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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Santa Violência – Thomas Watson (1620-1686)

thomaswatsonquotes.com

Os exercícios de adoração a Deus são contrários à natureza, por isso, deve haver uma provocação de nós mesmos para eles. O movimento da alma para o pecado é natural, mas seu movimento para o céu é violento. A pedra move facilmente ao centro, ela tem uma inata propensão para baixo, mas para elaborar uma pedra de moinho no ar é feito por violência porque é contra a natureza. Assim, levantar o coração ao céu em dever é feito por violência e devemos provocar nós mesmos a isso. O que é provocar nós mesmos ao dever? É nos despertar e nos livrar da preguiça espiritual.
Vamos então examinar se nós colamos para fora essa violência em direção ao céu. Nós separamos um tempo para chamar a nós mesmos para dar conta e julgar nossas evidências com relação ao céu? “Meu espírito fez diligente busca” (Sl 77:6). Nós tomamos nosso coração como um relógio todo em pedaços para ver o que está faltando e consertá-lo? Nós somos curiosamente inquisitivos quanto ao estado de nossas almas? Nós temos medo da graça artificial, assim como temos da felicidade artificial? Nós usamos violência na oração? Há fogo em nosso sacrifício? O vento do Espírito está enchendo nossas velas causando gemidos inexpremíveis (Rm 8:26)? 
Nós oramos pela manhã como se fôssemos morrer a noite? Nós temos sede do Deus vivo? Nossas almas ampliam em desejos santos? “Não há nada na terra que eu deseje além de Ti” (Sl 73:25). Nós desejamos santidade assim como desejamos o céu? Nós desejamos tanto parecer com Cristo como viver com Cristo? É nosso desejo constante? Esse pulso espiritual está sempre batendo? Nós estamos hábeis em auto-negação? 
Nós podemos negar nosso conforto, nossos objetivos, nossos interesses? Podemos passar por nossas vontades para cumprir a de Deus? Podemos decapitar nosso pecado amado? Arrancar o olho direito requer violência (Mt 18:9). Nós realmente amamos a Deus? Não é o quanto fazemos, mas o quanto nós amamos. O amor comanda o castelo de nossos corações? A beleza de Cristo e sua doçura nos constrange? (2 Cor 5:14). Nós amamos a Deus mais do que o medo do inferno? 
Nós mantemos nossa vigilância espiritual? Mantemos espiões em todos os lugares observando nossos pensamentos, nossos olhos e nossa língua? Quando oramos contra o pecado, nós vigiamos contra a tentação? Nós pressionamos após mais degraus de santidade? “Avançando para as coisas que estão diante de mim” (Fil 3:13). Um bom cristão é uma maravilha, ele é o mais contentado e ainda assim o menos satisfeito.  Ele é contentado com um pouco do mundo, mas não satisfeito com um pouco de graça.
Quão violento foi Cristo com relação a nossa salvação! Ele estava em agonia. Ele “continuou toda noite em oração” (Lc 6:12). Ele chorou, jejuou e morreu uma morte violenta. Ele levantou violentamente da sepultura. Cristo foi tão violento por nossa salvação e aqueles que estão intimamente ligados a ele não se tornariam? A violência de Cristo não foi somente satisfatória, mas exemplar. Não foi somente para apaziguar Deus, mas para nos ensinar. Cristo foi violento em morrer para nos ensinar a sermos violentos em crer.
FONTE: https://afeicoesdoevangelho.wordpress.com/2013/06/05/santa-violencia-thomas-watson/

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Onze Conselhos aos Pastores Iniciantes

Imagem Extraída do site: seguidoresdocristovivo.blogspot.com
1. Ore, ore, ore. Jamais tome sobre si mesmo nenhuma responsabilidade da igreja sem temperá-la com oração. Lembre-se do conselho de John Bunyan: “Você pode fazer mais do que orar depois de ter orado, mas você não pode fazer nada mais do que orar até ter orado”. 

2. Estude, estude, estude. Mantenha-se nos pastos verdejantes da verdade em seus estudos. Conserve o seu hebraico e o seu grego. Prepare os seus sermões com muito cuidado. Escreva alguns artigos ou alguns livros para aprimoramento pessoal. Participe de algumas das conferências e seminários de que vale a pena participar, tão comuns em vários locais hoje. Volte ao seminário para estudar um pouco mais. Faça questão de trabalhar de forma que sua mente seja expandida. 

3. Pregue, pregue, pregue. Empregue o melhor da sua energia e vida, como Paulo, pregando Jesus Cristo (1 Co 2.2). Pregue com frequência. E quando o fizer, pregue de forma bíblica, doutrinária, experimental e prática. Pregue com paixão, apresentando a Palavra da vida “como um moribundo falando com outros moribundos”. 

4. Seja um modelo, seja um modelo, seja um modelo. Seja um modelo da verdade bíblica para com sua esposa, sua família, para com os que trabalham com você na igreja, sua congregação, e para com seus vizinhos. Decida-se, como Thomas Boston, a espalhar o perfume de Cristo onde quer que você vá. Como Robert Murray M’Cheyne, ore que o Espírito Santo possa torná-lo tão santo na terra quanto é possível que um pecador perdoado seja santo. Ore para que sua vida seja uma “carta viva”, seus sermões sejam escritos em sua vida prática. 

5. Delegue, delegue, delegue. Não dê aulas a todas as classes na sua igreja. Não seja o responsável pelo boletim dominical. Não tente regular e supervisionar todas as atividades dos seus colegas de trabalho. Delegue tudo o que for possível, de forma que você possa concentrar-se na oração, na pregação, no ensino, e no cuidado espiritual do rebanho. 

6. Treine, treine, treine. Treine o seu povo para as funções de liderança nos diversos ministérios da igreja. Gaste tempo extra com os jovens que podem servir como futuros presbíteros e diáconos, ou como líderes de diferentes atividades. Pela graça do Espírito, “desenvolva” futuros líderes. À medida que você os treina, dê-lhes liberdade para usar os dons e oriente a visão deles tanto quanto possível. Todo o tempo empregado nisso será muito bem gasto. 

7. Visite, visite, visite. Visite o seu rebanho fielmente – no hospital, em casa, e em toda hora de necessidade. Esteja presente quando precisarem de você. Sempre leia a Palavra e fale algumas poucas palavras edificantes sobre o texto, e ore em cada visita. Se você falhar nesse assunto, falhará em tudo mais. 

8. Ame, ame, ame. Muitos ministros falham porque negligenciam o amor às ovelhas. Ame e continue amando o seu povo por aquilo que são, e não pelo que você pensa que deveriam ser. Aceite-os como são e onde estão, e trabalhe com eles a partir desse ponto, sempre com paciência, lembrando que, se você não pode associar-se de forma amorosa com as pessoas onde elas estão, com o passar do tempo elas o rejeitarão. Considere-se como o tutor espiritual e o cuidador de uma grande família. Seja bondoso com cada um deles. Leve-os a sentir a sua preocupação por eles e por suas famílias. Faça perguntas que mostram o seu cuidado por eles. Regue-os com compaixão, quando estiverem em necessidade. À medida que o seu relacionamento cresce, sempre que for apropriado, não se acanhe de dizer-lhes que você os ama. E se você tiver inimigos na igreja, faça de tudo para amá-los também, como Jesus ordenou. 

9. Desfrute, desfrute, desfrute. Considere como inacreditável honra e alegria o fato de ser embaixador de Deus. Edward Payson (1783-1827) disse que com frequência batia palmas de alegria durante seu estudo particular porque Deus o tinha chamado para o ministério sagrado da Sua Palavra. A obra do ministério é uma tarefa pesada, mas também é cheia de alegria. Aprenda a considerar como sua força a alegria do Senhor, em Cristo (Ne 8.10). 

