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terça-feira, 7 de junho de 2011

O martírio do jovem Apfiano -Eusébio de Cesaréia

Imagem cedida por: http://imperioroma.blogspot.com/2010/04/cesareia-de-cidade-romana-fortaleza.htm
Maximino César, que depois subira ao governo, como para dar evidências do seu ódio inato a Deus e sua aversão à fé, armou-se para perseguir com maior violência que aqueles antes dele. Conseqüentemente, como não foi pouca a confusão surgida entre todos, alguns debandaram para cá e outros para lá, esforçando-se por todos os meios escapar do perigo; e como havia o maior tumulto em todo o império, que descrição seria suficiente para fazer um relato fiel daquele amor divino e daquela liberdade de confissão que distinguiam o mártir Apfiano, este abençoado e verdadeiramente cordeiro inocente? Tinha escassos vinte anos, quando exemplificou maravilhosamente devoção sólida ao único Deus, como um tipo de espetáculo a todos diante dos portões de Cesaréia. E a princípio, com o propósito de continuar seus estudos da literatura grega, como era de muito rica, passou a maior parte do tempo em Berito. É maravilhoso contar como, em meio da tal cidade, apesar das tentações das paixões juvenis, ele foi superior a todos e não se deixou corromper em seus princípios moais pelo vigor do corpo ou por sua colocação com moços, mas abraçou uma vida modesta e sóbria, andando de maneira honesta e santa regulando suas conversas como alguém que tinha adotado a fé cristã. Seria necessário mencionar seu país e assim celebrar o lugar que deu luz a tão nobre lutador pela causa da religião - o que faremos de bom grado. Lagas, cidade da Lícia, de não pequena importância e que pode ser conhecida de alguns de meus leitores, era o lugar de onde este jovem teve sua origem. Contudo, depois de voltar dos seus estudos em Berito, embora seu pai continuasse na primeira posição social do país, estando impossibilitado de suportar morar com o pai e o resto da família, visto que eles não aprovavam a vida segundo as leis da fé, como que impelido pelo Espírito divino e por um tipo de filosofia natural, ou antes, diria, inspirada e genuína, julgando melhor que as coisas que se consideram glória nesta vida e menosprezando os moderados prazeres do corpo, fugiu secretamente dos amigos. 
 
E sem qualquer preocupação por suas despesas diárias, em sua confiança e fé em Deus, foi conduzido como que guiado pelo Espírito Santo à cidade de Cesaréia, onde lhe estava preparado a coroa de martírio por sua devoção. Tendo se juntado conosco lá, estudando as Escrituras Sagradas tanto quanto se poderia em curto espaço de tempo e se preparado de muita boa vontade por exercícios e disciplina adequados, teve um fim muito ilustre como não poderia ser testemunhado sem nos assombrarmos. Quem ouviria sem ficar maravilhado com a liberdade com que falou, veria a sua firmeza, ou antes, a coragem e a energia deste jovem que deu evidência de zelo pela fé e um espírito mais que humano? Pois quando, no terceiro ano da perseguição, uma segunda instigação foi levantada contra nós por Maximino e os editos do tirano para esta finalidade foram primeiramente publicados, anunciando que todas as pessoas de todos os lugares deveriam oferecer sacrifícios publicamente e que os governantes das cidades deveriam cuidar disto com todo o cuidado e diligência, quando também os arautos estavam proclamando em toda a Cesaréia que, sob ordem do governador, homens, mulheres e crianças deveriam ir aos templos dos ídolos; e, além disso, os tribunos militares estavam chamando por nome, um por um, de uma lista, e os pagãos estavam se aglomerando numa imensa multidão proveniente de tosos os bairros, este jovem destemidamente e sem revelar seu propósito a ninguém, saindo às ocultas de nós que morávamos na mesma casa e sem ser percebido pela tropa militar que cercava o governador, aproximou-se de Urbano que estava fazendo libações. Agarrou com intrepidez a mão direita do governador, interrompendo-o subitamente no ato de sacrificar. Então ele o aconselhou e o exortou em tom solene e sério a abandonar seu erro, dizendo que não era certo que desertássemos o único e verdadeiro Deus para sacrificarmos a ídolos e demônios. O jovem fez tal ação, como é muito provável, sob o impulso de um poder divino, o qual por esta proeza deu um tipo de testemunho audível de que os cristãos estavam muito longe de abandonar a religião que tinham adotado. Eram não apenas superiores a todos os perigos ameaçadores e castigos conseqüentes estes, mas cada vez mais agiam com liberdade ainda maior e faziam declarações nobres e destemidas, e sendo possível que seus perseguidores fossem libertos de sua ignorância, até os exortou a reconhecer somente o único e verdadeiro Deus. Logo em seguida, ele de quem estamos falando agora, como poderia se esperar no caso de ato tão ousado, foi imediatamente agarrado e arrancado com violência pelos soldados como bestas vorazes, e , depois de sofrer heroicamente inumeráveis varadas em todo o corpo, foi lançado na prisão até ordens posteriores. 
 
Ali sendo espichado no ecúleo pelo torturador por ambos os pés uma noite e um dia, foi no dia seguinte levado ao juiz e, quando forçado a oferecer sacrifício, demonstrou uma fortaleza invencível suportando dores e torturas repugnantes. Suas ilhargas foram não só uma ou duas, mais muitas vezes sulcadas e raspados até os ossos e intestinos, sendo ao mesmo tempo surrado com tantos murros no rosto e pescoço que, por causa de sua face contundida e inchada, já não era mais reconhecível por aqueles que o tinham conhecido bem. Mas, como não se rendeu nem mesmo a isto, envolveram-lhe os pés com linho macerado em óleo e, sob ordem do governador, os torturadores colocaram fogo. Tenho para mim que o sofrimento que este abençoado jovem suportou ultrapassam toda a capacidade de descrição. O fogo, depois de consumir a carne, penetrou nos ossos, de forma que os humores do corpo, liquefeitos como cera, caíam em gotas;mas, visto que não se entregava nem sequer a isto, seus antagonistas vendo-se derrotados e agora apenas perplexos para dar razão a essa mais que perseverança humana, foi ele novamente lançado na prisão. Por fim, chamaram-no no terceiro dia a comparecer outra vez na presença do juiz e, ainda declarando seu firme propósito na profissão de Cristo, já meio morto, foi lançado ao mar e se afogou.

O que aconteceu logo depois dificilmente seria creditado por alguém que não tivesse visto com os próprios olhos. Mas apesar disto, não podemos deixar de registrar os acontecimentos que, como podemos dizer, todos os habitantes de Cesaréia foram testemunhas do fato. Pessoas de todas as faixas etárias estavam presentes a esta cena maravilhosa. Assim que este jovem realmente abençoado e santo foi lançado às partes mais profundas do mar, de repente, um som ribombante e incomumente estrondoso permeou não apenas o mar, mas todos os céus circunvizinhos. De forma que a terra a cidade inteira foi abalada. E ao mesmo tempo com este tremor maravilhoso e súbito, o corpo do mártir divino foi lançado pelo mar diante dos portões da cidade, como se fosse incapaz de suporta-lo. E assim foi o martírio do excelente Apfiano, no dia dois do mês Xântico, ou no estilo romano, no dia quatro das nonas de abril, no dia da preparação ou sexta-feira.


