobre as coisas como "nossas", a realidade é que tudo que temos e tudo que somos pertence a outro – a Deus. Como disse o apóstolo Paulo: "Que tens tu que não tenhas recebido?" (1 Co 4.7). Portanto, foi de Deus que recebemosnossa vida e o tudo que há nela; e somos responsáveis por isso. Temporariamente – ou seja, até que Deus os exija de nós – somos mordomos desses dons.


Embora a mordomia seja frequentemente associada ao dinheiro, ela tem sido descrita memoravelmente como que incluindo o nosso tempo, talentos e riqueza. Mas a mordomia não diz respeito apenas a sermos bons administradores de nossa agenda, nossas habilidades e nossas coisas. A disciplina da mordomia bíblica nos chama a usar todas essas coisas da maneira como o Senhor quer, a empregá-las para a sua glória. No entanto, ninguém pode ser um mordomo no sentido bíblico se, antes disso, não entende o evangelho – a história do que Deus realizou por meio da vida e da morte de Jesus Cristo.


O evangelho cria mordomos


O evangelho é infinitamente mais do que um ingresso para o céu. É uma mensagem que muda não somente o destino da pessoa na eternidade, mas também seu coração e sua mente aqui e agora. O evangelho transforma mais do que o relacionamento de uma pessoa com Deus; também transforma o relacionamento de uma pessoa com todas as outras coisas.


Essa é a razão por que as evidências mais confiáveis de que uma pessoa se converteu é que ela começa a buscar maneiras de usar seu tempo, talentos e dinheiro no serviço do evangelho. Quando uma pessoa começa a usar diligentemente seus recursos para servir e propagar o evangelho, isso é um testemunho do valor que ela coloca no evangelho e do fato de que ela valoriza o Deus do evangelho acima de todas as coisas.


O pecado nos torna egoístas e desperdiçadores de tudo que temos e tudo que somos. Mas "a luz do evangelho da glória de Cristo" (2 Coríntios 4.4) nos ajuda a perceber que conhecer a Deus é infinitamente mais importante e mais valioso do que guardar o tempo e o dinheiro para nós mesmos. O evangelho nos faz achar prazer espiritual em usar essas coisas para atender às necessidades de outros e capacitá-los a ouvir o evangelho e a voltarem-se para Cristo. Chegar a conhecer a Cristo por meio do evangelho nos leva, por um lado, a avaliar nossos recursos e, por outro lado, a avaliar a alma das pessoas. Leva-nos também a dizer com o apóstolo Paulo: "Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma" (2 Co 12.15).


Mordomos precisam de disciplina


A disciplina para administrar nossos recursos de maneira intencional, norteada pelo evangelho e que glorifica a Deus não vem plenamente formada com a habitação do Espírito Santo – tem de ser cultivada. A mordomia tem de ser uma disciplina, pois sempre há algo mais clamando por nossos recursos. Sem disciplina, as melhores intenções de usarmos nosso tempo, talentos e dinheiro para o evangelho serão vencidas pelas circunstâncias e pelas emoções do momento, resultando em incoerência ou, pior, em negligência no uso mais eficiente de nossos recursos para o evangelho.


Em um sentido, a disciplina da mordomia é central a todas as outras disciplinas espirituais. Se não desenvolvermos um uso teocêntrico de nosso tempo, por exemplo, não nos engajaremos coerentemente nas disciplinas pessoais, como a oração ou o alimentar-nos da Palavra de Deus, nem participaremos com fidelidade das disciplinas espirituais interpessoais, como a adoração ou a comunhão coletiva.


Uma das passagens clássicas sobre mordomia é a parábola de Jesus a respeito dos talentos (Mt 25.14-30; Lc 19.12-17). Nessa parábola, o senhor recompensou aqueles que administraram bem os recursos que entregara ao cuidado deles e puniu aquele que não fez isso. Embora haja mais coisas que poderíamos aplicar dessa parábola, um fato evidente é que aqueles que foram considerados mordomos fiéis foram intencionais – disciplinados – em usar para seu senhor os recursos que ele lhes confiara temporariamente. Deus tem prazer na mordomia exercida com disciplina – e não com negligência – daquilo que lhe pertence.


O que é essa mordomia exercida com disciplina? É usarmos os nossos dons espirituais para servir a Deus em nossa igreja local. É designar uma parte de nosso dinheiro para a igreja cada mês, antes de pagarmos outras contas, para que o uso de nossos recursos seja coerente com as prioridades que mais valorizamos.


A disciplina entra no âmbito da mordomia porque é tão fácil desperdiçarmos nosso tempo, dissiparmos nossos talentos e sermos negligentes no uso de nosso dinheiro. No entanto, até o uso mais escrupuloso de nossos recursos é indigno sem o evangelho, pois é somente por meio do evangelho que recebemos tempo eterno no céu, talentos glorificados e o mais rico dos tesouros – Deus mesmo.