10. Renove, renove, renove. Preste atenção à sua saúde. Viva em intimidade com Deus, alimente-se de Cristo, beba intensamente do Espírito. Tire tempo para descansar, para deixar de lado todos os fardos, e para abrir-se à luz da Palavra e à direção do Espírito Santo. Lembre-se de que você é um mero receptáculo ou vaso, e não a fonte das águas vivas. Você não consegue dar aos outros aquilo que não apanhou primeiro para si mesmo. 


11. Persevere, persevere, persevere. Quando chegarem as tribulações e os inimigos perseguirem, não seja um mercenário que abandona as ovelhas. Persevere no cuidado por elas. Fique firme. Confie em Eclesiastes 11.1: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”.

FONTE: http://ospuritanos.blogspot.com.br/2012/02/onze-conselhos-aos-pastores-iniciantes.html

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Evangelho, loucura para a Igreja Pós-Moderna -Paul Washer


Imagem cedida por: missaoposmoderna.wordpress.com
Quando lemos Rm 1:16, entendemos que Paulo não estava envergonhado do evangelho. Isso pode parecer algo incomum para nós, que ele tenha feito essa declaração, sendo um apóstolo, o principal portador do evangelho de Jesus Cristo.
Mas quero enfatizar que, na carne, Paulo teria muitas razões para estar envergonhado do evangelho, porque o evangelho que ele pregava contradizia tudo que se cria ser verdade e tudo que se acreditava ser sagrado em sua cultura.
Agora, prestem atenção nisso: Paulo não tinha nenhum intento de ser relevante à sua cultura. Ele não tinha nenhuma intenção de fazer um acordo com ela, adaptar sua mensagem a ela, por um embrulho em sua mensagem ou qualquer outro tipo de absurdo que se tem tornado tão proeminente na comunidade evangélica de hoje.
Para o Judeu, o evangelho de Paulo era o pior tipo de blasfêmia, porque declarava que o Nazareno que morreu nesta cruz amaldiçoada, era o Messias – o Filho de Deus.
Para o Grego, era o pior tipo de absurdo, porque declarava que este Judeu de um lugar distante era, na verdade, Deus em carne.
Por isso, Paulo sabia que, quando abrisse sua boca para proclamar o evangelho, ele seria completamente rejeitado e ridicularizado com desprezo, a menos que o Espírito Santo interviesse e movesse sobre os corações e mentes dos que escutavam. Isso é o que ele sabia. Isso é o que você deve saber. Se você está pregando o evangelho de maneira correta, ele será um escândalo. Se você tentar diminuir o escândalo, não estará mais pregando o evangelho.
Plínio, o jovem, escreveu: “Depois de examinar duas meninas escravas cristãs sob tortura, eu descobri nada mais do que uma superstição perversa e extravagante”.
No diálogo “Octávius”, por Minúncius Felix, ele fala sobre o cristão: Suas cerimônias se concentram em um homem executado por seu crime, sob a fatal madeira da cruz.”.
E diz ainda: “Os cristãos apresentam delírios doentes, uma superstição louca e sem sentido, que leva a destruição de toda religião verdadeira”.
Sei que posso ofender alguns com o que irei escrever adiante, mas a verdade é que a maioria das estratégias modernas, para o “crescimento da Igreja”, usadas pelas Igrejas Evangélicas se focam principalmente nisso que acabo de citar acima.
No Oráculo de Apolo, preservados nos escritos de Agostinho, em resposta a pergunta de um homem sobre o que podia fazer para livrar a sua esposa da Fé Cristã, ele disse: “Deixe que ela continue, como queira , persistindo em seus delírios vãos. Lamentando com cânticos a um Deus que morreu em delírios e foi condenado por Juízes, cujo veredito foi justo, além de ser executado no princípio de sua vida com a pior das mortes, uma morte atada com ferro”.
Lucian(praticamente o Voltaire da antiguidade) zomba dos cristãos em sua obra “De Morte Peregrine”. Descrevendo-os como: “Pobres diabos, que negam os deuses gregos, além disso, honram a esse sofista crucificado e vivem de acordo com sua lei”.
Na obra original, “Contra Celsius”, Celsius declara: “Que mulher velha e bêbada, contando histórias para um menino dormir não se envergonharia de resmungar coisas tão absurdas?
Atualmente, o evangelho não é menos ofensivo, pois continua contradizendo a cada residente ou “ismo” presente em nossa cultura.