Autor: Eusébio de Cesaréia
Fonte: Livro História Eclesiástica

terça-feira, 10 de maio de 2011

A quinta perseguição, começando com Severo em 192 d.C.

Imagem cedida por: http://portalveritas.blogspot.com/2009/05/setimo-severo.html


Severo, recuperado de uma grave doença pelos cuidados de um cristão, chegou a ser um grande favorecedor dos cristãos em geral; porém ao prevalecerem os prejuízos e a fúria da multidão ignorante, se puseram em ação umas leis obsoletas contra os cristãos. O avanço do cristianismo alarmava os pagãos, e reavivaram a mofada calúnia de imputar aos cristãos as desgraças acidentais que sobrevinham. Esta perseguição desencadeou-se em 192 d.C.
Mas embora rugia a malícia persecutória, contudo o Evangelho resplandecia brilhantemente; e firme como inexpugnável rocha resistia com êxito os ataques de seus gritantes inimigos. tertuliano, quem viveu nesta época, nos informa que se os cristãos tivessem saído em multidão dos territórios romanos, o imperador teria ficado despovoado em grande modo.
Vitor, bispo de Roma, sofreu o martírio no primeiro ano do século terceiro, o 201 d.C. Leônidas, pai do célebre Orígenes, foi decapitado por cristão. Muitos dos ouvintes de Orígenes também sofreram o martírio; em particular dois irmãos, chamados Plutarco e Sereno; outro Sereno, Herón e Heráclides foram decapitados. A Rhais lhe derramaram breu fervendo sobre a cabeça, e depois o queimaram, como também a sua mãe Marcela. Potainiena, irmã de Rhais, foi executada da mesma forma que ele; porém Basflides, oficial do exército, a quem foi ordenado que assistisse à execução, se converteu.
Ao pedir a Bassílides, que era oficial, que realizasse certo juramento, recusou, dizendo que não podia jurar pelos ídolos romanos, já que era cristão. Cheios de estupor, os da plebe não podiam ao princípio acreditar no que ouviam; porém, tão pronto como ele confirmou o que dissera, foi arrastado até o juiz, lançado em cárcere, e pouco depois, decapitado.
Irineu, bispo de Lyon, tinha nascido na Grécia, e recebeu uma educação esmerada e cristã. Supõe-se geralmente que o relato das perseguições em Lyon foi escrito por ele mesmo. sucedeu ao mártir Potino como bispo de Lyon, e governou sua diocese com grande discrição; era um zeloso oponente das heresias em geral, e por volta de 187 d.C. escreveu um célebre tratado contra as heresias. Vitor, bispo de Roma, querendo impor nessa cidade a observância da Páscoa, dando-lhe preferência sobre outros lugares, ocasionou alguns desordens entre os cristãos. De modo particular, Irineu escreveu-lhe uma epístola sinódica, em nome das igrejas galicianas. Este zelo em favor do cristianismo o indicou como objeto de ressentimento ante o imperador, e foi decapitado em 202 d.C.
Estendendo-se as perseguições para a África, muitos foram martirizados naquele lugar do globo; mencionaremos os mais destacados dentre eles.
Perpétua, de uns vinte e dois anos, casada. Os que sofreram com ela foram Felicitas, uma mulher casada e já em muito avançado estado de gestação quando foi apreendida, Revocato, catecúmeno de Cartago, e um escravo. Os nomes dos outros presos destinados a sofrer nesta ocasião eram Saturnino, Secúndulo e Satur. No dia indicado para sua execução foram conduzidos para o anfiteatro. A Satur, Secúndulo e Revocato foi-lhe ordenado que corressem entre duas fileiras de feras, as quais os flagelavam severamente enquanto corriam. Felicitas e perpétua foram despidas para lançá-las a um touro bravio, que se lançou primeiro contra Perpétua, deixando-a inconsciente; depois se abalançou contra Felicitas, e a escorneou terrivelmente; porém não estavam ainda mortas, pelo que o carrasco as liquidou com uma espada. Revocato e Satur foram devorados pelas feras; Saturnino foi decapitado e Secúndulo morreu no cárcere. Estas execuções tiveram lugar no 8 de março do ano 205 d.C.
Esperato e outros doze foram decapitados, o mesmo que Andrócles na França. Asclepiades, bispo da Antioquia, sofreu muitas torturas, porém não foi morto.
Cecília, uma jovem dama de uma nobre família de Roma, foi casada com um cavaleiro chamado Valeriano, e converteu a seu marido e irmão, que foram decapitados; o oficial que os levou à execução foi convertido por eles, e sofreu a mesma sorte. A dama foi lançada nua num banho fervente, e permanecendo ali um tempo considerável, a decapitaram com uma espada. Isto aconteceu em 222 d.C.
Calixto, bispo de Roma, sofreu martírio o 224 d.C., porém não se registra a forma de sua morte; Urbano, bispo de Roma, sofreu a mesma sorte o 232 d.C.
FONTE:  O livro dos Mártires de John Fox

A quarta perseguição, sob Marco Aurélio Antonino, 162 d.C.

Imagem cedida por: http://dancaonmusica.blogspot.com/2010/11/marco-aurelio-imperador-romano.html

