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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

George Whitefield – surpreendido pelo Espírito

George Whitefield (1714 – 1770) foi contemporâneo de John Wesley e juntamente com ele foi um dos instrumentos que Deus usou para trazer avivamento a sua geração. Whitefield pregou aproximadamente umas 20 mil vezes a mais de dez milhões de pessoas.

Whitefield, assim como Wesley, mantinha um diário pessoal no qual registrou suas experiências. Em seus relatos, ele registra os mesmos fenômenos que John Wesley testemunhou em seu ministério: pessoas desmaiando e caindo no chão, algumas louvando, outras gritando, umas clamando, e outras tomadas por fortes convulsões.
Ironicamente, tais fenômenos começaram a se manifestar em seu ministério depois que Whitefield procurou Wesley para admoestá-lo por permitir tais manifestações. Wesley, em seu diário, registra esta conversa entre os dois.
“Não posso concordar com o fato de você dar tanto apoio a estas convulsões em suas reuniões”, disse Whitefield a Wesley. Em seu diário, Wesley escreve que as objeções de Whitefield às manifestações “estavam fundamentadas em fatos terrivelmente distorcidos. Mas no dia seguinte, ele teve a oportunidade de se esclarecer melhor: tão logo começou a convidar os pecadores a crerem em Cristo, quatro pessoas caíram perto dele, quase ao mesmo tempo. O primeiro perdeu os sentidos e ficou imóvel. Um segundo tremia intensamente. O terceiro tinha fortes convulsões por todo seu corpo, e não fazia nenhum ruído, só gemia. O quarto, também convulsionava e clamava a Deus em altos choros e lágrimas.”
Diante da resistência inicial de Whitefield, uma irmã chamada Lady Huntington escreveu a Whitefield a respeito dos clamores e quedas que ocorriam durante as reuniões, aconselhando-o a não proibir as manifestações, como já havia feito. “Você está cometendo um erro enorme. Não queira ser mais sábio do que Deus. Deixe as pessoas clamar, pois lhes fará muito melhor do que as suas pregações”, escreveu Lady Huntington.
Diante das manifestações que ironicamente seguiram o ministério de Whitefield, Wesley conclui: “Acho que agora todos nós teremos que pagar o preço por fazer a obra de Deus da maneira que lhe agrada.”
FONTE: http://paoevinho.org

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Como ouvir e como não ouvir sermões.



John Newton escreveu uma carta brilhante sobre como lucrar com sermões. Primeiro Newton explica como se deve ouvir sermões:

“Como ouvinte, você tem o direito de testar todas as doutrinas ensinadas através  da palavra de Deus, e é o seu dever fazer.

Ministros fiéis irão sempre lembrá-los disso: eles não vão querer segurar você em uma obediência cega para o que eles dizem baseados em sua própria autoridade, nem desejarão que vocês os sigam mais longe do que as Escrituras delimitam. Eles não são senhores sobre suas consciências, mas auxiliares de sua alegria. Essa é uma benção, a liberdade do Evangelho, que liberta você de doutrinas e mandamentos de homens, mas não abuse para os fins de orgulho e de ego.”

Em seguida, Newton explica como não ouvir sermões:

Há ouvintes que fazem de si mesmos, e não da Escritura, o padrão de seu julgamento. O que eles gostam ou não gostam. O que se encaixa na vida e comodidade deles ou não...

E muitos participam, não tanto para ser instruído, mas como um juiz, esperando só o momento para dar sua sentença sobre o que ouviu. Para eles, o púlpito é simplesmente uma plataforma em que o ministro está ali para se submeter ao julgamento deles, uma atitude de censura que poucos escapam, estão ali como juízes e não como ovelhas para serem alimentadas. Juízes inconsistentes em seu ego governante.”


Excelente equilíbrio

domingo, 29 de julho de 2012

A Devoção de Jonathan Edwards - Wilson Porte

Imagem cedida por: http://blogigrejaemmovimento.blogspot.com.br/  
Era o cair da tarde em Northampton. Enquanto alguns homens já desfrutavam do descanso de seu lar, outros ainda retornavam do campo anelando pelo descanso da noite. Enquanto isso, muitos acenavam para um casal bastante conhecido e amado na cidade. Eles passeavam em seus cavalos e conversavam. Sua amizade era como um alento. Ao retornarem ao lar, e aos onze filhos, Jonathan e Sarah Edwards tinham juntos seus momentos devocionais antes de dormirem. E, assim, terminava mais um dia.