Relativismo, Pluralismo e Humanismo

Primeiro, vivemos numa época de Relativismo. Um sistema de crença que se baseia na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas.
Hipocritamente aplaudimos aos homens por buscarem a verdade, mas logo pedimos a execução pública de qualquer um que admite tê-la encontrado.
Vivemos numa época de obscurantismo auto-imposto. Porque? As razões para isso são claras! O homem natural é uma criatura caída, moralmente corrupta e está empenhado em ter autonomia, isto é, governar-se a si mesmo. Ele odeia Deus, pois é justo; e odeias as leis de Deus, pois elas o censuram e restringem sua maldade. Ele odeia a verdade, pois expõe quem ele é e aflige o que lhe restou da consciência.
Portanto o homem caído busca empurrar a verdade, especialmente a verdade sobre Deus, o mais longe possível dele, afim de eliminá-la.
Ele irá a qualquer extremo para suprimir a verdade, até mesmo ao ponto de intentar que a verdade é algo que não existe, ou, se na verdade existe, não pode ser conhecida ou não possui relevância alguma em nossas vidas.
Perceba isso com respeito ao Evangelho. Nunca é o caso de um Deus escondido, mas sim do homem que se esconde. O problema nunca foi o intelecto, mas a vontade. Eu não creio que a Bíblia dê algum espaço para o ateísmo. São mentirosos os que aborrecem a Deus e empurram a verdade para fora de suas mentes, pois não existe tal coisa como ATEU. Pois, apesar de tudo, eles sabem.
Como um homem que esconde sua própria cabeça na areia para evitar um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade do Deus justo e de moral absoluta. Com a esperança de silenciar a sua consciência e tirar de sua mente o Juízo que sabe que deve vir.
Agora, o evangelho cristão é um escândalo para o homem envolvido com o relativismo, e para sua cultura, pois ele faz exatamente o que o homem mais deseja evitar. Desperta-o do adormecimento auto-imposto para a realidade de sua natureza caída e rebelde, e o chama a rejeitar a auto-suficiência e o auto-governo e se submeter a Deus através do arrependimento e fé em Jesus Cristo.
Segundo, vivemos também numa época de Pluralismo. Um sistema de crença que põe fim à verdade ao declarar que tudo é verdade.
Vocês entendem o que estou dizendo? Quando tudo é verdade; quando declarações contraditórias que são diametralmente opostas são etiquetadas como verdades, o resultado é a morte da VERDADE.
Prestem atenção, o que vou dizer agora pode ser difícil de entender para os cristãos contemporâneos, mas os cristãos que viveram nos primeiros séculos da fé cristã foram marcados e perseguidos como ATEUS. E você também o será, se um avivamento não ocorrer nesse país. Esta será uma das razões pelas quais você irá para prisão.
Seguindo, a cultura que rodeava o Cristianismo estava mergulhada em Teísmo. O mundo estava cheio de imagens de deidades e a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam as deidades dos outros, mas também as trocavam e as compartilhavam como se fossem cartões de beisebol.
O mundo religioso inteiro estava funcionando muito bem até que os cristãos apareceram e declararam que os deuses feitos por mãos humanas não eram deuses de verdade. Eles se negavam a dar aos Cesares as honras que lhes eram exigidas. Recusavam-se a dobrar os joelhos diante dos outros supostos deuses e confessavam apenas a Jesus como Senhor de tudo. Por isso, foram rotulados como ATEUS.
O mundo inteiro via essa “arrogância assombrosa” e reagia com fúria contra os cristãos por sua intolerância contra a tolerância.
Vejam essas palavras: “Arrogância Assombrosa”! Esse mesmo cenário abunda em nosso Mundo atualmente.
Contra toda lógica, é-nos dito que todos os pontos de vista com respeito a religião e a moralidade são Verdadeiros sem importar quão radicalmente diferentes sejam ou quão contraditórios possam ser. O aspecto mais esmagador de tudo isso é que através de esforços incansáveis do mundo acadêmico e dos meios de comunicação isto se tem convertido na opinião da maioria.
De qualquer maneira, o Pluralismo não aponta a cura da Maldade. Somente anestesia o paciente para que não possa sentir ou pensar!
Já o Evangelho é um escândalo porque desperta o homem de sua sonolência e se nega a deixá-lo repousar sobre um fundamento tão ilógico. Obriga-o a chegar a uma conclusão. “Quanto tempo mais você irá hesitar entre duas opiniões? Se Deus é o Senhor, siga-o; se é Baal, siga-o.”
O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo.
Eu nunca pensei que teria que dizer isso a evangélicos. Nunca pensei que viria o dia em que teria que falar a evangélicos que o Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que iríamos perder a Cristo como único caminho.
O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Jesus não é UM caminho, mas sim O caminho. E todos os demais caminhos não são caminhos de forma alguma.
Agora prestem atenção, pois isso é o que está acontecendo hoje em dia.
Se o Cristianismo simplesmente se mover um pequeno passo rumo a um ecumenismo mais tolerante e alterar o artigo definido “O” em “O Salvador” pelo artigo indefinido “um” em “um salvador” o escândalo será removido, o mundo e o cristianismo se tornariam amigos.
Você percebe isso? Se simplesmente dissermos que Jeová é “um” Deus, já não teríamos mais perseguição sobre nós. Se simplesmente dissermos que Jesus é “um” salvador, convidar-me-iam para o programa da Oprah Winfrey.
Vocês percebem isso? Todo o escândalo seria removido. “Se somente dissermos que Ele é o nosso salvador. Vocês têm o de vocês, e nós temos o nosso! Não vamos impor nada a vocês! Não vamos discutir nem dialogar nada. Se esse é o seu caminho, siga-o; pois eu vou seguir o meu!” Se somente dissermos isso, nunca seríamos perseguidos.
Mas se fizermos isso, o cristianismo deixa de ser cristianismo, nós deixamos de ser cristãos, Cristo é negado e o Mundo fica sem um Salvador!
Terceiro, vivemos numa época de Humanismo. Durante as últimas décadas, o homem tem lutado para tirar Deus de sua consciência e de sua cultura. Tem derrubado cada um dos altares visíveis do único e verdadeiro Deus para construir monumentos dedicados a si mesmo com o zelo de um fanático religioso.
Isso não é secularismo contra o pensamento religioso. Não pense assim! Porque o “secularista” tem uma religião. E, algumas vezes, ele é muito mais fanático em sua religião do que qualquer cristão pudera ser.
O homem tem conseguido fazer de si mesmo o padrão central e o fim de todas as coisas. Ele louva o seu próprio valor inerente, exige homenagens a sua auto-estima e promove o cumprimento de suas ambições e auto-realizações como a coisa mais importante a se alcançar.
E se você não crê que isso se tem alastrado dentro do cristianismo. Então você não leu o livro: “Tua Melhor Vida Agora” de Joel Osteen. Porque é exatamente disso que se trata.
Ele tenta colocar o remorso de sua consciência,(não se pode remover, está aí para ficar). Ele tenta explicar o remorso de sua consciência, como o remanescente de uma religião antiquada de culpa: o Cristianismo.
Ele livra a si mesmo de qualquer responsabilidade do caos moral que o rodeia culpando a sociedade, ou, pelo menos, a parte da sociedade que não tem alcançado a sua “iluminação”.
Qualquer sugestão, de que a sua consciência pode estar correta em seu testemunho contra ele mesmo, ou de que ele seria responsável pelas quase infinitas variedade de maldade no mundo, é IMPENSÁVEL!
Por esta razão o Evangelho é um escândalo para o homem caído, porque expõe suas ilusões sobre si mesmo, convence-o de sua queda e de sua culpa (esse é o principal e primeiro trabalho do evangelho).
Esta é a razão pela qual o mundo detesta tanto a pregação do Evangelho, porque o verdadeiro Evangelho arruína a festa do homem, faz cair chuva sobre a sua celebração, expõe suas falsas crenças, e faz ver que o “Imperador está nu”!
As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é pedra de tropeço e uma loucura para todo o homem em todo o tempo.
Não se trata apenas de ser escândalo! Supõe-se que ele DEVE ser um escândalo!
Quem foi o pregador de avivamento do passado que disse: “Como é possível que o mundo não tenha ido bem com o homem mais santo que andou sobre a terra, mas pode viver bem conosco”? Supõe-se que DEVERÍAMOS ser um escândalo!
Prestem atenção, não devemos viver como um bando de fanáticos. Não temos que fazer um monte de loucuras para sermos escândalo. Basta sermos fiéis a esta única proclamação: Jesus é o Senhor de tudo!
Buscar remover o escândalo dessa mensagem é anular a cruz de Cristo e seu poder salvador. Devemos compreender que o Evangelho não é apenas escandaloso, mas se supõe que deva ser assim.
Através da loucura do Evangelho, Deus decretou destruir a sabedoria dos sábios, frustrar a inteligência dos mais brilhantes, e humilhar o orgulho de todos os homens, com o fim de que nenhuma carne se glorie em Sua presença, assim como está escrito:
Mas o que se gloria, glorie-se no Senhor” II Co 10:17
O Evangelho de Paulo não só contradisse a filosofia religiosa e a cultura de seus dias, como também os declarava guerra. (Não uma guerra política, em militar, mas sim uma guerra espiritual pela verdade).
Recusava a trégua ou fazer tratados com o mundo. E não se conformava com nada menos do que a rendição absoluta ao Senhorio de Jesus Cristo, até que cada um de nossos pensamentos fosse levado cativo a Cristo.
Faríamos bem em seguir o exemplo de Paulo. Devemos ser cuidadosos e rejeitar qualquer tentação em conformar o nosso Evangelho a moda de nossos dias, ou ao desejo de homens carnais.
OBS: Uma coisa sobre missões. Existe todo tipo de missões nesse mundo. Não necessitamos de mais missões. A maioria delas nem são missões bíblicas. Você que é um novo missionário, as missões devem ser definidas pelo exegeta e pelo teólogo. Pelo estudioso das Escrituras, não pelo Antropólogo ou Sociólogo, nem pelos novos especialistas em novas tendências culturais.
Fazemos evangelismo de acordo com os escritos sagrados das Escrituras e não precisamos da ajuda de Wall Street para isso.
Não temos nenhum direito de diminuir a afronta do Evangelho, ou civilizar as suas exigências radicais, com o objetivo de fazê-lo mais atrativo a um mundo caído ou aos membros carnais da Igreja.
Nossas Igrejas estão cheias de estratégias para fazê-las mais “amigáveis”, ao re-encapar o Evangelho, ao remover a pedra de tropeço, e ao remover o fio da navalha para que seja mais aceitável para os homens carnais.
Devemos ser “amigáveis”, mas devemos nos dar conta que somente existe um que busca e este é Deus! Se não estamos nos esforçando para fazer uma mensagem para nossa Igreja e a mensagem está “agradável”, então façamos “agradável” a Ele!
Se não estamos nos esforçando para fazer de nossa Igreja nosso ministério, então façamos com a paixão de glorificar a Deus. E com o desejo de não ofender a sua Majestade.
Lancemos ao vento o que o mundo pensa de nós. Não estamos aqui para buscar as honras dos homens, mas sim as honras dos céus.