Marco Aurélio sucedeu no trono no ano 161 de nosso Senhor, era um homem de natureza mais rígida e severa, e embora elogiável no estudo da filosofia e em sua atividade de governo, foi duro e feroz contra os cristãos, e desencadeou a quarta perseguição.
As crueldades executadas nesta perseguição foram de tal calibre que muitos dos espectadores se estremeciam de horror ao vê-las, e ficavam atônitos ante o valor dos sofredores. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhas, pregos, aguçadas conchas, etc., colocados em ponta; outros eram açoitados até que ficavam à vista seus tendões e veias e, depois de ter sofrido os mais atrozes sofrimentos que puderam inventar-se, eram destruídos pelas mortes mais temíveis.
Germânico, um homem jovem, porém verdadeiro cristão, sendo entregue às feras a causa de sua fé, se conduziu com um valor tão assombroso que vários pagãos se converteram naquela fé que inspirava tal arrojo.
Policarpo, o venerável bispo de Esmirna, ocultou-se ao ouvir que estavam procurando-o, mas foi descoberto por uma criança. Depois de dar uma comida aos guardas que o haviam prendido, pediu-lhes uma hora de oração, o que lhe foi permitido, e orou com tal fervor que os guardas que o haviam prendido lamentaram tê-lo feito. Contudo, levaram-no ante o pró-cônsul, e foi condenado e queimado na praça do mercado.
O pró-cônsul o pressionou, dizendo: "Jura, e dar-te-ei a liberdade: blasfema contra Cristo".
Policarpo respondeu-lhe: "Durante oitenta e seis anos tenho servido Ele, e nunca me fez mal algum: Como iria eu a blasfemar contra meu Rei, que me salvou?" Na estaca foi somente amarrado, e não pregado segundo o costume, porque assegurou-lhes que ia a ficar imóvel; ao acender-se a fogueira, as chamas rodearam seu corpo, como um arco, sem tocá-lo; então deram ordem ao carrasco para traspassá-lo com sua espada, com o qual manou tal quantidade de sangue que apagou o fogo. Não obstante se deu ordem, por instigação dos inimigos do Evangelho, especialmente os judeus, que seu corpo fosse consumido na fogueira, e a petição de seus amigos, que desejavam dar-lhe cristã sepultura, foi rejeitada. Contudo, recolheram seus ossos e tanto de seus membros como puderam, e os enterraram decentemente.
Metrodoro, um ministro que predicava denodadamente, e Pionio, quem fez várias excelentes apologias da fé cristã, foram também queimados. Carpo e Papilo, dois dignos cristãos, e Agatônica, uma piedosa mulher, sofreram o martírio em Pergamopolis, na Ásia.
Felicitate, uma ilustre dama romana, de uma família de boa posição, e muito virtuosa, era uma devota cristã. Tinha sete filhos, aos que tinha educado na mais exemplar piedade.
Enero, o mais velho, foi flagelado e prensado até morrer com pesas; Felix e Felipe, que o seguiam em idade, foram descerebrados com paus; Silvano, o quarto, foi assassinado sendo lançado de um precipício; e os três filhos menores, Alexandre, Vital e Marcial, foram decapitados. A mãe foi depois decapitada com a mesma espada que os outros três.
Justino, o célebre filósofo, morreu mártir nesta perseguição. Era natural de Napolis, em Sarnária, e tinha nascido o 103 d.C. foi um grande amante da verdade e erudito universal; investigou as filosofias estóica e peripatética, e provou a pitagórica, porém, desgostando-lhe a conduta de um de seus professores, investigou a platônica, na qual achou grande deleite. Por volta do ano 133, aos trinta anos de idade, se converteu ao cristianismo, e então, por vez primeira, percebeu a verdadeira natureza da verdade.
Escreveu uma elegante epístola aos gentios, e empregou seus talentos para convencer os judeus da verdade dos ritos cristãos. Dedicou grande tempo a viajar, até que estabeleceu residência em Roma, no monte Viminal.
Abriu uma escola pública, ensinou a muitos que posteriormente foram personagens proeminentes, e escreveu um tratado para confrontar as heresias de todo tipo. Quando os pagãos começaram a tratar os cristãos com grande severidade, Justino escreveu sua primeira apologia em favor deles. Este escrito exibe uma grande erudição e gênio, e fez com que o imperador publicasse um édito em favor dos cristãos.
Pouco depois entrou em freqüentes discussões com Crescente, pessoa de vida viciosa, mas que era célebre filósofo cínico; os argumentos de Justino foram tão poderosos, porém odiosos para o cínico, que decidiu, e conseguiu, sua destruição.
A segunda apologia de Justino, devido a determinadas coisas que continha, deu ao cínico Crescente uma oportunidade para predispor o imperador em contra de seu autor, e por isto Justino foi preso, junto com seis companheiros dele. Ao ser-lhe ordenado que sacrificasse aos ídolos pagãos, recusaram, e foram condenados a serem açoitados e depois decapitados; esta sentença se cumpriu com toda a severidade imaginável.
Vários foram decapitados por recusar sacrificar à imagem de Júpiter, em particular Concordo, diácono a cidade de Espólito.
Ao levantar-se em armas contra Roma algumas das agitadas cidades do norte, o imperador empreendeu a marcha para enfrentar-se com elas. Contudo, viu-se preso numa emboscada e temeu perder todo seu exército. Encerrado entre montanhas, rodeado de inimigos e morrendo de sede, em vão invocaram as deidades pagãs, e então ordenou aos homens que pertencia à militine (legião do trovão) que orassem a seu Deus pedindo socorro. De imediato teve lugar uma miraculosa liberação; caiu uma quantidade prodigiosa de chuva, que foi recolhida pelos homens, construindo represas, e deu um alívio repentino e assombroso. Parece que a tormenta, que se abateu intensamente sobre os rostos dos inimigos, os intimidou de tal modo que uma parte desertou para o exército romano; o resto foi derrotado, e as províncias rebeldes totalmente recuperadas.
Este assunto fez que a perseguição amainasse por algum tempo, pelo menos naquelas zonas imediatamente sob a inspeção do imperador, porém nos encontramos com que pronto se desencadeou na França, particularmente em Lyon, onde as torturas que foram impostas a muitos dos cristãos quase excedem a capacidade de descrição.
Os principais destes mártires foram um jovem chamado Vetio Agato; Blandina, uma dama cristã de débil constituição; Sancto, que era diácono em Vienna, ao qual aplicaram pratos de bronze incandescentes sobre as partes mais sensíveis de seu corpo; Bíblias, uma débil mulher que tinha sido apóstata anteriormente. Attalo, de Pérgamo, e Potino, o venerabel bispo de Lyon, que tinha noventa anos. o dia em que Blandina e outros três campeões da fé foram levados no anfiteatro, a ela a penduraram num madero fixado no solo, e a expuseram às feras como alimento, enquanto ela, com suas fervorosas orações, alentava os outros. Mas nenhuma das feras a tocou, pelo que foi conduzida de volta às masmorras. Quando foi tirada para fora por terceira e última vez, saiu acompanhada de Pontico, um jovem de quinze anos, e a constância da fé deles enfureceu de tal modo a multidão que não foram respeitados nem o sexo dela nem a juventude dele, e foram feitos objeto de todo tipo de castigos e torturas. Fortalecido por Blandina, o rapaz perseverou até a morte; ela, depois de suportar os tormentos mencionados, foi finalmente morta com espada.
Nestas ocasiões, quando os cristãos recebiam o martírio, eram ornados e coroados com guirlandas de flores; por elas, no céu, recebiam eternas coroas de glória.
Foi dito que as vidas dos cristãos primitivos consistiam em "perseguição acima do chão e oração embaixo do solo". Suas vidas estão expressadas pelo Coliseo e as catacumbas, que eram ao mesmo tempo templos e túmulos. A primitiva Igreja em Roma poderia ser chamada com razão de Igreja das Catacumbas. Existem umas sessenta catacumbas em Roma, nas que foram seguidas uns mil quilômetros de galerias, e isto não é sua totalidade. Estas galerias têm uma altura de uns 2,4 metros, e uma largura de entre 1 metro e 1,5 metros, e contêm a cada lado várias fileiras de recessos longos, baixos, horizontais, um acima de outro a modo de beliches de barco. Nestes nichos eram colocados os cadáveres, e eram fechados bem com uma simples lápide de mármore, ou com várias grandes lajes de terra cozida. Nestas lápides ou lajes há gravados ou pintados epitáfios e símbolos. Tanto os pagãos como os cristãos sepultavam seus mortos nestas catacumbas. Quando se abriram os sepulcros cristãos, os esqueletos contaram sua temível história. Encontram-se cabeças separadas do corpo; costelas e clavículas quebradas, ossos freqüentemente calcinados pelo fogo. Mas apesar da terrível história de perseguição que podemos ler ali, as inscrições respiram paz, gozo e triunfo. Aqui temos umas quantas:
"Aqui jaz Maria, colocada para repousar num sonho de paz".
"Lourenço a seu mais doce filho, levado pelos anjos".
"Vitorioso em paz e em Cristo".
"Ao ser chamado, partiu em paz".
Lembremos, ao lermos estas inscrições, a história que os esqueletos contam perseguição, tortura e fog.
Mas a plena força destes epitáfios se aprecia quando os contrastamos com os epitáfios pagãos, como:
"Vive para esta hora presente, porque de ns mais estamos seguros".
"Levanto minha mão contra os deuses que me arrebataram aos vinte anos, embora nada de mau tivesse feito".
"Uma vez não era. Agora não sou. Nada sei disso, e não é minha preocupação".
"Peregrino, não me amaldiçoes quando passes por aqui, porque estou em trevas e não posso responder".
Os mais freqüentes símbolos cristãos nas paredes das catacumbas são o bem-estar pastor com o cordeiro em seus ombros, uma nave com todas suas velas, harpas, âncoras, coroas, videiras e, por acima de tudo, o peixe.
 FONTE; O livro dos mártires de John Fox

A terceira perseguição, sob Trajano, 108 d.C.