Dentro do pouco que conhecemos sobre a piedade de Edwards, encontra-se sua relação com Sarah, sua esposa. Segundo o Dr. Alderi Souza de Matos (CPAJ-Universidade Mackenzie), Edwards e Sarah possuíam grande harmonia, amor e companheirismo. Até o final de sua vida, eles mantiveram o hábito de andar a cavalo, ao cair da tarde, para poderem conversar. Antes de dormirem, sempre tinham juntos seus momentos devocionais.

Jonathan Edwards viu a Bíblia, acima de tudo, como um livro de instruções, cujo objetivo é guiar os cristãos no caminho da obediência à vontade de Deus.

Influência Puritana

Edwards era um típico congregacional da Nova Inglaterra, conformando-se às formulações puritanas de devoção pública e particular. Em seu livro, Jonathan Edwards on Worship: Public and Private Devotion to God (Jonathan Edwards sobre adoração: devoção pública e particular a Deus), Ted Rivera afirma que, embora os hábitos devocionais particulares de Edwards sejam quase totalmente desconhecidos, o pouco que sabemos é que Edwards herdou dos antigos puritanos sua ansiedade pela segurança da salvação, seu zelo em acabar com o pecado, e sua preocupação cuidadosa por um autoexame.

Como os demais puritanos, Edwards estava muito preocupado em crescer firmemente em fé e boas obras. A santificação pessoal, que começa com a devoção particular diária, resulta em boas obras que devem ser ilimitadas. Para os puritanos, uma verdadeira confiança em Cristo nunca  é infundida sem outras graças com ela, graças estas que sempre resultam no bem do próximo.

Autoexame

Em 1738, Jonathan Edwards pregou uma série de sermões intitulada Charity and Its Fruits (Caridade e seus frutos) onde tratou das práticas espirituais, do amor divino e dos hábitos dos crentes. 
Edwards, nestes sermões, demonstrou que gostaria que sua congregação observasse muitas destas práticas espirituais particulares: exame da consciência, constante avaliação espiritual, orações familiares matutinas e vespertinas, leitura particular das Escrituras, encontros com outros cristãos, e uma abrangente observância do Sabbath.

William C. Spohn, em artigo publicado no Journal of Religious Ethics (Revista de Ética Religiosa), destaca que "de seus escassos escritos autobiográficos, parece que sua rotina diária era organizada em torno destes exercícios devocionais".

Estes sermões foram pregados após um avivamento na igreja local (Northampton), por volta de 1736-37, e pouco antes do Grande Despertamento, ocorrido entre 1740-43. Estes sermões esboçam algumas práticas específicas que foram vividas antes e durante o Grande Despertamento.

Edwards sempre praticou e recomendou a prática do autoexame. Segundo ele, o autoexame é uma forma de manter a piedade diária que, por sua vez, tem como objetivo neutralizar as tendências persistentes ao pecado. O autoexame serve também para trazer energia para a vida moral, que é o símbolo mais seguro de uma conversão religiosa.

Como a maioria dos puritanos, Edwards praticava regularmente o autoexame. Seus diários, do período em que ele era bem jovem, nos mostram alguém buscando examinar cuidadosamente suas motivações, disposições e ações. Edwards recomendava seus paroquianos a, regularmente, praticarem o autoexame, não apenas uma vez ou duas, mas diária e continuamente, até que, por assim fazer, suas mentes iriam, degrau por degrau, crescer. Assim, conquistariam um hábito de consideração saudável de sua alma, além de uma vida e ação prudentes.

A Devoção: Uma Busca Pela Santidade

John Gerstner, em seu livro Jonathan Edwards: a mini-theology (Jonathan Edwards: uma mini-teologia), dedica o capítulo nove para tratar da busca pessoal de Edwards pela santidade. De seus sermões escritos, em mais de 1.200 o tema central é a santificação. Além dos sermões, seus escritos também estão carregados deste tema.