FONTE: http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=368 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Profecia de um monge Grego chamado Joseph: a 3º guerra mundial começará com uma guerra entre Turquia e Grécia! (Verdade? o tempo dirá)

http://doomsday-prophecies.blogspot.com
Achei interessante essa profecia. Não a tomo como verídica, porém tudo devemos guardar no coração. o tempo certo vai dizer... (...)
Daniel werneck
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A Grécia, como sabemos, é cheia de mosteiros Ortodoxos, e um entre esses monastérios, há um chamado Vatopedi


e é ai que vive o monge Joseph, ele é enclausurado, não sai, vive em sua“cela” , fiquei sabendo que esse monge faz profecias, fala com anjos, santo e por aí a fora...Bem, fui ver uma de suas profecias,quando li particularmente “uma”, me deu um frio na alma aí vai ela:



Há oito anos atrás o monge Joseph, chamou seu superior para lhe contar uma profecia ela diz que:

“- A Terceira Guerra Mundial começará com o conflito entre a Turquia e aGrécia. 
- pedreiros judeus que dominam sobre EUA e União Européia vão obrigar as pessoas turcas na guerra contra a Grécia. 

- Apesar da tremenda coragem e resistência grega, o ataque turco será devastador. Muitos gregos e muitos de seus irmãos russos e sérvios em Cristo, que serão voluntários para ajudar os gregos serão mortos. 

- Turquia irá cobrar da Grécia mais um do território grego. 
- No início, a OTAN e os EUA não interferir neste conflito diretamente, mas dará apoio silencioso para os turcos. 

- O tempo virá que o mundo vai pensar povo grego desapareceu. - Um momento antes de ser quase certo que aconteça, a poderosa Rússia abre suas cartas em proteção das pessoas grega e do cristianismo ortodoxo. Isso leva todos se surpreenderem. Nukes russos são lançados para a Turquia. - Trevas estão cobrindo os Bálcãs, penínsulas e Oriente Próximo. O mundo que conhecemos deixará de existir novamente. 
- Neste ponto, os EUA e a UE juntam-se a Turquia (ou o que sobrou dela) e declaram guerra global contra a Rússia e Grécia. 

O Vaticano anunciará Guerra Santa contra a ortodoxia "cismático". - A guerra vai ser horrível. Pessoas queimando cairão do céu. 
- EUA vai sofrer uma derrota terrível e vai "explodir como um balão".

Igreja Católica Romana nunca será capaz de retornar às posições que tem hoje. Nem perto disso. Sua influência será quase nada. - Os russos entrarão Constantinopla, estabelecer o seu próprio governador, mas vai dar tudo para os gregos, mais tarde, mesa verde. - gregos hesitará em aceitar novos territórios no início, mas aceita-los mais tarde e domínio sobre o que costumava ser a capital turca.

 Gregos voltarão a Constantinopla 600 anos depois de sair dela. - Um terço dos turcos vão perder suas vidas, um terço vai aceitar o Cristianismo Ortodoxo e um terço vai passar a viver em "alguns desertos". – A Armênia vai ter suas terras de volta. . - pessoas Kurd irá se estabelecer em seu próprio país.” 

O velho monge Joseph não disse nada sobre o futuro dos EUA, exceto que as Forças EUA recuarão de suas bases em todo o mundo. Que irão influenciar muitos conflitos e re-criações de muitas fronteiras.


- A guerra vai ser horrível. Pessoas queimando cairão do céu. 

- EUA vai sofrer uma derrota terrível e vai "explodir como um balão" (para o que isso significa). 

-A Igreja Católica Romana nunca será capaz de retornar às posições que tem hoje. Nem perto disso. Sua influência será quase nada. - Os russos entrarão Constantinopla, e vão estabelecer o seu próprio governador, mas vai dar tudo para os gregos, mais tarde, mesa verde. - gregos hesitará em aceitar novos territórios no início, mas aceita-los mais tarde e domínio sobre o que costumava ser a capital turca. Gregos voltará a Constantinopolis 600 anos depois de sair dela, como monge disse. - Um terço dos turcos vão perder suas vidas, um terço vai aceitar o Cristianismo Ortodoxo e um terço vai passar a viver em "alguns desertos". - Arménia vai ter suas terras de volta. . - pessoas Kurd irá estabelecer seu próprio país O velho monge Joseph não disse nada sobre o futuro dos EUA, exceto que as Forças EUA recuará de suas bases em todo o mundo. Que irão influenciar muitos conflitos e re-criações de muitas fronteiras

http://doomsday-prophecies.blogspot.com
FONTE; http://doomsday-prophecies.blogspot.com/2009/02/greek-monk-prophecy-third-world-war.html


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Você sabe oque é realmente um hipócrita?