Imagem cedida por: http://imperioroma.blogspot.com/2010/08/para-enaltecer-o-imperador.html

Na terceira perseguição, Plínio o Jovem, homem erudito e famoso, vendo a lamentável matança de cristãos, e movido por ela à compaixão, escreveu a Trajano, comunicando-lhe que havia muitos milhares deles que eram mortos a diário, que não tinham feito nada contrário à lei de Roma, motivo pelo qual não mereciam perseguição. "Tudo o que eles contavam acerca de seu crime ou erro (como deva chamar-se) só consistia nisto: que costumavam reunir-se em determinado dia antes do amanhecer, e repetirem juntos uma oração composta de honra de Cristo como Deus, e em comprometer-se por obrigação não certamente a cometer maldade alguma, senão ao contrário, a nunca cometer furtos, roubos ou adultério, a nunca falsear a palavra, a nunca defraudar ninguém; depois do qual era costume separar-se, e voltar a reunir-se depois para participar em comum de uma comida inocente".
Nesta perseguição sofreram o bem-aventurado mártir Inácio, quem é tido em grande reverência entre muitos. Este Inácio tinha sido designado para o bispado de Antioquia, seguindo a Pedro na sucessão. Alguns dizem que ao ser enviado da Síria para a Roma, porque professava a Cristo, foi entregue às feras para ser devorado. Também se diz dele que quando passou pela Ásia (a atual Turquia), estando sob o mais estrito cuidado de seus guardiões, fortaleceu e confirmou as igrejas por todas as cidades por onde passava, tanto com suas exortações como predicando a Palavra de Deus. Assim, tendo negado a Esmirna, escreveu à Igreja de Roma, exortando-os para que não empregassem médio algum para libertá-lo de seu martírio, não fosse que o privassem daquilo que mais anelava e esperava. "Agora começo a ser um discípulo. nada me importa das coisas visíveis ou invisíveis, para poder somente ganhar a Cristo. Que o fogo e a cruz, que manadas de bestas selvagens, que a ruptura dos ossos e a dilaceração de todo o corpo, e que toda a malícia do diabo venham sobre mim; assim seja, se só puder ganhar a Cristo Jesus!". E inclusive quando foi sentenciado a ser lançado às feras, tal era o ardente desejo que tinha de padecer, que dizia, cada vez que ouvia rugir os leões: "Sou o trigo de Cristo; vou ser moído com os dentes de feras selvagens para que possa ser achado pão puro".
Adriano, o sucessor de Trajano, prosseguiu esta terceira perseguição com tanta severidade como se antecessor. Por volta desta época foram martirizados Alexandre, bispo de Roma, e seus dois diáconos; também Quirino e Hermes, com suas famílias; Zeno, um nobre romano, e por volta de outros dez mil cristãos.
Muitos foram crucificados no Monte Ararate, coroados de espinhos, sendo traspassados com lanças, em imitação da paixão de Cristo. Eustáquio, um valoroso comandante romano, com muitos êxitos militares, recebeu a ordem de parte do imperador de unir-se a um sacrifício idólatra para celebrar algumas de suas próprias vitórias. Porém sua fé (pois era cristão de coração) era tanto maior que sua vaidade, que recusou nobremente. Enfurecido por esta negativa, o ingrato imperador esqueceu os serviços deste destro comandante, e ordenou seu martírio e o de toda sua família.
No martírio de Faustines e Jovitas, que eram irmãos e cidadãos de Bréscia, tantos foram seus padecimentos e tão grande sua paciência, que Calocério, um pagão, contemplando-os, ficou absorto de admiração e exclamou, num arrebato: "Grande é o Deus dos cristãos!", pel qual foi preso e foi-lhe feito sofrer parelha sorte.
Muitas outras crueldades e rigores tiveram de padecer os cristãos, até que Quadratus, bispo de Atenas, fez uma erudita apologia em seu favor perante o imperador, que estava então presente, e Aristides, um filósofo da mesma cidade, escreveu uma elegante epístola, o que levou Adriano a diminuir sua severidade e a ceder em favor deles.
Adriano, ao morrer no 138 d.C., foi sucedido por Antonino Pio, um dos mais gentis monarcas que jamais reinou, e que deteve as perseguições contra os cristãos.
FONTE:  O Livro dos mártires de John Fox

A segunda perseguição, sob o Imperador Domiciano, em 81 d.C.

Imagem cedida por: http://heroismocristao.blogspot.com/2011/01/3-parte-do-estudo-de-apocalipse-para.html


O imperador Domiciano, de natural inclinado à crueldade, deu morte primeiro a seu irmão, e logo suscitou a segunda perseguição contra os cristãos. Em seu furor deu morte a alguns senadores romanos, a alguns por malícia, e a outros para confiscar seus bens. Depois mandou que todos os pertencentes à linhagem de Davi fossem executados.
Entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição estavam Simeão, bispo de Jerusalém, que foi crucificado, e são João, que foi fervido em óleo e depois desterrado a Patmos. Flavia, filha de um senador romano, foi do mesmo modo desterrada ao Ponto; e se ditou uma lei dizendo: "Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento do castigo sem que renuncie a sua religião".
Durante este reinado se redargüiram várias histórias inventadas, com o fim de danificar os cristãos. Tal era a paixão dos pagãos que toda fome, epidemia ou terremoto que assolasse qualquer das províncias romanas, era atribuída aos cristãos. Estas perseguições contra os cristãos aumentaram o número de informantes, e muitos, movidos pela cobiça, testemunharam em falso contra as vidas de inocentes.
Outra dificuldade foi que quando qualquer cristão era levado ante os tribunais, era submetido a um juramento de prova, e se recusavam tomá-lo, eram sentenciados a morte; também, se confessavam serem cristãos, a sentença era a mesma.
Os seguintes foram os mais destacados entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição.
Dionísio, o areopagita, era ateniense de nascimento, e foi instruído em toda a literatura útil e estética da Grécia. Viajou depois a Egito para estudar astronomia, e realizou observações muito precisas do grande eclipse sobrenatural que teve lugar no tempo da crucifixão de nosso Senhor.
A santidade de sua forma de viver e a pureza de suas maneiras o recomendaram de tal modo entre os cristãos em geral que foi designado bispo de Atenas.
Nicodemo, um benevolente cristão de alguma distinção, sofreu na Roma durante o furor da perseguição de Domiciano.
Protásio e Gervásio foram martirizados em Milan.
Timóteo, o célebre discípulo de são Paulo, foi bispo de Éfeso, onde governou zelosamente a Igreja até o 97 d.C. neste tempo, quando os pagãos estavam para celebrar uma festa chamada Catagogião, Timóteo, enfrentando-se à procissão, os repreendeu severamente por sua ridícula idolatria, o que exasperou de tal modo a plebe que caíram sobre ele com paus, e o espancaram de maneira tão terrível que expirou dois dias depois pelo efeito dos golpes.
FONTE: O livro dos Mártires de John Fox