Conclusão

Nossa mensagem não somente é um escândalo, como é inacreditável. Quero que tomem consciência disso. É uma mensagem inacreditável!
Como disse anteriormente, na carne, Paulo teria todas as razões para sentir-se envergonhado do Evangelho que pregava. Se tivesse, entretanto, outro motivo para ter vergonha carnal, o Evangelho é realmente uma mensagem inacreditável. Um aviso absurdo para os sábios deste mundo.
Como Cristãos, muitas vezes falhamos em dar conta do quão assombroso é quando alguém crê em nossa mensagem. Num sentido, o Evangelho chega tão longe que sua propagação no Império Romano é prova de sua natureza sobrenatural, pois ser capaz de atrair um gentil completamente ignorante sobre o Antigo Testamento, arraigado na filosofia grega ou em superstições pagãs, que passa a acreditar em uma mensagem sobre um homem chamado Jesus.

Este nasceu em circunstâncias questionáveis, numa família pobre, numa das regiões mais depreciadas do Império Romano e, apesar disso, o Evangelho declara que Ele era o eterno Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem.
Foi carpinteiro de profissão, um mestre religioso itinerante sem instrução formal e, apesar disso, o Evangelho afirma que Ele é superior a sabedoria comum do filósofo grego e dos sábios romanos da antiguidade.
Foi pobre e não tinha onde reclinar a cabeça, e, apesar disso, o Evangelho declara que por 3 anos alimentou milhares pela palavra, curou todo tipo de enfermidade entre os homens e até ressuscitou os mortos.

Foi crucificado fora de Jerusalém, como um blasfemador e inimigo do 
 Estado, e, apesar disso, o Evangelho declara que sua morte foi o evento fundamental em toda história da humanidade, e o único meio para a salvação do pecado e a reconciliação com Deus.
Foi colocado numa tumba emprestada e, apesar disso, o Evangelho declara que ao terceiro dia ressuscitou dentre os mortos, apareceu a muitos de seus seguidores, em 40 dias ascendeu aos Céus e se sentou à direta do Altíssimo Majestoso.
Portanto, o Evangelho afirma que um carpinteiro judeu e pobre, que foi taxado como lunático e considerado um blasfemador por seu próprio povo, crucificado pelo Estado, é agora o Salvador do mundo, o Senhor dos senhores, o Rei dos reis e em Seu nome, todo joelho se dobrará, incluindo os Césares.
Você tem alguma idéia de como era impossível para qualquer um, nos tempos de Paulo, crer nesta mensagem? Isso era impossível!!! Quem poderia ter crido em tal mensagem senão pelo poder de Deus? Não existe outra explicação!
O Evangelho não poderia ser levado para fora de Jerusalém, muito menos ao Império Romano, e a toda nação deste mundo a menos que Deus tenha estabelecido que isso acontecesse.

A mensagem teria morrido desde o momento de sua concepção, se tivesse dependido de habilidades organizacionais, eloqüência, ou poderes apologéticos de seus pregadores. Todas as estratégias missionárias do mundo e todas as artimanhas astutas do mercado de Wall Street nunca poderiam fazer o Evangelho avançar. O tropeço e a loucura do Evangelho.
Martin Hengel escreve sobre o escândalo antigo da cruz: “Crer que o único Filho pré-existente do Deus único e verdadeiro, mediador da criação e redentor do mundo, tenha aparecido em tempos recentes num lugar afastado da Galiléia, como um membro da obscura nação dos Judeus, e pior, tenha morrido a morte de um criminoso comum em uma cruz, somente pode ser considerado como um sinal de demência total…”
Portanto esta verdade trás encorajamento e alerta para os que pregam o evangelho.

Primeiro, é um incentivo saber que uma proclamação simples e fiel do Evangelho vai assegurar o seu avanço contínuo no mundo.
Segundo, é uma advertência para que nós não sucumbamos à mentira de que podemos fazer avançar o Evangelho através do brilho, eloqüência ou habilidosas estratégias de crescimento de Igrejas.

Tais coisas não possuem poder para concretizar a conversão impossível dos homens. Devemos mergulhar com desespero esperançoso sobre os únicos meios bíblicos para apresentar o Evangelho. A proclamação ousada e clara de uma mensagem que só não temos vergonha, mas que cremos e nos gloriamos, pois é o poder de Deus para a salvação de qualquer um que crer.
Por fim, vivemos numa época incrédula e cética. Nossa fé é ridicularizada, como um mito sem esperança. E somos vistos como fanáticos de mente fechada, ou vítimas, de mente fraca, de um engano religioso.

Tal ataque frequentemente nos coloca na defensiva e tentamos contra-atacar e provar nossa posição e relevância com apologética. Não sou contra a apologética, pois algumas formas dessa disciplina são úteis e necessárias, mas devemos nos dar conta que o poder, entretanto, está na proclamação do Evangelho.
Não podemos convencer o homem a crer, assim como não podemos levantar os mortos. Tais coisas são obras do Espírito de Deus. Os homens são atraídos a fé somente através da obra sobrenatural de Deus. E Ele tem prometido trabalhar, não através da sabedoria humana, ou por habilidades intelectuais, mas através da pregação de Cristo crucificado e ressuscitado dentre os mortos.

Devemos enfrentar o fato de que nosso Evangelho é uma mensagem que não se crê. Não devemos esperar que alguém nos preste atenção, muito menos que creia, sem a obra graciosa e poderosa do Espírito Santo de Deus.
Quão sem esperança é a nossa pregação quando separada do poder de Deus! Quão dependentes de Deus são todas as nossas pregações! Todo nosso evangelismo é nada mais que uma incumbência de tolos, a menos que Deus toque nos corações dos homens.
Não obstante, Ele tem prometido fazer justamente isso, se pregarmos fielmente o Evangelho. Está escrito:
 “Veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.
E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.
E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes.
Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.
Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.
E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o SENHOR.
Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.
E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.
E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.” Ezequiel 37:1-10
O texto acima representa a conversão dos homens. Quando vamos pregar, como lemos no texto, sempre seremos um Ezequiel e sempre estaremos parados em um vale de ossos secos. E, observem, eles estão muito secos.
Certamente, nos tempos de Ezequiel não havia nenhuma técnica pata trazer vidas a ossos secos. A medula estava completamente seca, fora dos esqueletos. Não era mais que poeira! Não havia técnica, não havia persuasão, não havia poder, não havia nada que humanamente se pudesse fazer para trazer esses ossos à vida.

Isso é evangelismo e seria bom que aprendesse agora. Isso é evangelismo.
Os homens estão mortos em seus pecados. Não estão somente mortos, mas são escravos do pecado. A vida, que têm, é só para seguir o “príncipe deste mundo”.

Eles aborrecem a Deus; são inimigos de Deus, estão cegos. Fazem tudo em seu poder para restringir e limitar cada traço de conhecimento que têm sobre Deus. Trabalham com todas as suas forças para fechar a sua consciência para que ela não fale.
Preferem sofrer no Lago de Fogo que dobrar seus joelhos, arrependerem-se e crerem em Deus.
Agora, vá e trate em aprender alguma técnica evangelística para trazê-los a vida. Fazem intermináveis chamadas ao altar para repetir uma oração. Contam todo tipo de histórias sentimentais. Manipulam suas paixões, suas emoções e a única coisa que vão obter é um grupo de filhos duplamente do inferno.
Para que os homens sejam salvos, há somente uma forma: que um homem, como Ezequiel, pare no meio deste vale e pregue a única mensagem que Deus prometeu abençoar, que é o Evangelho de Jesus Cristo!
Quando estamos buscando missionários, ou quando estamos entrevistando candidatos, só queremos uma coisa: um homem que sabe que seu ministério é uma impossibilidade, que os homens não podem ser convertidos, como tampouco os mortos podem ser ressuscitados, e mundos não podem ser criados do nada. 