Cedido por: http://prosaserisos.blogspot.com/2011/01/hipocrisia-e-uma-merda-abaixo.html

Amados, certa vez fui na casa de um irmão para tirar satisfações com ele a respeito de um assunto que ele tinha tratado com nosso pastor. Não que eu tivesse interesse no que ele falou mas a verdade é que a conversa chegou meio distorcida... (...) e no meio da conversa terminamos entrando em outros tipos de assunto onde achei que o irmão tinha maturidade para conversar a respeito desses assuntos.
O problema e que no meio do assunto o irmão me chamou de hipócrita e tocou em um assunto que nunca eu tinha contado a ninguem e nem a causa da minha atitude para com esse problema, e pasmem: o irmão sabia mais até doque eu (que era autor dessa situação). A verdade é que se o irmão tivesse me perguntado alguma vez eu a teria respondido com prazer e justificar as minhas razões (visto que se o irmão soube de alguem ou algo parecido, deveria houvir as duas partes antes de dar um parecer). Diante da situação ( que já passamos a limpo isso, mas isso encomoda bastante) Também dentro dessa mesma hipocrisia, disse que eu estava dirigindo cultos em um povoado onde antes não tinha nenhum crente onde eu teria ME OFERECIDO para pregar ali. 
 Não sou perfeito, mas procuro deixar esse acontecimento como exemplo para caso você se encontrar em uma situção assim tenha esse ponto de vista citado abaixo como referência sobre esse tipo de assunto. Descubra que tipo de homem é você diante dos três personagens abaixo. bom estudo e que Deus te abençõe!
Daniel Werneck
   

O que é um hipócrita?

Um hipócrita é uma pessoa que finge e exibe uma religião sem servir a Deus de coração. Mateus 23 fala do povo que limpava o exterior da taça mas deixava o interior sujo. Eles eram como sepulcros caiados, que pareciam belos e adornados, mas por dentro estavam cheios de ossos de mortos e imundície. Jesus disse, "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e iniqüidade" (Mateus 23:28). Há muitos religiosos hipócritas, homens que tentam impressionar os outros com uma fina camada externa de santidade, mas se o interior for visto, ali há pensamentos impuros e motivos impróprios. A religião hipócrita não alcança favor diante de Deus.
Por outro lado, alguns crêem que evitar a hipocrisia justifica o pecado. Eles serão abertamente irreligiosos e pecaminosos, dizendo que não são hipócritas quanto a isso, e que não vão afirmar ser o que não são. De algum modo enganam a si mesmos ao pensarem que há algum mérito especial no pecado aberto. Certamente, não se deve louvar alguém quando ele não tem bastante desejo de agradar a Deus para, pelo menos, servi-lo exteriormente. É errado ser pecador por dentro enquanto se reveste de uma aparência externa de retidão. Mas não é nada melhor deixar a demonstração e ter um exterior pecaminoso também. O homem tem que limpar o interior e o exterior, tanto um como outro.
Três homens rebelam-se contra a hipocrisia, mas diferem grandemente em suas reações. 
 
O primeiro homem se volta para o total abandono moral. Ele se livra de todas as rédeas quando se entrega ao cumprimento de todo desejo carnal. Faz de "si mesmo" o seu deus. Ele se endurece à vista das lágrimas de sua família quando parte para fazer o que quer. Sua "justificativa" para sua conduta vergonhosa: "Pelo menos não sou hipócrita!"
O segundo homem vai a um extremo oposto. Ele está cheio das fraquezas e hipocrisia que vê em todas as igrejas, e não quer ser como tais pessoas. Ele se tornará um cristão e desde o começo "ele vai vivê-lo". Ele será um exemplo do que um cristão realmente deveria ser. Para ele, a cura para a hipocrisia é a perfeição.

O terceiro homem quer evitar a hipocrisia em sua vida, mas ao mesmo tempo, tem um profundo senso de sua própria imperfeição. Por isso ele não se dá ares de infalibilidade, mas parte para ser genuíno. Sua autenticidade logo se torna visível para os outros. Ele não declara sua perfeição, mas luta pela perfeição. Quando adora a Deus, ele não se declara ser perfeito como adorador, mas quando os cânticos começam, ele dá o seu coração ao que está fazendo; quando a oração é dirigida, ele ouve e faz dela a sua oração; durante a ceia ele medita no sofrimento de seu Senhor; e através de todo o sermão ele participa do estudo da palavra de Deus; se seu pensamento se dispersa, ele o traz de volta; e quando o período de adoração termina ele pede a Deus para perdoá-lo por seu fracasso e para aceitar sua adoração apesar de sua imperfeição.

Quando vai para o seu trabalho, ele não declara sua perfeição entre seus companheiros de trabalho, mas eles sabem que ele tentará dar oito horas de trabalho por oito horas de pagamento; que ele é confiável; que ele é puro no falar e no viver; e que se ele cair em tentação pelas pressões à sua volta para pecar, ele humildemente pedirá desculpas às pessoas ofendidas.
 