sexta-feira, 29 de abril de 2011

De como Tiago, chamado irmão do Senhor, sofreu o martírio


Cedido por: http://www.networkedblogs.com/blog/rompendoemfe4/

1.     Ao apelar Paulo ao César e ser enviado por Festo à cidade de Roma, os judeus, frustrada a esperança que os induziu a conspirar contra ele, voltaram-se contra Tiago, o irmão do Senhor, a quem os apóstolos tinham confiado o trono episcopal de Jerusalém. O que segue é o que ousaram fazer também contra ele.
2.     Trouxeram-no, e diante de todo o povo pediram-lhe que renegasse a fé de Cristo. Mas quando ele, contra a vontade de todos, com voz livre e falando mais abertamente do que esperavam, diante de toda a multidão pôs-se a confessar que nosso Salvador e Senhor Jesus era filho de Deus, já não foram capazes de suportar mais o testemunho deste homem, justamente porque era considerado o mais justo de todos pelo grau de sabedoria e piedade a que havia chegado em sua vida, e mataram-no, aproveitando oportunamente a falta de governo, pois tendo Festo morrido na Judéia neste tempo, a administração do país ficou sem chefe e sem controle[3].
3.     O modo como ocorreu a morte de Tiago já foi esclarecido pelas palavras citadas de Clemente[4], que conta como o lançaram do pináculo do templo e espancaram-no até matá-lo. Mas quem conta com maior exatidão o que a ele se refere é Hegesipo, que pertence à primeira geração sucessora dos apóstolos e que no livro V de suas Memórias diz assim:
4.             "Sucessor na direção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de "Justo", desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Tiago.
5.             Mas somente este foi santo desde o ventre de sua mãe. Não bebeu vinho nem bebida fermentada, não comeu carne; sobre sua cabeça não passou tesoura nem navalha e tampouco ungiu-se com azeite nem usou do banho.
6.             Somente a ele era permitido entrar no santuário, pois não vestia lã, mas linho. E somente ele penetrava no templo, e ali se encontrava ajoelhado e pedindo perdão por seu povo, tanto que seus joelhos ficaram calejados como os de um camelo, por estar sempre de joelhos adorando a Deus e pedindo perdão para o povo.
7.             Por sua eminente retidão era chamado "o Justo" e "Oblías", que em grego quer dizer proteção do povo e justiça, como declaram os profetas acer­ca dele.
8.             Assim pois, alguns das sete seitas que há no povo e que eu descrevi anteriormente (nas Memórias) tentavam informar-se com ele quem era porta de Jesus, e ele respondia que este era o Salvador.
9.             Alguns creram que Jesus era o Cristo. Mas as seitas mencionadas anteriormente não creram nem na ressurreição nem em que venha a dar a cada um segundo suas obras. Mas os que creram, creram por Tiago.
10.  Sendo pois, muitos os que creram, inclusive entre as autoridades, os judeus, escribas e fariseus se alvoroçaram dizendo: todo o povo corre perigo ao esperar o Cristo em Jesus. Reuniram-se pois ante Tiago e disseram: Nós te pedimos: retém ao povo, que está em erro a respeito de Jesus, como se ele fosse o Cristo. Pedimo-te que convenças a respeito de Jesus todos os que vierem para o dia da Páscoa, porque a ti todos obedecem. Efetivamente, nós e todo o povo damos testemunho de ti, de que és justo e não te deixas levar pelas pessoas.
11. Tu pois, convence a toda a multidão para que não se engane a respeito do Cristo. Todo o povo e nós mesmos te obedecemos. Ergue-te pois sobre o pináculo do templo para que do alto sejas visível e todo o povo ouça tuas palavras, pois por causa da Páscoa reúnem-se todas as tribos, inclusive com os gentios.
12.     E assim os mencionados escribas e fariseus puseram Tiago em pé sobre o pináculo do templo e disseram-lhe aos gritos: "O tu, o justo!, a quem todos devemos obedecer, posto que o povo anda extraviado atrás de Jesus o crucificado, diga-nos quem é a porta de Jesus."
13.     E ele respondeu com grande voz: "Por que me perguntam sobre o Filho do homem? Ele também está sentado no céu à direita do grande poder e há de vir sobre as nuvens do céu."
14.     E sendo muitos os que se convenceram completamente e ante o testemunho de Tiago, irromperam em louvores dizendo: "Hosana ao filho de Davi!". Então os mesmos escribas e fariseus novamente disseram uns aos outros: "Fizemos mal em proporcionar tal testemunho a Jesus, mas subamos e lancemo-lo para baixo, para que tenham medo e não creiam nele."
15.     E puseram-se a gritar dizendo: "Oh! Oh! Também o Justo extraviou-se!" E assim cumpriram a Escritura que se encontra em Isaías: Tiremos de nosso meio o justo, que nos é incômodo. Então comerão o fruto de suas obras.
16.     Subiram pois e lançaram abaixo o Justo. E diziam uns aos outros: "Apedrejemos a Tiago o Justo!" E começaram a apedrejá-lo, porque ao cair não chegou a morrer. Mas ele, virando-se, ajoelhou-se e disse: "Eu te peço Senhor, Deus Pai: Perdoa-os, porque não sabem o que fazem.
17. E quando estavam assim apedrejando-o, um sacerdote, um dos filhos de Recab, filho dos Recabim, dos quais o profeta Jeremias havia dado testemunho, gritava dizendo:
Parai, que estais fazendo? O Justo roga por vós!
18. E um deles, tecelão, agarrou o bastão com que batia os panos e deu com este na cabeça do Justo, e assim foi que sofreu o martírio. Enterra­ram-no naquele lugar, junto ao templo, e ainda se conserva sua coluna naquele lugar ao lado do templo. Tiago era já um testemunho veraz para judeus e para gregos de que Jesus é o Cristo. E em seguida Vespasiano os sitiou."
19. Isto é o que Hegesipo relata minuciosamente, concordando ao menos com Clemente. Tiago era um homem tão admirável e tanto havia-se espalhado entre todos a fama de sua retidão, que até os judeus sensatos pensavam que esta era a causa do assédio de Jerusalém, iniciado imediatamente depois de seu martírio, e que por nenhum outro motivo estavam eles sofrendo-o senão pelo crime sacrílego cometido contra ele.
20. Na verdade, pelo menos Josefo não vacilou em atestar também isto por escrito com estas palavras:
"Isto sucedeu aos judeus como vingança por Tiago o Justo, irmão de Jesus, o chamado Cristo, porque exatamente os judeus o mataram, ainda que fosse um homem justíssimo."
21. O mesmo autor descreve também a morte de Tiago no livro XX de suas Antigüidades com estas palavras:
"Sabendo César da morte de Festo, enviou a Albino como governador da Judéia. Mas Ananos o Jovem, sobre quem já dissemos que havia recebido o sumo sacerdócio, tinha um caráter especialmente resoluto e atrevido e formava parte da seita dos Saduceus, que nos juízos eram justamente os mais cruéis entre os judeus, como já demonstramos.
22.  Ananos sendo pois assim, considerando oportuna a ocasião por haver morrido Festo e achar-se Albinus ainda a caminho, convocou a assembléia de juízes, e fazendo conduzir perante ela o irmão de Jesus, chamado Cristo - chamava-se Tiago - e alguns mais para acusá-los de violar a lei, entregou-os para que fossem apedrejados.
23.  Mas todos os cidadãos considerados os mais sensatos e mais fiéis observadores da lei levaram a mal esta sentença e enviaram uma delegação secreta ao rei para pedir-lhe que escrevesse a Ananos para que não levasse a cabo tal coisa, porque já desde o começo não agia com retidão. Alguns deles inclusive saíram ao encontro de Albinus, que viajava desde Alexan­dria, para informá-lo de que sem seu parecer não era permitido a Ananos convocar a assembléia.
24. Persuadido Albinus com o que lhe disseram, escreveu irritado a Ananos, ameaçando-o de pedir-lhe contas. E o rei Agripa destituiu-o por este motivo do sumo sacerdócio, que exercia há três meses, e instituiu a Jesus, o filho de Dameo."
Esta é a história de Tiago, do qual se diz que é a primeira carta das chamadas católicas.
25. Mas deve-se saber que não é considerada autêntica. Dos antigos não são muitos os que a mencionam, assim como a chamada de Judas, que é tam­bém uma das sete chamadas católicas. Ainda assim, sabemos que também estas, junto com as restantes, são utilizadas publicamente na maioria das igrejas.