Um homem que entenda que tem somente algumas armas de guerra, mas que são poderosas:
1)      A pregação do Evangelho;
2)      A Oração Intercessória;
3)      O amor sacrificial de doar-se a si mesmo.

Dê-me homens e mulheres, como estes; e verão como o Evangelho avançará no mundo.
Quanto mais você depender de métodos carnais, quanto mais Igrejas tentarem encher, não por serem bíblicos, mas por encontrarem a última moda com que podem atrair um maior número de pessoas. Quanto mais fizermos isso, nunca veremos o poder de Deus.
E a Igreja em seu desejo de ser relevante, torna-se ridícula frente a seus inimigos, pois se vocês atraem pessoas usando métodos carnais, terão que manter essas pessoas usando métodos carnais.
Devemos, portanto, aprender a viver, pregar na dependência do Espírito Santo de Deus.

FONTE; http://arautodecristo.com/2011/06/02/artigo-paul-washer-evangelho-loucura-para-a-igreja-pos-moderna/

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sermão Puritano: Um Novo Modelo de Exposição- Joseph Pipa


Imagem cedida por: www.iveraldopereiragmail.blogspot.com 
A multidão estava emocionada na Igreja de Santa Maria quando John Cotton subiu ao púlpito para pregar. Ele era tão famoso que muitos vieram para ouvi-lo pregar aquele sermão para a Universidade, pois mesmo ainda jovem já demonstrava muita habilidade e conhecimento. Já havia demonstrado que era um orador poderoso. No seu sermão anterior, pregado na Universidade, tinha deixado o povo “eletrificado” através de seu estilo e da sua eloqüência. Por isso, muitos tinham vindo ouvi-lo com aquele expectativa de ver “fogos de artifício” de eloqüência. Mas, quando ele começou a pregar, uma onda de desapontamento começou a varrer a multidão presente porque este mestre em retórica estava pregando no estilo simples e direto dos puritanos.  
O que havia acontecido com John Cotton? No período entre estas suas duas pregações John Cotton havia se convertido através da pregação do grande puritano Richard Sibbes. Sua conversão afetou sua forma de pregar. Seu biógrafo, Cotton Mather, da Nova Inglaterra, diz o que aconteceu com John Cotton: “Mr Cotton, após sua conversão, resolveu que sempre pregaria de forma direta um sermão que, de acordo com sua consciência, fosse o mais agradável a Cristo”. Esta não foi uma decisão fácil, pois se ele pregasse como os puritanos estaria, supostamente, trazendo vergonha para a causa de Deus. Existe este ditado de que a religião faz com que os estudiosos se transformem em tolos, o que, pela graça de Deus, esperamos que não ocorra. Por outro lado John Cotton sentiu que era sua obrigação pregar de forma direta como convinha aos oráculos de Deus. Pois o propósito da Bíblia era converter os homens e não simplesmente fazer ostentação teatral. Este conflito que John Cotton passou nos permite analisar a filosofia da pregação dos puritanos.  
Quando Cotton pregou este segundo sermão em 1610, a pregação puritana já havia sido caracterizada e marcada com seu estilo bem definido. Este estilo de pregação não era apenas a marca característica de um grupo, mas havia sido resultado de convicções essencialmente teológicas - pregar de forma direta a Palavra.
Os puritanos usavam o novo método reformado e direto de pregar. Este novo método reformado era um tipo especial de estrutura, de esboço de sermão. Quando lemos os sermões dos puritanos ou o sermão de Jonathan Edwards, “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”, percebemos sua estrutura. O sermão começa com uma análise do contexto, seguida de uma breve explicação exegética e, desta exegese, o pregador extrai as doutrinas que ele vai pregar. Logo ele desenvolve estas doutrinas com provas e argumentos. Finalmente faz a aplicação à congregação, o que chamavam de “usos”. Além disso, na forma da pregação, eles usavam o estilo de comunicação que era muito diferente dos demais pregadores britânicos da época.
Muitos hoje concebem o estilo de pregação puritano como sendo cheio de muitas palavras, monótono e escolástico. Entretanto, apesar disso, nos seus próprios dias, a pregação puritana com todo esse estilo revolucionou a Inglaterra. 
Para que compreendamos este novo método reformado, vamos inicialmente entender o estado ou a forma como se pregava na segunda parte do século XVI. Na época da Reforma havia basicamente dois tipos de sermão em uso. Muitos, como Calvino, usavam aquilo que se chama de forma antiga. É chamada de antiga porque historicamente se liga até aos primeiros grandes pregadores da história da Igreja como João Crisóstomo. A forma antiga de pregação não tinha nenhuma estrutura elaborada de organização. Se lermos os comentários de Calvino perceberemos que ele simplesmente segue a ordem do texto fazendo a exegese e trazendo a aplicação. Outros usavam uma forma semelhante à moderna, o que se vê hoje. Na verdade, o que chamamos de forma “moderna” vinha desde a Idade Média. Era um estilo de pregação que se desenvolveu com base na oratória de Cícero e, nas mãos dos pregadores da Idade Média, havia se tornado uma forma muito laboriosa e florida de se pregar. Mas os reformadores tomaram esta forma de pregação e eliminaram toda sua ornamentação, e passaram a usar aquele tipo de sermão clássico, muito próximo ao sermão que encontramos nos clássicos livros de homilética. Ou seja, introdução, divisão do texto, pregação de pontos em sucessão e a conclusão. Para alguns pregadores ingleses esse tipo de pregação se tornou uma arma potente em suas mãos. Mas, muitos dos pregadores ingleses daquela época haviam voltado ao método escolástico de pregação. Estavam tão influenciados pela retórica e dialética de Aristóteles que o sermão em suas mãos se tornou simplesmente uma dissecação minuciosa, fria e sem vida do texto, além de não ter aplicação prática à vida. O problema foi que eles, ao invés de desenvolverem uma filosofia própria de pregação, consideraram a pregação como uma subdivisão da retórica e dialética clássica. Nos dias de hoje se faz algo muito parecido. Mas os reformadores insistiram que a homilética, a arte de pregar, deveria ser uma ciência que tivesse existência própria. Sem dúvida ajudada pela retórica e dialética, mas não baseada nestas coisas.  
Nos dias modernos, teorias de comunicação têm tomado o lugar da retórica. Cada vez mais os seminários estão falando de formas como comunicar em lugar de como pregar. Aqui existe uma diferença profunda. Hoje perdemos a ciência, a arte bíblica da homilética. A pregação pública perdeu a sua dimensão bíblica e o seu poder bíblico. Nas mãos dos pregadores ingleses este estilo se tornou um instrumento que fazia com que as convicções retóricas do pregador fossem inseridas nos seus sermões, o que naturalmente afetava e alterava o sentido do texto. Mas isso não os preocupava pois seguiam as idiossincrasias da igreja primitiva em termos de exegese. Seus sermões eram cheios de alegorias. Cito um exemplo de um pregador britânico. Seu texto era Lucas 23:28 quando há o relato das mulheres chorando quando Jesus levava a cruz. Ele começa descrevendo os 4 tipos de mulheres que estavam ali chorando. Após fazer a introdução à sua passagem, divide o texto em 8 partes como segue: Nesta passagem podemos observar tantas palavras se referindo a tantos lugares. São oito expressões com oito partes. A primeira expressão: “não chores”; a segunda: “chorai”; a terceira: “não chore mas chore”; a quarta: “por mim”; a quinta: “por vós mesmas”; a sexta: “por mim e por vocês mesmas”; a sétima: “não chorai por mim”; a oitava: “chorai por vocês mesmas”. É patético mas esta era a divisão do sermão. Isso é apenas uma ilustração de como os pregadores ingleses daquela época estavam dividindo e fazendo o esboço de seus sermões. 
Naturalmente, além de usar esta forma, este método de esboço, eles usavam muito pouca aplicação. E quando faziam uma aplicação, era mais de uma maneira genérica. Esta perspectiva nasceu da sua filosofia de pregação. Eles não criam que o sermão era o meio principal de graça. Não criam na centralidade da pregação no culto. Na opinião deles a celebração dos sacramentos deveria ter tanto efeito na mente das pessoas quanto o sermão. Assim, a teologia deles influenciava o esboço, a estrutura do sermão e o estilo de suas pregações. O sermão de pessoas com estas convicções são exemplos de fantasias poéticas. A eloqüência artificial que eles demonstravam era conseguida através da rima que faziam nas palavras e frases. Faziam jogo de palavras; usavam palavras com duplo sentido. Seus sermões estavam cheios de citações de grego e latim para demonstrar erudição. O propósito destes pregadores era eletrizar a sua audiência, não com a verdade da Palavra de Deus, mas com sua eloqüência. O paralelo moderno deste tipo de sermão é aquela pregação cheia de piadas e estórias, anedotas, ilustrações humorísticas. Nos Estados Unidos temos pregadores que a cada ponto do seu sermão contam dez estórias diferentes. Mas na realidade o que está por trás é esta visão do sermão: a teoria da comunicação.
Estou falando sobre isto porque acredito que é muito relevante estes exemplos que tiramos da história da pregação. Precisamos ver isto para podermos localizar e entender de que forma os puritanos viam a pregação. Sem dúvida alguma os puritanos estavam completamente insatisfeitos com a forma e o estilo do sermão dos anglicanos. Por isso citei a experiência de John Cotton. Os puritanos rejeitaram o estilo anglicano de pregação e no seu lugar introduziram o novo método reformado com seu estilo direto de pregar.  
Teologia Puritana da Pregação
Os puritanos consideravam a pregação como a função principal do pastor e fundamentavam esta convicção no fato de a pregação ter sido o trabalho principal de Cristo e dos apóstolos. Portanto, aderiram firmemente ao princípio da centralidade da pregação no culto. Para os puritanos, durante a pregação uma “transação” especial estava ocorrendo. Seguindo a tradição dos apóstolos e João Calvino, os puritanos acreditavam que quando um homem ordenado (pela Igreja) para pregar, expunha a Palavra de Deus, Cristo estava falando através dele. Pela pregação, a Palavra escrita se torna a Palavra viva de Deus. O puritano William Perkins escreveu: “Porque quando as promessas da misericórdia de Deus são oferecidas ao Seu povo através da pregação da Palavra por um ministro ordenado, é como se o próprio Cristo, em pessoa, estivesse falando através das Suas ordenanças”.