Ele é o mesmo no lar. Sua família respeita-o porque ele é genuíno e não declara ter força e bondade além da realidade. Sua família vê suas faltas, mas uma qualidade que lhe permite manter o respeito deles é sua capacidade de dizer, "Desculpe". Em todas as áreas de sua vida ele anda humildemente diante de Deus e de seus companheiros. Nosso terceiro homem encontrou a verdadeira cura para a hipocrisia.
 O primeiro homem, se não se arrepender, um dia será um mísero infeliz, sua vida completamente destruída. O segundo homem está a caminho da desilusão. Suas metas são irreais; sua perspectiva é totalmente errada. Mas o homem que "anda humildemente com seu Deus" e é totalmente livre de malícia é verdadeiramente um homem abençoado. Ele é na vida e na atitude o que Deus deseja que ele seja, e vive na esperança do céu.

"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mateus 5:3).


FONTE: www.estudosdabiblia.net

domingo, 2 de outubro de 2011

Conhecendo a Bíblia como os Gigantes Puritanos.

Créditos a: http://valecristao.com.br/estudo/biblia_texto.html


Aquele que quiser interpretar corretamente a Bíblia, deve ser homem dotado de espírito reverente, humilde, dado à oração, disposto a aprender e obediente; de outro modo, sem importar o quanto a sua mente esteja "saturada com conceitos", ele jamais chegará a compreender as realidades espirituais.

Passemos agora a estudar a abordagem Puritana quanto à tarefa da interpretação propriamente dita. Seus princípios normativos podem ser sumariados por meio dos seguintes pontos:

1 - Interprete as Escrituras literal e gramaticalmente. Os reformadores — opondo-se à depreciação medieval do significado "literal" das Escrituras, a qual defendia os vários sentidos "espirituais" (alegóricos) — tinham insistido que o sentido literal, ou seja, o sentido tencionado, natural e gramatical, é o único que as Escrituras têm; sendo de acordo com esse sentido que devemos procurar fazer uma exposição da Bíblia, dando cuidadosa atenção ao contexto e à gramática de cada afirmação. Os Puritanos concordavam plenamente com isso.

Se você quiser compreender o verdadeiro significado... de algum trecho controvertido, então examine com cuidado a coerência, o objetivo e o contexto do mesmo."

Nelas [as Escrituras], não há outro sentido além daquele contido nas palavras que materialmente lhe constituem... Na interpretação dos pensamentos de quem quer que seja, é mister que as palavras ditas ou escritas sejam corretamente compreendidas; e isso não poderemos fazer imediatamente, a menos que entendamos a linguagem na qual esse alguém fala, como também as expressões idiomáticas dessa língua, com o uso comum e a intenção de sua fraseologia e expres¬sões.. . Em quantos erros, equívocos e perplexidades muitos expositores têm sido lançados, por causa da ignorância desses idiomas originais... especialmente aqueles que aderem, teimosamente, a uma só tradução... o que pode ser demonstrado por exemplos... incontáveis.

Naturalmente, há lugares, nas Escrituras, onde é usada uma linguagem alegórica. Todos os Puritanos consideravam o livro Cantares de Salomão como um desses casos típicos, e James Durham oferece-nos algumas interessantes observações sobre essa questão:

Admito que há aqui um sentido literal; mas afirmo que o sentido literal não é... aquilo que primeiro se deve buscar, como nas Escrituras históricas... e, sim, aquilo que tem um sentido espiritual... transmitido por meio dessa linguagem alegórica e figurada; esse é o verdadeiro sentido desse livro de Cantares... pois um sentido literal (conforme foi definido por Rivet, com base em certos eruditos) é aquele que flui de tal lugar das Escrituras, conforme tencionou o Espírito nas palavras, usadas literal ou figuradamente, e deve ser depreendido de todo o complexo de expressões... conforme é evidente na exposição das parábolas, das alegorias e das Escrituras figurativas.
Contudo, observou Durham que isso é algo bem diferente da alegorização ilegítima, da qual os intérpretes medievais se fizeram culpados. Porquanto "há uma imensa diferença entre a exposição alegórica das Escrituras e a exposição das Escrituras alegóricas". Durham só pregava alegoricamente quando tinha razão para pensar que ele estava expondo alguma alegoria bíblica.

2 - Interprete as Escrituras de modo consistente e harmônico. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, a expressão da mente divina, tudo quanto ela diz tem de ser verdadeiro, não podendo haver qualquer contradição real entre as suas várias partes. Logo, ficar explorando contradições aparentes, assevera Bridge, mostra uma grande irreverência. E prosseguiu Bridge:

Vocês sabem o que sucedeu a Moisés, quando ele viu dois homens brigando, um egípcio e outro israelita; ele matou o egípcio. Mas quando viu dois hebreus brigando, então ele quis apartá-los, pois eram irmãos. Mas por que fez isso, não foi por ser ele um homem bom e afável? O mesmo sucede no caso de um crente de coração afável. Quando vê a Bíblia lutando com um egípcio, um autor pagão ou um apócrifo, ele vem e mata o pagão... o egípcio ou o apócrifo; mas quando vê dois textos bíblicos em oposição (aparente, mas não na verdade), então diz: Oh! estes são irmãos e podem ser reconciliados; esforçar-me-ei para reconciliar um ao outro. Mas quando alguém tira proveito das aparentes diferenças das Escrituras, para dizer: Vocês estão vendo as contradições que há neste livro, ao mesmo tempo que não procura reconciliá-las, isso prova toda a corrupção da natureza humana, que se manifesta sob a forma de malícia contra a Palavra do Senhor? Portanto, cuidado com isso.