FONTE: História Eclesiastica de Eusébio de Cesaréia. Editora Novo Século.


Os Entretenimentos e Espetáculos do Coliseu

cedido por http://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/2009/06/liturgia-30-de-junho-primeiros-martires.html


Os jogos e as distrações que deliciavam os romanos eram espetáculos de horror, que fazem estremecer o coração. Nenhum entretenimento era popular, se não fosse acompanhado de derramamento de sangue e de perda de vida; nenhum drama simulado seria aplaudido nesse templo das Fúrias. Os divertimentos do Coliseu compõem as páginas mais ne­gras nos registros do passado.
Durante as grandes celebrações, raramente se passava um dia sem que algumas centenas de carcaças dilaceradas de homens e feras fossem arrastadas da arena para a casa dos mortos. Os jogos começavam por volta das dez horas, e geralmente iam até o escurecer; ao longo dessas horas, vítima após vítima ia tombando. Os espectadores, cada vez mais intoxicados a cada novo gole de sangue, bebido através de seus olhos brilhantes, clamavam por novas vítimas e mais sangue. Em mais de uma ocasião aconteceu de todos os animais do viveiro serem mortos num só dia. Eutrópio, falando de Tito, conta: "E quando ele construiu o anfitea­tro em Roma, inaugurou os jogos e fez morrer cinco mil animais". (Eutrópio, livro IX, cap. X) Gladiadores, escravos, e cristãos eram as principais vítimas nos jogos.
Entretanto, havia manchas brilhantes neste quadro de mortandade. Houve ocasiões em que o aplauso do populacho percorreu cada porção do edifício, em aprovação a cenas de beleza, inocência, e mecanismo que dificilmente pode ser rivalizado na arte moderna. Seus grandes jogos, que geralmente duravam semanas inteiras, eram uma estranha combinação do trágico e do cômico, do jovial e do horrível. Uma diversão favorita era assistir ao treinamento de animais no circo. Os escritores dessa época contam-nos de um elefante equilibrista,1 de um urso que se sentava numa cadeira, vestido como uma matrona, e era carregado em volta da arena pelos atendentes.2 E temos a história do rei da floresta, com garras douradas e uma juba enfeitada com ouro e pedras preciosas, que num estranho contraste com as cenas sucessivas, representava a virtude da clemência, sendo treinado para brincar com uma lebre. Ele pegava o trêmulo animalzinho com a boca, colocava-o nas costas, e prodigalizava-lhe mil carícias.3 Então lemos de doze elefantes domesticados, seis machos e seis fêmeas, vestidos com togas masculinas e femininas, que se sentavam à mesa, e comiam delicadas viandas e bebiam vinho em taças de ouro, usando com a maior delicadeza e cuidado as extraordinárias trombas, com as quais podiam levantar um ' alfinete do chão, ou arrancar pela raiz um bosque de carvalhos.4 Outros eram treinados para a dança pírrica, e espalhavam flores pela arena. Eles possuíam uma bebida forte peculiar, pela qual os elefantes tinham certa inclinação; ela os inebriava e os levava a mover-se de maneira engraçada, que produzia nos espectadores um incessante gargalhar. Tomamos conhecimento, através de Marcial e de outros escritores, que havia outras espécies de distrações de um caráter mais grandioso e mais estimulante, porém mesclado e enodoado com aquele espírito de crueldade que caracterizava a maior parte dos jogos do anfiteatro. Conforme já mencionamos, as passagens subterrâneas serviam de calabouço e de toca para as feras, ou podiam transformar-se em imensos aquedutos para inundar a arena, que se tornava um lago para entretenimentos navais. Navios com homens armados flutuavam ali, e lutavam desesperadamente uns contra os outros, como se um império dependesse do resultado da batalha. Em certa ocasião, um grande navio, cheio de homens e animais, foi introduzido neste lago artificial, e a um sinal combinado, ele abriu as laterais, desintegrando-se, e despejando nas águas a sua carga viva. Então vieram todos os horrores de um naufrágio: os guinchos dos animais, e o lamento comovente dos escravos se afogando, soaram como música aos ouvidos romanos.