Este é um ensino claramente expresso no NT. Isso precisa ser redescoberto nos nossos dias. É a base teológica pela qual podemos entender porque a pregação tem de ser central no culto. Tudo que fazemos no culto é importante, e quando estamos adorando no culto estamos falando a Deus. Mas o nosso culto atinge o clímax quando Deus em resposta nos fala. Por isso a pregação era algo tão importante para os puritanos e deve ser, pela mesma razão, importante para nós. Baseados nesta compreensão que eles tinham da natureza da pregação os puritanos consideravam a pregação como o meio principal de graça. Para eles, era através da pregação que Deus primariamente haveria de converter e santificar os pecadores. Eles pregavam com este propósito em mente. O grande alvo dos puritanos era mudar as pessoas e equipar o povo de Deus para trabalhar para a glória de Deus. Eles queriam que o povo percebesse o quanto precisavam de pregação 
Um grande pregador puritano chamado Henry Smith, disse: “Queridos, se vocês considerarem que não podem ser nutridos para a vida eterna senão pelo leite da Palavra de Deus, vocês prefeririam que seus corpos estivessem sem alma do que ter as suas igrejas sem pregadores”. Em outro sermão, para enfatizar a importância do pregador, ele disse: “Vocês precisam que lhes ensine porque Paulo fazia tanta questão de ter pregadores. É porque os pregadores são como lâmpadas (candeeiros) que se consomem a si mesmos para dar luz aos outros e se consomem para trazer luz até vocês; eles são como a galinha que protege os seus pintinhos contra os gaviões; também eles nos protegem da serpente enganadora; e porque eles são como um grito que derrubou as muralhas de Jericó, assim também derrubam as muralhas do pecado; porque são como aquela coluna de fogo que conduzia os israelitas até a terra da promessa, da mesma forma os pregadores vão adiante de vocês levando-os à terra da promessa; porque os pregadores são como André que chamou seu irmão para verem o Messias, assim também eles chamam vocês para venham ver o Messias; portanto, tenham os pregadores em alta estima”.
Com base na compreensão puritana da natureza teológica da pregação foram desenvolvidas o que podemos classificar como sendo as cinco marcas do verdadeiro sermão. 
1. Se Cristo vai nos falar através do sermão, ele tem de ser bíblico.
A Diretório de Culto de Westminster nos diz: “De forma geral, o tema de um sermão tem de ser um texto da Escritura expondo alguns princípios básicos da religião e que são adaptados ou que são úteis a determinadas ocasiões, ou então o pregador pode pregar expositivamente através de um capítulo, de uma parte de um livro ou de um salmo da Escritura”. A primeira coisa que notamos aqui é que para os puritanos o conteúdo da pregação deveria ser primeiramente a Palavra de Deus. E mesmo que seja um sermão tópico seu objetivo deve ser expor o conteúdo da Escritura. Qualquer parte de um sermão tem de ser baseado na Palavra de Deus. Cada pregador deve perguntar: Será que posso dizer que meus sermões são bíblicos? Com relação ao método, os puritanos recomendavam e praticavam, em termos gerais, a pregação expositiva. 
 
2. A pregação deve atingir a mente. Deve ser lógico.
Os puritanos estavam convencidos que o pregador deve se aproximar do coração de sua audiência através de suas mentes. Portanto, o sermão devia ser intensamente lógico, expondo a verdade, linha por linha, preceito por preceito. Por causa disso os sermões puritanos eram cheios de argumentos, provas e demonstrações que partiam das Escrituras. Eles eram “experts” na persuasão e, talvez o maior de todos eles tenha sido Jonathan Edwards.
 
3. A pregação deve ser de fácil memorização.
O povo deve ser capaz de lembrar-se do que o pastor pregou. De acordo com a maneira puritana de pensar, embora o sermão devia operar quando no próprio ato da pregação, ele deveria continuar a sua obra de edificação à medida que o povo levava o sermão para casa. Portanto, os pregadores puritanos encorajavam as pessoas para que elas meditassem em casa sobre o sermão pregado, sobre o que se havia dito. Encorajavam as pessoas a tomarem nota e decorarem os pontos principais do esboço do sermão; que não somente no culto doméstico, mas também na escola, a congregação deveria repetir o sermão do domingo. Se o povo fizesse tudo isso precisava de alguma coisa sólida em que se firmar.