Esse é um pensamento chocante, bem como um diagnóstico acurado.
Visto que a Bíblia é a expressão unificada da mente divina, segue-se que "a regra infalível de interpretação da Bíblia é a própria Bíblia; portanto, quando há alguma dúvida sobre o verdadeiro e pleno significado de qualquer texto bíblico... esse significado deve ser buscado e conhecido por meio de outros textos que falam com maior clareza". Dois princípios derivam-se daí: (1) O que é obscuro deve ser interpretado à luz do que é claro. Disse Owen: "Nesse caso, a regra é que não damos qualquer sentido a uma passagem difícil ou obscura da Bíblia, senão aquele que é... harmônico com outras expressões e testemunhos claros. Pois, criar sentidos peculiares a partir de um texto, sem confirmação de outros textos, é uma prática curiosa e perigosa".'6 (2) As ambiguidades periféricas devem ser interpretadas em harmonia com certezas fundamentais. Logo, nenhuma exposição de qualquer texto estará certa se não "concordar com os princípios cristãos, com os pontos do catecismo estabelecidos no Credo, com a oração do Pai Nosso, com os Dez Mandamentos e com a doutrina das ordenanças".17 Esses dois princípios, juntos, formam a regra de interpretação comumente conhecida como "a analogia da fé", uma expressão tomada por empréstimo de Romanos 12.6 (provavelmente não com o sentido que lhe deu Paulo).

Estas duas regras dizem respeito à forma das Escrituras; e as próximas quatro têm a ver com sua matéria e conteúdo.

3       - Interprete as Escrituras teocêntrica e doutrinariamente. A Bíblia é um livro doutrinário; ela nos ensina sobre Deus e sobre as coisas criadas, em relação a Ele. Bridge ressalta isso desenvolvendo a ilustração bíblica de um espelho, usada por Tiago:

Quando você olha para um espelho, vê três coisas: o espelho, você mesmo e todas as outras coisas, pessoas, móveis ou quadros que estejam na sala. Assim também, quando examinamos a Bíblia... vemos ali verdades acerca de Deus e de Cristo. Deus é visto acima de tudo, Cristo também é visto; e vemos também a nós mesmos e o nosso rosto sujo; também vemos as criaturas que estão no mesmo aposento conosco...

Além disso, as Escrituras ensinam uma visão teocêntrica. Enquanto o homem caído vê a si mesmo como o centro do universo, a Bíblia nos mostra Deus no centro de tudo, e pinta todas as criaturas, incluindo o homem, em sua devida perspectiva — o homem existe por meio de Deus e para Deus. Um dos pontos onde os Puritanos mais podem ajudar-nos é na recuperação desse ponto de vista teocêntrico da Bíblia, que eles defendiam com tanta firmeza.

4       - Interprete a Bíblia cristológica e evangelicamente. Cristo é o verdadeiro tema das Escrituras: tudo ali foi escrito para testificar sobre Ele. Ele é "a súmula de toda a Bíblia, profetizada, tipificada, prefigurada, demonstrada, que se acha em cada página, quase em cada linha, pois as Escrituras são, por assim dizer, as roupas de nenê que envolvem o menino Jesus".19 Portanto:

A Tenha Jesus Cristo diante de seus olhos ao examinar a Bíblia, como o fim, escopo e substância da mesma. Que são as Escrituras, senão, por assim dizer, os "cueiros" espirituais do santo menino Jesus? (1) Cristo é a verdade e a substância de todos os tipos e sombras. (2) Cristo é a substância e a matéria do pacto da graça e de toda a sua administração; sob o Antigo Testamento, Cristo estava oculto; sob o Novo Pacto, Ele foi revelado. (3) Cristo é o centro e o ponto de convergência de todas as promessas; pois nEle as promessas de Deus acham o sim e o amém. (4) Cristo é a realidade simbolizada, selada e exibida nas ordenanças do Antigo e do Novo Testamentos. (5) As genealogias bíblicas são usadas para conduzir-nos à verdadeira linhagem de Cristo. (6)    As cronologias da Bíblia mostram-nos os tempos e épocas de Cristo. (7)   As leis bíblicas são nosso mestre-escola para levar-nos a Cristo: as leis morais, corrigindo; as leis cerimoniais, apontando. (8) O evangelho da Bíblia é a luz de Cristo, mediante a qual nós O ouvimos e O seguimos... as cordas do amor de Cristo, por meio das quais somos enlaçados a uma doce união e comunhão com Ele; sim, o próprio poder de Deus para salvação de todo aquele que crê em Cristo Jesus. Portanto, devemos pensar em Cristo como a substância, a essência, a alma e o escopo de toda a Bíblia.