Por uma combinação de habilidade mecânica, a lenda de Orfeu foi novamente concretiza­da. O solo da arena era feito para abrir repentinamente em uma centena de lugares, e árvores brotavam completas, numa folhagem de um verde profundo, e sustentando maçãs de ouro, numa imitação da árvore fabulosa do jardim das Hespérides. Animais selvagens eram deixados soltos nesta floresta encantada; as árvores moviam-se ao som de uma flauta; e para que nada faltasse à realidade da representação, um desafortunado escravo, que tinha a honra de repre­sentar o Orfeu do espetáculo, era feito em pedaços por um urso.'
Uma falha em qualquer desses mecanismos do show era considerada menosprezo ao imperador, e o organizador era punido com morte pública. Não fosse por esses costumes desumanos e bárbaros, que paralisavam de medo os maiores gênios do Império, o Coliseu teria testemunhado muitos grandes triunfos da arte mecânica.
Dentre os espetáculos originados na mitologia paga, Marcial faz menção, em seu Epigrama, a um parricida crucificado no Coliseu; menciona também uma horrível cena de Dédalo elevado ao ar com asas falsas, e então deixado cair na arena, onde foi devorado por animais selvagens. Noutra ocasião, um escravo foi obrigado a representar Múcio Scaevola, e pôr a mão no fogo até ficar completamente queimada. O infeliz submetido a esta pavorosa crueldade não teve outra alternativa: as suas roupas foram cobertas com piche e alcatrão; se ele vacilasse ou recuasse por um momento, seria queimado vivo.
Porém a diversão mais comum do Coliseu era o combate com as feras e os gladiadores. Os animais eram postos a lutar uns com os outros, e depois com os homens; e por último, os homens com os seus companheiros. Quando as feras eram postas na arena para lutar entre si, tudo o que pudesse provocá-las ou excitá-las era estudado com a mais cruel destreza. As cores mais detestadas pelos animais eram espalhadas em profusão à sua volta; eles eram açoitados com chicotes, e as laterais de seus corpos, rasgadas com ganchos de ferro; pratos de ferro aquecidos eram presos a eles, e bolas de fogo eram postas sobre suas costas. Assim, as feras enfurecidas corriam em volta da arena; a terra tremia ao troar de seus rugidos agonizantes. O peito inflado dos animais parecia arrebentar sob o fogo da cólera que os enlouquecia. Seus olhos faiscavam de raiva, e arrancando a areia com as garras, eles envolviam-se numa nuvem de pó. Em sua fúria, despedaçavam-se uns aos outros.
Se, como vez ou outra acontecia, uma leoa ou tigresa enfurecida matasse os homens e animais que lhe eram apresentados, gritos e aplausos frenéticos espocavam de todos os lados do anfiteatro, e enquanto a fera, soberana do campo de batalha, caminhava sobre os corpos de suas vítimas, o povo clamava por sua liberdade, para que fosse enviada de volta ao seu deserto nativo.
Os combates entre homens e feras eram ainda mais populares. Os próprios imperadores costumavam tomar parte neles, e até as mulheres tinham a audácia de entrar na arena, e combater com os mais ferozes animais. Havia duas espécies de pessoas destinadas a esse tipo de esporte: uma entrava armada, carregando armas de acordo com a sua escolha; a outra eram os pobres escravos, cativos, ou criminosos, expostos às bestas sem qualquer defesa. A esta classe pertenciam os cristãos. Eles eram distinguidos dos gladiadores pela ignominiosa alcu­nha de bestiários.
Supõe-se que o combate entre gladiadores seja de origem etrusca. Ele fazia parte das honras funéreas dos grandes homens, de acordo com a crença paga de que as almas dos mortos eram saciadas pelo derramamento de sangue. Esse estranho ritual fúnebre foi introdu­zido em Roma nas exéquias de Junio Bruto, no ano 490 da cidade, e cerca de 260 anos antes da ei"a cristã. Ele parece ter sido tão prazeroso ao gosto cruel dos romanos, que logo se tornou upn passatempo comum. As lutas gladiatórias eram, estritamente falando, os jogos do Coliseu; i elas os gladiadores deviam sua existência. Tal era o furor do povo por estes espetáculos, que se estima que cem mil gladiadores tombaram dentro daqueles muros.
Durante doze dias, Trajano fez dez mil gladiadores lutar sucessivamente; e quase todos os Pecadores que o sucederam seguiram-lhe o exemplo. Os homens que assim lutavam eram geralmente cativos de guerra, ou escravos. Numa época posterior, a luta tornou-se uma espécie de profissão, e conta-se que homens livres e nobres, enlouquecidos pelo entusiasmo, alistavam-se para o combate mortal com pobres cativos da Trácia e Gália. Até mulheres apareciam na arena como amazonas, e lutavam frenética e valentemente em meio às aclama­ções incessantes da multidão.
Cedido por  http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2003/030515_latimaw.shtml