O tipo de pregação que encontramos hoje e que exerce uma pressão apenas sobre a consciência não é passível de memorização. Se o sermão vai ser decorado pela congregação deve ter uma estrutura clara que facilite esta memorização e a estrutura do sermão puritano capacitava o povo a memorizar. Isso ainda é verdade hoje. Quando acabamos de pregar nos dias de hoje, a nossa congregação deveria ser capaz de ir para casa levando em suas mentes pelo menos o esboço do que foi dito. No último dia do Senhor tive uma experiência singular com respeito a esta verdade. Às margens do rio Amazonas, em uma fazenda, tive o privilégio de pregar pela manhã daquele domingo através de um intérprete a muitos que não sabiam ler. Mas, porque o sermão foi claro e direto, muitos puderam compreender e memorizar. No culto da noite um motorista de caminhão ficou de pé e recitou o meu sermão para a congregação, apenas porque a estrutura do sermão tinha sido simples, fácil de memorizar.
Lembremos: o sermão deve ser bíblico, lógico e fácil de memorizar. 
4. Mas o sermão deve ser claro.
Não deve haver nada no sermão que faça com que as pessoas se desviem da verdade, que distraia a atenção para outra coisa além da verdade. O sermão deve ter uma linguagem popular, com um vocabulário simples e “crucificado”, sem chamar atenção para o ego. Naturalmente que nem todos irão compreender a verdade, mas de qualquer forma a verdade deve ser proclamada numa linguagem de todos. 
 
5. O sermão deve ser transformador.
O grande propósito do sermão puritano era transformar a vida das pessoas e equipá-las para viver para a glória de Deus. Portanto deveria ser apresentado com aplicação e ajuda.

Este é um breve sumário da teologia da pregação puritana. Começamos dando uma olhada no estado geral da pregação na segunda metade do século XVI e a reação puritana contra essa situação que se expressa na sua própria teologia da pregação.
Método Puritano de Pregação.
Este método chegou a ser conhecido como novo método reformado, e o mentor deste tipo de pregação e que o desenvolveu foi William Perkins. Perkins “encarnava” toda a teologia puritana em seu pastorado e pregação. Era um pregador poderoso e fiel. John Cotton disse que no dia que ouviu as badaladas do sino da igreja chamando para o funeral de William Perkins, secretamente ele vibrou de alegria. Por quê? Porque a sua consciência havia sido severamente ferida debaixo da pregação poderosa de Perkins. Ele disse: “Agora que o atormentador morreu, posso escapar desta convicção de pecado que sempre vinha de seus sermões”. Mas a experiência de John Cotton não é um evento isolado. A pregação de Perkins teve uma influência incalculável em muitas pessoas nos seus dias. Seu biógrafo diz que ele era capaz de se comunicar com pessoas de todos os níveis sociais, desde o operário e o comerciante até o professor de Universidade. Ele podia pregar de forma eficaz e não somente aos perdidos, mas aos crentes. Williams Ames nos diz que quando ele foi a Cambridge, dez anos depois da morte de Perkins, a cidade ainda estava cheia de referências a William Perkins. 
 
Com o propósito de reformar a Igreja e levá-la para dentro daquele programa puritano de reforma, Perkins escreveu um livro: “A Arte de Profetizar”. Ele usava a palavra profetizar no sentido de pregar. O propósito era dar aos pregadores ingleses um livro de Homilética para usarem no preparo dos seus sermões. É interessante que desde a Reforma até a publicação deste livro (1592), nenhum livro havia sido publicado dentro da igreja da Inglaterra a respeito de pregação. Perkins havia procurado suprir esta necessidade. Ele percebia que os pastores não tinham treinamento apropriado para pregar. Seu livro tem duas partes principais. Depois de dar o contexto inicial, ele trata da estrutura do sermão e a proclamação deste sermão. Nesta primeira parte ele falava do esboço do sermão e tratava dos seus princípios teológicos. Ele tem um capítulo final onde trata da questão de como o pastor deve dirigir a congregação em público.  
É verdade que Perkins desenvolve a estrutura do sermão baseado numa teoria de comunicação. Isto é importante para nós, pois ele acreditava que a maneira de alcançar as emoções e a vontade das pessoas era indo através do intelecto. Ele estava aplicando as teorias e os métodos pedagógicos de Tirano. Perkins acreditava que o pregador se dirigia primeiro ao intelecto usando verdades irrefutáveis, princípios irrefutáveis da exegese e, se houvesse necessidade, estes princípios poderiam ser repetidos através de demonstração e argumentação. Uma vez que a pessoa havia aceito a verdade que estava sendo proclamada, ela estava em condições de aplicar à sua vida e ao seu pensamento aquilo que o pastor estava falando. Não é somente se dirigir ao intelecto da congregação, mas persuadir as pessoas intelectualmente da verdade da Escritura. Sobre este fundamento ele partia para a aplicação. Isso está bem colocado nas cinco marcas que apresentamos acima.  
O centro da estrutura do sermão é chamado de o “esquema triplo”, que consistia de (a) doutrina, (b) demonstração e (c) usos. Na doutrina o pastor declarava a verdade doutrinária que se encontrava na passagem. A demonstração consistia em trazer de outras partes da Escritura textos que reforçassem aquilo que o pastor havia falado para que a verdade exposta se tornasse irrefutável. Finalmente, os usos eram as aplicações que se fazia à congregação à partir da doutrina que tinha acabado de ser estabelecida. Algumas vezes poderia haver uma ou mais doutrinas e nesse caso, cada doutrina seria desenvolvida e conseqüentemente aplicada. Ele partia de uma doutrina e continuava na próxima. Mas, em geral havia no desenvolvimento do sermão apenas uma doutrina.
Não foi Perkins que inventou este estilo de pregação, mas estava convencido de que esta era a melhor maneira de se ter a pregação ideal. Por causa de seu próprio exemplo como pregador e do livro que escreveu, ele acabou transformando o estilo de pregação da época. No fim do século XVI era a única maneira que os puritanos conheciam de pregar.
Doutrina e demonstração.
No fim do seu livro, Perkins dá a ordem e o sumário de seu método. 
 