Quão ricamente os Puritanos aplicavam esse princípio evangélico de exegese só pode ser apreciado por aqueles que escavam os escritos expositivos de autores como Owen, Goodwin e Sibbes.

5 - Interprete as Escrituras de modo experimental e prático. De certo ângulo, a Bíblia é um livro de experiências espirituais, e os Puritanos exploravam essa dimensão com profundidade e discernimento sem rivais. Os temas de O Peregrino servem de índice desse fato — a fé, a dúvida, a tentação, o desespero, o temor, a esperança, a luta contra o pecado, os ataques de Satanás, os cumes da alegria espiritual, os ermos do senso de abandono espiritual. A Bíblia também é um livro prático, dirigindo-se ao homem em sua situação concreta — conforme ele está diante de Deus: culpado, vil e impotente — e dizendo-lhe em que deve crer e o que deve fazer para o bem-estar de sua alma. Os Puritanos reconheciam que essa orientação prática deve ser característica da exposição das Escrituras. As doutrinas devem ser ensinadas do mesmo ponto de vista em que são apresentadas na Bíblia, e devem ser aplicadas com o mesmo propósito ensinado na Bíblia. Owen, conforme vimos, destaca isso ao iniciar sua análise da doutrina da justificação:

Trata-se do direcionamento prático da consciência dos homens, em sua aplicação a Deus, por meio de Jesus Cristo, visando à libertação da maldição devida ao estado de apóstata e à paz com Ele... o manuseio dessa doutrina tem apenas esse desígnio... E apesar de não podermos tratar de modo seguro e útil essa doutrina, senão no que tange às mesmas finalidades para as quais ela foi declarada e para o que ela é aplicada nas Escrituras, não deveríamos... desistir de dar atenção a esse caso, com vistas à sua solução, em todos os nossos discursos sobre o assunto. Pois o nosso dever não é satisfazer a curiosidade sobre noções ou sutilezas das disputas, e, sim, dirigir, satisfazer e conferir paz às consciências dos homens.

A negligência a essa regra, durante a era dos Puritanos, produziu muita irresponsabilidade no manuseio das doutrinas das Sagradas Escrituras; mas os grandes mestres Puritanos observavam-na de modo coerente, e seus escritos, em consequência, eram "práticos e experimentais" (uma expressão que lhes era comum), no melhor e mais edificador sentido.

6 - Interprete as Escrituras com uma aplicação fiel e realista. A aplicação deriva-se da própria Bíblia; assim, a indicação dos "usos" de doutrinas faz parte da obra de exposição bíblica. Interpretar quer dizer tornar as Escrituras significativas e relevantes àqueles a quem o pregador se dirige, e o trabalho não terá terminado enquanto não tiver sido mostrada a relevância da doutrina, "para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" (2 Tm 3.16). Os "usos" padrões (tipos de aplicação) consistiam no uso de informações, mediante o qual o ponto doutrinário em foco era aplicado e suas implicações eram extraídas, a fim de moldar os juízos e as atitudes dos homens em consonância com a mente de Deus; o uso de exortações, convocando-os à ação; o uso de consolação, em que a doutrina aparecia como resposta às dúvidas e incertezas; o uso de perguntas para auto-exame, uma chamada para aquilatar e medir as condições espirituais da pessoa à luz da doutrina ensinada (talvez as marcas de um homem regenerado, ou a natureza de algum privilégio. ou dever cristãos). A aplicação deve ser realista; o expositor deve notar que a Bíblia dirige-se aos homens, onde eles estiverem. A aplicação feita ontem talvez não corresponda à condição de hoje. "É um zelo barato aquele que clama contra erros antiquados ou coisas que hoje estão fora de uso e de prática. Cumpre-nos considerar o que a época presente requer". Para um expositor fazer uma aplicação da Bíblia de modo relevante, sondador e edificante (em distinção a uma aplicação desajeitada, imprópria ou confusa), sem dúvida está envolvido um trabalho difícil, que requer grande prudência, zelo e meditação; e, para o homem natural e corrupto, isto será recebido como algo desagradável [essa consideração tenta um mensageiro de Deus a poupar os seus golpes, pois nenhum homem normal gosta de ofender ao próximo]; mas o pastor deve esforçar-se para realizar tal obra de modo que seus ouvintes percebam que a Palavra de Deus é viva e poderosa, capaz de discernir os pensamentos e intuitos do coração; e que, se estiver presente alguma pessoa incrédula ou ignorante, ela terá desvendados os segredos de seu coração, dando então glória a Deus.
A fim de aplicar as Escrituras de forma realista, é preciso saber o que se passa na cabeça e no coração do homem; e os Puritanos insistiam que aqueles que quisessem ser expositores precisavam conhecer as pessoas, tanto quanto a Bíblia.