Em seu livro Religious Affections (Afeições Religiosas), ao tratar sobrejustificação, opondo-se ao antinomianismo e ao neonomianismo, Edwards insiste por uma pura doutrina da santificação como um corolário da justificação.

Em A Faithful Narrative of the Surprising Work of God (Uma narrativa fiel da surpreendente obra de Deus), bem como em Thoughts on Revival(Pensamentos sobre Reavivamento), Edwards perseguiu determinadamente o mesmo tema. Em Humble Attempt (Esforço Humilde), Edwards faz um chamado à oração, essencial para a santificação.

Ao tratar da necessidade de santificação, Gerstner destaca que, nos sermões de Edwards, é contrário à razão um Deus santo abraçar criaturas imundas. É igualmente estranho imaginar um Deus que ama criaturas imundas, pois, tal amor, perverteria tanto Ele com o céu. Há uma razão inerente na natureza do pecado que torna necessário que o pecador seja infeliz e incapaz de ser feliz. Para Edwards, para que um cristão seja feliz, ele deve obedecer tanto às práticas espirituais diárias, quanto àquelas relacionadas ao 2º mandamento. Para ele, alguém não pode ser salvo sem obedecer ao 2º mandamento (amar ao próximo).

Para Edwards, quando colocamos a santificação em prática, evidenciamos ao diabo o triunfo glorioso do Senhor sobre ele. Edwards não compreende um cristão que não se satisfaz com a santidade. O cristão não está satisfeito com nada menos do que ser perfeitamente santo. O cristão verdadeiro e sincero dá mais glória a Deus do que um mundo todo de homens maus.

Em um de seus sermões, Edwards diz que uma pessoa dando um copo d'água em nome de Cristo significa muito mais para Deus do que um não convertido entregando seu corpo para ser queimado. Cristianismo consiste em prática. O homem natural não pode mortificar suas próprias concupiscências. A fé posta em ação é capaz de mortificar as concupiscências do coração humano; e é uma evidência de seu poder.

Embora os cristãos possuam um princípio novo e poderoso que sobrepõe suas concupiscências, estas ainda permanecem presentes e, por isso, a devoção diária nunca deve ser negligenciada. Para Edwards, há no coração piedoso uma luta comparável àquela que aconteceu no ventre de Rebeca entre Jacó e Esaú. Guerra é outra analogia que Edwards usa para descrever a luta no coração da pessoa convertida.

Edwards e as Manifestações Extraordinárias

Segundo Spohn, Edwards não se prendeu às manifestações extraordinárias da graça em seus sermões no período do Grande Despertamento - muito menos após este período. À semelhança de João da Cruz, outro teólogo que experimentou momentos intensos de enlevo espiritual, Edwards sempre suspeitou de fenômenos místicos.

Para Edwards, as manifestações extraordinárias não davam nenhuma prova de conversão ou santidade. A autenticidade da experiência religiosa não era determinada por sua intensidade ou natureza incomum, mas pela qualidade de vida que emergia dela. Novos hábitos da vida cristã, manifestariam gradualmente que a pessoa era, de fato, "espiritual", ou seja, que ela tinha parte na santidade de Deus através do Espírito Santo que vive nela.