1. O pastor tem de ler o texto diretamente das Escrituras Canônicas.  
2. Dar o sentido e a compreensão do que está sendo lido pela própria Escritura e tirar do texto o seu sentido natural, retirando alguns pontos úteis da doutrina e aplicá-los à vida das pessoas numa forma simples e direta.
Se você já leu algum sermão puritano, espero que esteja agora em condições de reconhecer o que ali está presente.
A primeira coisa que o pregador puritano nos dá é o contexto da passagem.
A segunda coisa é nos dar uma breve exposição exegética do texto escolhido. Geralmente divide o texto fazendo um esboço exegético e, a partir daí, ele expõe a doutrina ali contida.
Seguindo este método o puritano mostra de forma clara à sua congregação, que a doutrina que está pregando vem diretamente de uma exegese da Escritura. Então, desenvolve a doutrina que extraiu da Escritura através de demonstrações e argumentos.
Finalmente ele leva tudo isso às consciências dos ouvintes através de uma aplicação direta.  
Portanto, segundo Perkins, a doutrina a ser demonstrada no sermão deveria partir de uma exegese da Escritura. Como Calvino e os demais reformadores, eles acreditavam que um texto tem apenas um único sentido. Perkins continua procurando mostrar e dar algumas regras de interpretação úteis ao pregador. Dá os seguintes métodos que acredita serem necessários para se interpretar a Bíblia corretamente.  
1. Ter um conhecimento geral de toda doutrina bíblica. Por isso o pregador necessita da Confissão de Fé e dos Catecismos. Calvino enfatizou que, se alguém tem um conhecimento claro da verdade, ele está habilitado a ser um intérprete fiel da Palavra de Deus. Se ele conhece o todo pode interpretar parte.           
2. Em segundo lugar, Perkins recomendava que se lesse a Escritura numa seqüência especial usando análise gramatical, retórica e lógica para entender o texto.  
3. Fazer uso de comentários escritos por exegetas ortodoxos. Por isso devemos sempre indicar bons livros.
4. Manter um registro do que está lendo. Os puritanos chamavam a isto de “livro de registro de leitura” (dos textos). Era um livro que registrava as passagens lidas, os pontos principais e um esboço do que pregavam.  
5. Não esquecer que toda interpretação bíblica deve ser feita em oração. Isso, porque o Espírito Santo é o interprete da Palavra de Deus.
Havendo estabelecido estes princípios de interpretação básicos ele vai mais adiante e coloca mais três princípios específicos que são baseados naquele maior de que a Escritura interpreta a Escritura: 
1. Analogia da fé. A Bíblia é uma unidade. Uma vez que você conhece toda doutrina bíblica percebe que não há nenhuma contradição. Portanto, não se pode interpretar o texto de forma a contradizer o que a Bíblia diz em outro lugar. 
2. O texto deve ser interpretado à luz do seu próprio contexto.  
3. Comparar Escritura com Escritura.
Todos estes princípios estão operando por detrás da maneira como os puritanos desenvolvem sua exegese do texto. Tudo está sumariado no Diretório de Culto de Westminster. Se o texto escolhido para a pregação é longo como em histórias ou parábolas o pastor deve dar um breve resumo dele. Se, ao contrário, o texto é curto, o pastor deve fazer uma paráfrase do texto. O propósito é que, de uma forma ou de outra, se possa olhar e compor o contexto do texto e demonstrar as doutrinas principais que devem ser extraídas daquele texto. Fazendo a análise e organização do texto escolhido, deve-se levar mais em consideração a ordem do assunto do que a ordem das palavras.
Assim feito, o puritano passavam para a exposição da doutrina. Como dissemos, a doutrina nada mais é do que a verdade extraída do texto e exposta de uma forma adaptada à edificação do povo de Deus. O pregador deveria falar de forma tão clara que aqueles que ouvissem, com prazer recebessem a Palavra de Deus.
William Perkins sempre falava de “extrair” uma verdade de um texto. Havia dois métodos de se fazer isto. 
1) Anotação e 2) Coleção (ajuntamento).  
1) Anotação é usado quando a doutrina está claramente explícita no texto. O que o pregador faz é simplesmente observar aquilo que o texto está dizendo de forma clara. Um exemplo é o Sermão do Monte, quando Cristo diz que aquele que olhar para uma mulher com uma intenção impura, no seu coração comete adultério com ela. Daí, Perkins extrai a seguinte verdade: O texto não somente está afirmando isto, mas dele se deriva a verdade de que o sentido daquele ensino é proibir toda ocasião para o adultério. 
2) Coleção (ajuntamento) é o método usado quando a doutrina está implícita no texto. Neste caso a verdade tem de ser deduzida por inferência. Ou seja, a verdade quando não é declarada explicitamente pode estar obviamente contida na passagem. Como exemplo temos a passagem de Sofonias 2:2, quando encontramos a expressão “examinai-vos a vós mesmos”. Baseado nesta expressão Perkins desenvolve a doutrina da necessidade de arrependimento. Isso, porque todo arrependimento deve começar com auto-exame e todo auto-exame deve levar a arrependimento. Uma vez que a doutrina é derivada do texto ela deve ser demonstrada. No desenvolver da doutrina a verdade deve ser claramente demonstrada. Uma vez que isso é feito, os ouvintes estarão prontos para ouvir a aplicação.
Esta é uma idéia do método puritano de preparar um sermão, não somente por causa do contexto histórico, mas porque nos traz lições importantes.
Agora vamos ver algumas implicações práticas.  
1) Primeiro, o estudo do método e estrutura do sermão puritano nos ajuda a entender de que maneira a Confissão de Fé de Westminster interpreta o Velho e o Novo Testamento. Lemos no capítulo I. p. VI, desta Confissão: “Todo conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela...”.
Portanto, quando vemos o método que Perkins usava quando organizava as demonstrações bíblicas para provar seu texto escolhido, podemos entender o mesmo tipo de exegese que encontramos na própria Confissão de Fé. Isso também explica a relação entre os textos de demonstração e a doutrina que os puritanos extraíam destes textos.  
2) A segunda lição prática é que, se entendermos a estrutura do sermão puritano, poderemos ler de forma mais proveitosa estes sermões. Perceberemos onde eles querem chegar e como chegarão. Nos ajudarão, nos sermões muito elaborados e floridos, o que devemos desprezar.  
3) Com tudo isso veremos a ênfase na necessidade de pregar exclusivamente a Palavra de Deus. Se o nosso povo vai ser mudado pela pregação, ele também deve ser convencido da verdade da Palavra de Deus. O seu propósito como pregador é ajudá-lo a ver qual a verdade das Escrituras e que é isso que Deus está dizendo. Existem várias opiniões sobre os propósitos do sermão: persuadir, motivar, instruir, mas sempre com aquele propósito principal, qual seja, explicar a Palavra de Deus. Quero que meu povo vá para casa, depois do sermão do Domingo, tendo uma idéia mais clara do sentido do texto usado. Provavelmente eles esquecerão o que disse, mas na próxima vez que abrirem a Bíblia naquele texto pregado, sem dúvida terão uma compreensão mais clara.           
Mas este tipo de pregação que estamos defendendo exige trabalho árduo. O pastor deve ser um exegeta fiel das Escrituras. Deve trabalhar duro nos seus estudos porque somente através deste trabalho árduo e em oração, a “Bíblia se abre” para nós. Como intérpretes devemos tratar o texto de forma fiel. É vergonhoso saber que nós, que temos esta visão da Bíblia como de fato a Palavra de Deus, somos, algumas vezes, exegetas tão desleixados. João Calvino podia dizer do seu ministério que até quanto ele sabia, nunca, conscientemente, interpretou mal a Palavra de Deus. Você pode dizer isto?
Além disso devemos construir e estruturar nossos sermões de forma cuidadosa e não deixar para a última hora. Se o sermão tem de ser lógico e deve ser memorizado pela congregação, ele precisa ser elaborado com cuidado.
Uma palavra dirigida aos presbíteros. Vocês devem dar apoio e encorajamento aos seus pastores para que eles estudem; protejam os pastores! Exija deles este tipo de pregação e estudo.  
Aos membros da igreja digo: Este tipo de sermão vai exigir alguma coisa de vocês. Você não vai à igreja apenas para ser entretido; deve se apropriar da Palavra de Deus através de sua mente e fazê-la descer ao coração e nele leve esta Palavra para casa e para que nele surta efeito onde estiver. Para isso tem de ser um ouvinte atencioso. Não culpe o pastor se não tirou nada de um sermão preparado zelosamente. É sua responsabilidade tirar proveito, porque não foi à igreja para se entreter ou se divertir, mas para ser instruído na Palavra e ter Deus tratando com seu coração. 
Lembrem-se das cinco marcas do sermão puritano. Não vamos desenvolvê-las como os puritanos desenvolveram; algumas vezes a estrutura do sermão puritano continha muitas palavras e quando havia a tendência de derivar muitas doutrinas de um único texto, o sermão perdia sua unidade; ficava uma colcha de retalhos. Mas a lição é que não devemos seguir os puritanos como robôs, mas “pegar” a visão que eles tinham.
Lembre-se! O sermão deve ser:  
1) Bíblico; 2) Lógico; 3) Fácil de ser memorizado; 4) Direto; 5) Transformador.
Amém.

FONTE: http://www.monergismo.com/textos/pregacao/sermaopuritano2.htm 

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