Esses eram os princípios Puritanos na questão da interpretação da Bíblia. Para eles, nenhuma disciplina é tão precisa, nenhum trabalho tão compensador. Não há dúvida que o método deles era saudável; faríamos bem em seguir em suas pisadas, mas para isso precisamos fazer seis perguntas acerca de cada texto que tivermos de expor:

(1)     Que significam realmente estas palavras?

(2)     Qual luz outros textos bíblicos lançam sobre este texto? Onde e como este texto ajusta-se à revelação total da Bíblia?

(3)     Quais verdades este texto ensina sobre Deus e sobre o homem em seu relacionamento com Deus?

(4)     Como essas verdades se relacionam com a obra salvadora de Cristo, e que luz o evangelho de Cristo lança sobre elas?

(5)     Quais experiências essas verdades delineiam, ou explicam, ou buscam criar ou curar? Com qual propósito prático elas figuram na Bíblia?

(6)     Como se aplicam a mim mesmo e a outras pessoas, em nossa própria situação? A que condição humana atual elas se dirigem, e o que elas nos estão dizendo para crermos e fazermos?

J. I. Packer
FONTE: www.josemarbessa.com

Aprendendo a Maturidade com os Puritanos

Créditos a: http://frateralexander.blogspot.com/2011/09/liturgia-da-santa-comunhao-parte-ii.html


- “Puritano”, como um nome, era, de fato, lama desde o começo. Cunhado cedo, nos anos 1560, sempre foi um palavra satírica e ofensiva, subentendendo mau humor, censura, presunção e certa medida de hipocrisia, acima e além da sua implicação básica de descontentamento, motivado pela religião, para com aquilo que era visto como a laodicense e comprometedora Igreja da Inglaterra, de Elizabeth. Mais tarde, a palavra ganhou a conotação política adicional de ser contra a monarquia Stuart e a favor de algum tipo de republicanismo; sua primeira referência, no entanto, ainda era ao que se via como um forma estranha, furiosa e feia de religião protestante. Na Inglaterra, o sentimento antipuritano disparou no tempo da Restauração e tem fluído livremente desde então; na América do Norte edificou-se lentamente, após os dias de Jonathan Edwards, para atingir seu zênite há cem anos atrás na Nova Inglaterra pós-Puritana.

No último meio século, porém, estudiosos têm limpado a lama meticulosamente. E, como os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina têm cores pouco familiares depois que os restauradores removeram o verniz escuro, assim a imagem convencional dos Puritanos foi radicalmente recuperada, ao menos para os informados. (Aliás, o conhecimento hoje viaja devagar em certas regiões.) Ensinados por Perry Miller, William Haller, Marshall Knappen, Percy Scholes, Edmund Morgan e uma série de pesquisadores mais recentes, pessoas bem informadas agora reconhecem que os Puritanos típicos não eram homens selvagens, ferozes e monstruosos fanáticos religiosos, e extremistas sociais, mas sóbrios, conscienciosos, cidadãos de cultura, pessoas de princípio, decididas e disciplinadas, excepcionais nas virtudes domésticas e sem grandes defeitos, exceto a tendência de usar muitas palavras ao dizer qualquer coisa importante, a Deus ou ao homem. Afinal está sendo consertado o engano.

Mas, mesmo assim, a sugestão de que necessitamos dos Puritanos — nós, ocidentais do final do século vinte, com toda nossa sofisticação e maestria de técnica tanto no campo secular como no sagrado — poderá erguer algumas sobrancelhas. Resiste a crença de que os Puritanos, mesmo se fossem de fato cidadãos responsáveis, eram ao mesmo tempo cômicos e patéticos, sendo ingênuos e supersticiosos, super-escrupulosos, mestres em detalhes e incapazes ou relutantes em relaxarem. Pergunta-se: O que estes zelotes nos poderiam dar do que precisamos?

A resposta é, em uma palavra, maturidade. A maturidade é uma composição de sabedoria, boa vontade, maleabilidade e criatividade. Os Puritanos exemplificavam a maturidade; nós não. Um líder bem viajado, um americano nativo, declarou que o protestantismo norte-americano - centrado no homem, manipulativo, orientado pelo sucesso, auto-indulgente e sentimental como é, patentemente - mede cinco mil quilômetros de largura e um centímetro de profundidade. Somos anões espirituais.

Os Puritanos, em contraste, como um corpo eram gigantes. Eram grandes almas servindo a um grande Deus. Neles, a paixão sóbria e a terna compaixão combinavam. Visionários e práticos, idealistas e também realistas, dirigidos por objetivos e metódicos, eram grandes crentes, grandes esperançosos, grandes realizadores e grandes sofredores.

Mas seus sofrimentos, de ambos os lados do oceano (na velha Inglaterra pelas autoridades e na Nova Inglaterra pelo clima), os temperaram e amadureceram até que ganharam uma estatura nada menos do que heróica. Conforto e luxo, tais como nossa afluência hoje nos traz, não levam à maturidade; dureza e luta, sim, e as batalhas dos Puritanos contra os desertos evangélico e climático onde Deus os colocou produziram uma virilidade de caráter, inviolável e invencível, erguendo-se acima de desânimo e temores, para os quais os verdadeiros precedentes e modelos são homens como Moisés e Neemias, Pedro, depois do Pentecoste, e o apóstolo Paulo.