Um Exemplo Final

Fredrick Youngs, escrevendo para o Journal of the National Association of Baptist Professors of Religions (Revista da Associação Nacional de Professores Batistas de Religião), disse que, uma vez que a ênfase de Edwards sobre religião experiencial surgiu de sua própria experiência, passagens autobiográficas serão as fontes primárias para quem deseja prosseguir na tarefa de entender a devoção e piedade de Jonathan Edwards. Em sua Personal Narrative(Narrativa Pessoal), Edwards traz dois parágrafos consecutivos descrevendo eventos de logo após sua conversão.
Pouco tempo depois que comecei a experimentar estas coisas, falei com meu pai sobre alguns pensamentos que passaram em minha mente. Fiquei muito afetado pela conversa que tivemos. E, quando a conversa terminou, caminhei sozinho para fora, num lugar solitário nos campos de pastagens de meu pai, para meditar. E, enquanto eu estava andando lá, e olhei para o céu e nuvens, veio à minha mente uma sensação doce da gloriosa majestade e graça de Deus, que não sei como expressar. Pareceu-me vê-las em uma terna conjunção: majestade e mansidão se juntaram: era uma majestade santa, doce e gentil, e também uma majestosa mansidão; uma ternura impressionante, uma ternura elevada, grande, e santa.
Após isso, meu senso das coisas divinas gradualmente aumentaram, e se tornou mais e mais vivo, e eu sentia mais daquela ternura interior. A aparência de tudo mudou: parecia haver em quase tudo, por assim dizer, um molde ou aparência calma e terna da glória divina. A excelência de Deus, sua sabedoria, sua pureza e amor, pareciam aparecer em tudo; no sol, na lua e nas estrelas; nas nuvens e no céu azul; na grama, nas flores, nas árvores; na água e em toda a natureza; as quais ele usou grandemente para consertar minha mente... E, enquanto eu observava... como sempre parecia natural para mim, eu cantava todas as minhas meditações, falando os meus pensamentos em solilóquios, e falando-os com um canto.
Edwards, desde muito cedo, provou a Deus. Desfrutou de sua comunhão e compartilhou isso com sua família em primeiro lugar. A exemplo dele, concluo refletindo sobre como seria saudável se voltássemos a praticar tais "antigos" hábitos devocionais. Como precisamos anelar mais a Deus do que qualquer bem que dele venha a nós! Ele é o mais precioso bem que podemos encontrar. 

Ele se oferece a nós e nos convida a irmos a ele, diariamente! Creio que, sem essa sede e fome pelo Senhor, jamais experimentaremos um gracioso despertamento do Senhor, como Jonathan e Sarah Edwards experimentaram. E, tenha certeza, um despertamento espiritual, sempre começará em sua casa!

FONTES 

Ted Rivera. Jonathan Edwards on worship: public and private devotion to God. Eugene: Pickwick, 2010.
Alderi Souza de Matos. Jonathan Edwards: teólogo do coração e do intelecto.Fides Reformata. v. 3, n. 1., 1998.
William C. Spohn. Spirituality and its Discontents: Jonathan Edwards's Charity and Its FruitsJournal of Religious Ethics. v. 31, n. 2, 2003.
John Gerstner. Jonathan Edwards: a mini-theology. Morgan: Soli Deo Gloria, 1987.
Sermões de Jonathan Edwards.
Jonathan Edwards. Original Sin. Cornwall: Diggory Press, 2007.
Jonathan Edwards. Religious Affections. Grand Rapids: Sovereign Grace, 1971.
Fredrick Youngs. Jonathan Edwards, A Mystic? Journal of NABPR. 
Jonathan Edwards. Letters and Personal Writings. New Haven: Yale University Press, 1998.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Como Aproveitar ao Máximo a sua Leitura da Bíblia - Thomas Watson

Extraído do site: http://wtsaid.blogspot.com.br/
Como Aproveitar ao Máximo a sua Leitura da Bíblia

1. Remova obstáculos. (a) remova o amor por todo e qualquer pecado (b) remova as distrativas preocupações deste mundo, especialmente a cobiça [Mt 13:22] (c) não faça piadas com a Bíblia e a partir da Bíblia.

2. Prepare seu coração. [1 Sm 7:3] Assim: (a) recolhendo seus pensamentos (b) eliminando sentimentos e desejos impuros (c) não vindo à Palavra apressada ou negligentemente.

3. Leia com reverência, considerando que cada linha é Deus que fala diretamente com você (2 Tm 3:16-17; Sl 19:7-11).

4. Leia os livros da Bíblia em ordem.

5. Obtenha uma verdadeira compreensão da Escritura. [Sl 119:73] isto é melhor alcançado comparando partes correlatas da Bíblia entre si.

6. Leia com seriedade. [Dt 32:47] A vida cristã deve ser encarada com seriedade já que requer esforço [Lc 13:24] e não falhar [Hb 4:1].