Tanto Herodiano como Lamprídio contam que o imperador Cômodo, não contente em assistir as lutas dos gladiadores, entrou ele mesmo na arena, quase nu, e armado com uma espada curta, e os desafiou ao combate. Aqueles que combateram com ele receberam ordens de não lhe infligir qualquer ferimento; mas no momento que recebessem um golpe, ainda que leve, deveriam cair de joelhos perante o soberano, declarando-se derrotados e suplicando clemência. Havendo, desse modo, vencido mil gladiadores, ele ordenou que tirassem a cabeça da colossal estátua do sol, e pusessem no lugar a sua própria imagem. Na base do monumento, pôs a inscrição: "Mille Gladiatorum Victor" - "O Vencedor de Mil Gladiadores".
Após a procissão dos deuses (que dava abertura aos jogos do anfiteatro e aos do circo), os gladiadores sorteados para lutar também rodeavam a arena em procissão; então formavam pares, e suas espadas eram examinadas pelo administrador. Como um prelúdio da batalha, e para criar o clima de exaltação apropriado, lutavam primeiro com espadas de madeira; então, a um sinal dado pelo soar de uma trompa, elas eram postas de lado e substituídas por armas mortais. O interesse dos milhares reunidos era imediatamente elevado ao mais alto grau; de tempos em tempos, eles rompiam em gritos e aplausos ensurdecedores; ou um apreensivo silêncio reinava no vasto anfiteatro, num suspense que só terminava com a morte de um dos combatentes. Quando um gladiador recebia um golpe, o seu adversário gritava: "Ele foi atingido!" - (Hoc habet!) Às vezes, o pobre ferido esforçava-se para esconder o ferimento, ou fingia que não tinha importância, para então cair na areia ao fazer sua última e desesperada investida contra o adversário. A sua sorte, porém, dependia da vontade do povo; se desejas­sem que fosse salvo, viravam o polegar para cima; se quisessem a sua morte, viravam-no para baixo. O último era geralmente o veredicto mais freqüente da turba insensível. O brado de "recipe ferrum" caía com terrível veemência nos ouvidos do moribundo. Isto significava simplesmente que ele era submetido brava e dignamente à sua sorte; que não devia demons­trar estremecimentos vergonhosos ou contorções de dor; que deveria ter arte mesmo na agonia da morte. "O povo", escreve Sêneca, "sentia-se insultado quando o combatente não morria de boa vontade; e pelo olhar, pelo gesto, e pela veemência dos modos, bradavam por sua execução imediata".
Lactâncio, no sexto livro de sua sublime Apologia à verdadeira religião, dá uma idéia da barbaridade desses jogos, nas palavras que usa para condená-los: "Qualquer um que se deleite à vista do sangue, ainda que seja de um criminoso justamente condenado, avilta a própria consciência. Mas os pagãos converteram em passatempo o derramamento de sangue humano. A humanidade retrocedeu tanto de seus sentimentos, que a sua diversão consiste em estimu­lar o assassinato e o sacrifício da vida humana. Pergunto, agora: Podem ser chamados de justos e piedosos esses que não apenas permitem a morte de alguém que jaz prostrado sob a espada desembainhada, suplicando pela vida, mas ainda exigem que seja assassinado? Que dão o seu voto cruel e desumano para a morte, não satisfeitos com as feridas e o sangue coagulado de vítimas indefesas? Não somente isto, mas quando o morto estira-se na areia, mandam que COrpo sem vida seja trespassado vezes e mais vezes, cortado e lacerado, a fim de se iludirem com um homicídio simulado. Ficam bravos com os combatentes que não despacham rapida­mente um ao outro, e, como se ansiassem por sangue humano, impacientam-se com a demora. Cada grupo de recém-chegados, à medida que entra no circo, vocifera por novas vítimas que lhes saciem os olhos".
Assim, duelos, combates em grupos, e lutas corpo-a-corpo da maior carnificina passavam como redemoinhos sob o olhar desvairado da plebe. Durante horas, e todos os dias, a arena do Coliseu era impregnada com o sangue das vítimas; seus vapores repugnantes subiam ao ar puro do céu, como se viessem de um imenso caldeirão de crueldade e prazer.
Agostinho oferece-nos, no sexto livro de suas Confissões, uma descrição singularmente vivida da excitação que prevalecia entre os espectadores, durante essas lutas sanguinárias. Conta ele:
"Aconteceu de um dia, enquanto seu amigo Alípio achava-se estudando a lei em Roma, ele encontrar alguns de seus colegas de escola, que estavam caminhando após o jantar, e que insistiram em levá-lo ao anfiteatro; era um dos feriados mais sinistros, quando Roma encontra­va prazer nesses espetáculos de matança humana.
"Como Alípio tivesse um extremo horror a essa espécie de crueldade, resistiu com todas as suas forças; mas recorrendo àquela espécie de violência que às vezes é permitida entre amigos, eles o arrastaram consigo, enquanto ele repetia: 'Vocês podem arrastar meu corpo consigo, e pôr-me entre vocês no anfiteatro, mas não podem dispor de minha mente e de meus olhos que, seguramente, não tomarão qualquer parte no espetáculo. Eu estarei ausente, ainda que presente em corpo, e deste modo não me renderei à violência e à paixão da qual vocês estão possuídos'. Contudo, Alípio teria feito melhor se ficasse em silêncio; eles o arrastaram, já com a intenção de ver se ele podia ser tão bom quanto suas palavras.
"Finalmente chegaram, e posicionaram-se o melhor que puderam. Enquanto todo o anfiteatro era transportado pelos bárbaros prazeres, Alípio guardou o coração para não partici­par daquilo, mantendo os olhos fechados. E aprouvera a Deus", continua Agostinho, "ele houvesse bloqueado os ouvidos. Afetado pelo grito universal, que se levantara dentre o povo em reação a algo extraordinário que ocorrera no combate, ele foi fisgado pela curiosidade; desejando meramente averiguar o que seria - persuadido de que, não importava o que fosse, ele o desprezaria - abriu os olhos. Ao fazê-lo, recebeu na alma um ferimento mais fatal que aquele que acabara de ser infligido ao corpo do gladiador. Foi a ocasião para uma queda bem mais Pei"igosa que aquela do gladiador, cuja derrota arrancara da multidão o grito desumano, que por sua vez o tentara a abrir os olhos. A crueldade entrou-lhe no coração; o sangue que jorrava sobre a arena encontrou-lhe os olhos, e ele, longe de desviá-los dali, manteve-os arregalados sobre a mancha, sorvendo em longos tragos de fúria, sem perceber, e permitindo-se ser intoxicado com o prazer criminoso.
"Ele não era mais o Alípio que para ali fora arrastado à força; era um homem do mesmo cunho que aqueles que enchiam o anfiteatro, e uma companhia adequada àqueles que o trouxeram ali. Ele olhou, gritou, misturou seus gritos aos deles, ferveu de entusiasmo e, como eles, absorveu-se nas vicissitudes do combate. No final, partiu do anfiteatro com uma tal paixão por aquelas visões, que não podia pensar em mais nada. Não apenas estava pronto a retornar com aqueles que haviam usado de força para trazê-lo na primeira instância, como era mais enfurecido que eles acerca dos gladiadores, arrastando outros consigo, e sempre pronto a seguir o caminho do anfiteatro". (Livro VII, cap. VIII)
Tão intenso era o excitamento das pessoas durante essas lutas, que elas pareciam perder todo o autocontrole; de manhã à noite, sem se importar com o frio ou o calor, fitavam com demente exaltação a arena, e a suas mentes eram agitadas com os oscilantes sentimentos de esperança e medo, como o oceano sacudido por ventos contrários. O demônio da discórdia não gastava seu tempo em vão, nem era à toa que as Fúrias abriam suas asas funéreas sobre essas cenas sanguinolentas. Os espectadores dividiam-se em diversas partes. Discussões afia­das e amargas sobre os méritos rivais dos combatentes formavam uma inexaurível fonte de brigas e disputas; e às vezes, tornavam-se tão exaltados, que passavam das discussões aos socos, e até mesmo às armas mortais, até as bancadas do anfiteatro converterem-se, de ponta a ponta, num cenário de tumulto e massacre.
Temos o relato de uma dessas terríveis ocasiões no Circo Máximo, quando mais de trinta mil pessoas foram mortas ou feridas. Algo semelhante aconteceu no Coliseu, numa circunstân­cia de horrenda crueldade. Um dos imperadores obrigara um celebrado gladiador a lutar com três outros, sucessivamente. O tirano Gesler, que fez Tell partir com sua flecha uma maçã na cabeça do filho, a cem passos de distância, não foi mais desumano. O pobre gladiador lutou bravamente, e derrotou os dois primeiros oponentes, mas cansado e ferido, caiu enquanto lutava com o terceiro. A exacerbação desta cena levou o povo à loucura; voltaram-se uns contra os outros, e o resultado foi um terrível derramamento de sangue.
Concluiremos esta breve nota da cena gladiatória do Coliseu, citando as belas e tocantes linhas do Lord Byron:

"Vejo diante de mim o gladiador deitado;
Ele recosta sobre a mão a testa varonil,
Consente em morrer, mas subjuga a agonia,
A sua cabeça enlanguescida pende gradualmente,
E de seu lado, as últimas gotas vazam lentamente,
Da ferida vermelha caem pesadas, uma a uma,
Como as primeiras de uma pancada de chuva; e agora
A arena flutua à sua volta, ele se vai,
Antes que cesse o grito inumano que saudou o
Miserável vencedor.

Ele o ouviu, mas não lhe prestou atenção; seus olhos
Estavam com seu coração, que estava bem longe;
Ele não fez caso da vida que perdeu, nem do prêmio;
Exceto de sua rude cabana junto ao Danúbio,
Lá estavam seus jovens bárbaros todos a brincar,
Lá estava Dácia, a mãe deles - ele, seu pai.
Abatido para comemorar um feriado romano.
Tudo isto correu com seu sangue: devia ele expirar,
E sem vingança? Levantai-vos, godos, e fartai a vossa ira".
Childe Harold


_____________________________
¹ Elephas erecitus ad summum theatri fornicem, unde decurrit in fune sessorem gerens". - Dio. In Neron. Também Suetônio, em Galba. cap. VI. diz: "Galba elephantos funámbulos dedit".
² Vidi ursum mansuetum quae cultu matronali sella vehebatur". - Apul. Asin. Lib. XII.
³ "l.eonum
Quos velos leporum timor fatigat. Dimittnti repetunt, amantque captos.
Et securior est in ore praeda
Laxos cui dare. perviosque rictus
Gaudent et timidos timere dentes.
Mollen Frangere dum pudet rapinam"
-Marcial, lib. I. Epigrama CV.14
4 Veja Buling de Venation Circ Cap XX.
5 Marcial. Spect. XXI. I.
6 Marangoni, p. 38.
7 “Jam ostentata per arenam periturorum corpora mortis sua pompam auxerant" - Quintiliano Declam. IX.

FONTE: Livro os Mártires do Coliseu de A. J O´reilly. Editora CPAD

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