A guerra espiritual fez dos Puritanos o que eles foram. Eles aceitaram o antagonismo como seu chamado, vendo a si mesmos como os soldados peregrinos do seu Senhor, exatamente como na alegoria de Bunyan, sem esperarem poder avançar um só passo sem oposição de uma espécie ou outra. John Geree, no seu folheto “O Caráter de um Velho Puritano Inglês ou Inconformista” (1646), afirma: “Toda sua vida ele a tinha como uma guerra onde Cristo era seu capitão; suas armas: orações e lágrimas. A cruz, seu estandarte; e sua palavra [lema], Vincit qui patitur [o que sofre, conquista]”.

Os Puritanos perderam, em certa medida, toda batalha pública em que lutaram. Aqueles que ficaram na Inglaterra não mudaram a igreja da Inglaterra como esperavam fazer, nem reavivaram mais do que uma minoria dos seus partidários e eventualmente foram conduzidos para fora do anglicanismo por meio de calculada pressão sobre suas consciências. Aqueles que atravessaram o Atlântico falharam em estabelecer Nova Jerusalém na Nova Inglaterra; durante os primeiros cinqüenta anos suas pequenas colônias mal sobreviveram, segurando-se por um fio. Mas a vitória moral e a espiritual que os Puritanos conquistaram permanecendo dóceis, pacíficos, pacientes, obedientes e esperançosos sob contínuas e aparentemente intoleráveis pressões e frustrações, dão-lhes lugar de alta honra no “hall” de fama dos crentes, onde Hebreus 11 é a primeira galeria. Foi desta constante experiência de forno que forjou-se sua maturidade, e sua sabedoria relativa ao discipulado foi refinada. George Whitefield, o evangelista, escreveu sobre eles como se segue:

Ministros nunca escrevem ou pregam tão bem como quando de-baixo da cruz; o Espírito de Cristo e de glória paira então sobre eles. Foi isto sem dúvida que fez dos Puritanos... as lâmpadas ardentes e brilhantes. Quando expulsos pelo sombrio Ato Bartolomeu (o Ato de Uniformidade de 1662) e removidos dos seus respectivos cargos para irem pregar em celeiros e nos campos, nas rodovias e sebes, eles escreveram e pregaram como homens de autoridade. Embora mortos, pelos seus escritos eles ainda falam; uma unção peculiar lhes atende nesta mesma hora...

Estas palavras vêm do prefácio de uma reedição dos trabalhos de Bunyan que surgiu em 1767; mas a unção continua, a autoridade ainda é sentida, e a amadurecida sabedoria permanece empolgante, como todos os modernos leitores do Puritanismo cedo descobrem por si mesmos. Através do legado desta literatura, os Puritanos podem nos ajudar hoje na direção da maturidade que eles conheceram e que precisamos.

De que maneiras podemos fazer isto? Deixe-me sugerir alguns pontos específicos. Primeiro, há lições para nós na integração das suas vidas diárias. Como seu cristianismo era totalmente abrangente, assim o seu viver era uma unidade. Hoje, chamaríamos o seu estilo de vida de “holístico”: toda conscientização, atividade e prazer, todo “emprego das criaturas” e desenvolvimento de poderes pessoais e criatividade, integravam-se na única finalidade de honrar a Deus, apreciando todos os seus dons e tomando tudo em “santidade ao Senhor’’. Para eles não havia disjunção entre o sagrado e o secular; toda a criação, até onde conheciam, era sagrada, e todas as atividades, de qualquer tipo, deviam ser santificadas, ou seja, feitas para a glória de Deus. Assim, no seu ardor elevado aos céus, os Puritanos tornaram-se homens e mulheres de ordem, sóbrios e simples, de oração, decididos, práticos. Viam a vida como um todo, integravam a contemplação com a ação, culto com trabalho, labor com descanso, amor a Deus com amor ao próximo e a si mesmo, a identidade pessoal com a social e um amplo espectro de responsabilidades relacionadas umas com as outras, de forma totalmente consciente e pensada.

Nessa minuciosidade eram extremos, diga-se, muito mais rigorosos do que somos, mas ao misturar toda a variedade de deveres cristãos expostos na Escritura eram extremamente equilibrados. Viviam com “método” (diríamos, com uma regra de vida), planejando e dividindo seu tempo com cuidado, nem tanto para afastar as coisas ruins como para ter certeza de incluir todas as coisas boas e importantes — sabedoria necessária, tanto naquela época como agora, para pessoas ocupadas! Nós hoje que tendemos a viver vidas sem planejamento, ao acaso, em uma série de compartimentos incomunicantes e que, portanto, nos sentimos sufocados e distraídos a maior parte do tempo, poderíamos aprender muito com os Puritanos aqui também...

J. I. Packer
FONTE:  www.josemarbessa.com

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