7. Persevere em lembrar-se do que você lê. [Sl 119:52] Não deixe que seja roubado de você [Mt 13:4 ,19]. Se o que você lê não fica na sua memória é improvável que seja de muito benefício para você.

8. Medite no que lê. [Sl 119:15] A palavra hebraica para "meditar" significa "estar intensamente na mente". Meditação sem leitura é errada e tendente a equívocos; leitura sem meditação é estéril e infrutífera. Significa incitar os afetos, ser aquecido pelo fogo da meditação [Sl 39:3].

9. Leia com um coração humilde. Reconheça que você é indigno da revelação de Deus a você [Tg 4:6]

10. Acredite que tudo é a Santa Palavra de Deus. [2 Tm 3:16] Nós sabemos que nenhum pecador poderia tê-la escrito devido ao modo com ela descreve o pecado. Nenhum santo poderia blasfemar contra Deus fingindo que sua própria Palavra seria a de Deus. Nenhum anjo poderia tê-la escrito pela mesma razão. [Heb 4:2]

11. Valorize a Bíblia grandemente. [Sl 119:72] Ela é a sua tábua de salvação; você nasceu por meio dela [Tg 1:18]. Você precisa crescer por meio dela [1 Pd 2:2] [cf. Jó 23:12].

12. Ame a Bíblia ardentemente [Sl 119:159].

13. Leia-a com um coração honesto. [Lc 8:15] (a) Disposto a conhecer toda a vontade de Deus (b) lendo para ser transformado e melhorado por ela [Jo 17:17].

14. Aplique a você mesmo tudo o que lê, tome cada palavra como dita para você. Sua condenação de pecados como a condenação ao seu próprio pecado; a obrigação que ela requer como o dever que Deus requerer de você [2 Rs 22:11].

15. Preste muita atenção aos mandamentos da Palavra tanto quanto às promessas. Pense em como você precisa de direção tanto quanto precisa de conforto (Sl 119:9-11).

16. Não se deixe levar pelos detalhes secundários, antes tenha certeza de prestar atenção mais às grandes coisas [Os 8:12].

17. Compare-se com a Palavra. Como fica essa comparação? Seu coração é parecido com uma transcrição dela, ou não? (Tg 1:21-25)

18. Preste atenção especial àquelas passagens que falam à sua situação individual, particular e presente. Por exemplo: (a) Aflição - [Hb 12:7, Is 27:9, Jo 16:20, 2 Co 4:17]. (b) Senso da presença e do sorriso de Cristo retirado -[Is 54:8, Is 57:16, Sl 97:11] (c) Pecado - [Gl 5:24, Tg 1:15, 1 Pe 2:11, Pv 7:10;22-23, Pv 22:14] (d) Incredulidade -[Is 26:3, 2 Sm 22:31, Jo 3:15, 1 Jo 5:10, Jo 3:36]

19. Preste especial atenção aos exemplos e vidas das pessoas na Bíblia como sermões vivos. (a) Castigos [Nabucodonosor, Herodes, Nm 25:3-4;9, 1 Rs 14:9-10, At 5:5,10, 1 Co 10:11, Jd 7] (b) Misericórdias e libertações [Daniel, Jeremias, os 3 jovens no forno flamejante]

20. Não pare de ler a Bíblia até que você tenha seu coração aquecido. [Sl 119:93] Não deixe que ela apenas te informe, mas também que ela te inflame [Jr 23:29, Lc 24:32].
21. Ponha em prática o que você lê [Ps 119:66, Ps 119:105, Deut 17:19].

22. Cristo é, para nós, Profeta, Sacerdote e Rei. Utilize o ofício dEle como Profeta [Ap 5:5, Jo 8:12, Sl 119:102-103]. Faça com que Cristo abra não só a Bíblia para você, mas também a sua mente e entendimento [Lc 24:45]

23. Assegure-se de estar sob um verdadeiro ministério da Palavra, que expõe a Palavra fiel e plenamente [Pv 8:34] seja sério e ávido em esperar por isso.

24. Ore para que você tire proveito da leitura [Is 48:17, Sl 119:18, Ne 9:20].

Obstáculos naturais

Você ainda pode poderá beneficiar-se da leitura apesar deles:

1. Você não parece beneficiar-se tanto quanto outros. Lembre-se dos rendimentos diferentes [Mt 13:8] Apesar do rendimento não ser tão expressivo quanto o de outros ainda é um verdadeiro e frutífero rendimento.

2. Você pode sentir-se lento em compreender [Lc 9:45, Hb 5:11].

3. Sua memória é ruim (a) Lembre-se que você ainda pode ter um bom coração apesar disso (b) Você ainda pode lembrar-se das coisas mais importantes mesmo que você não se lembre de tudo, seja encorajado por João 14:26.

FONTE: http://ressurreicao.com

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma marreta sobre a cabeça do orgulho - John Bunyan (1628-1688)

Imagem cedida por: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Bunyan


Já aconteceu de a Palavra vir a mim por meio de uma frase aguçada e penetrante sobre os dons que Deus me deu. Por exemplo: "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine" (lCoríntios 13.1, ARA).

Embora o címbalo que retine possa produzir uma melodia que inflame o coração, o címbalo não tem vida; embora possa produzir uma música maravilhosa, pode ser triturado e jogado fora.

Assim é com aquele que tem dons, mas não tem a graça salvadora. Cristo pode usar pessoas talentosas para influenciar almas; no entanto, quando termina de usá-las, pode pendurá-las como objeto sem vida. Essas observações são como marreta sobre a cabeça do orgulho e do desejo de vangloria. "O quê!?", pensei. "Devo orgulhar-me por ser um címbalo que retine? Não seria aquele que possui o mínimo da vida de Deus mais que um desses instrumentos?"
FONTE: www.josemarbessa.com

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os Puritanos e a Bíblia - Um Paradigma para a Igreja - Ken L. Sarles

Imagem cedida por: auribertoeternochocalheiro.blogspot.com

Na crença popular, o termo puritano traz consigo a imagem de um estraga-prazeres austero, pedante, farisaico, um caçador de bruxas. Mas nada poderia estar mais distante da realidade histórica. Embora utilizado originalmente como rótulo degradante, o termo puritano simplesmente denotava aquele que queria purificar a adoração da Igreja e a vida dos santos. O puritanismo inglês surgiu por volta de 1560. Apareceu pela primeira vez com o movimento de reforma litúrgica, mas rapidamente se expandiu, tornando-se uma forma distinta de se ver a vida cristã. O fenômeno puritano poderia ser definido como um movimento na Igreja da Inglaterra, da metade do século XVI até o começo do século XVIII que buscou reformulação na vida da Igreja e purificação na vida dos crentes, individualmente. Era calvinista quanto à teologia e pietista em sua maneira de enxergar as coisas.

Sabemos ter havido vários movimentos de reforma na história da Igreja - mas o que destaca o movimento dos puritanos dentre os demais é ser compromisso radical de viver para a glória de Deus. Nesse sentido, ninguém conseguiu resumir o caráter puritano de forma mais eloqüênte que J. I. Packer: Os puritanos foram almas grandiosas servindo a um grande Deus. Neles, fundiam-se a paixão bem definida e a compaixão de um coração afetuoso. Visionários e práticos, idealistas e realistas também, norteados por metas e metódicos, eles foram crentes magníficos, gente de muita esperança, valorosos obreiros e grandes sofredores. Mas seus sofrimentos, nos dois lados do Oceano (Na antiga Inglaterra - nas mãos das autoridades e na Nova Inglaterra, a mercê dos elementos), amadureceram-nos e tornaram-nos experientes, a ponto de adquirirem uma estatura nada aquém de heróica... as batalhas dos puritanos contra o deserto espiritual e climático no quela Deus os colocara produziram virilidadde de caráter, inabalável e destemida, vivendo do desalento e dos temores.

Os puritanos ocupam um lugar de grande honra entre o povo de Deus, conclui Packer, porque eles permaneceram "doces, pacíficos, pacientes, obedientes, e esperançosos sob pressões e frustrações duradouras e aparentemente intoleráveis.
A estabilidade e a firmeza promotora da honra de Deus que caracterizavam os puritanos é certamente digna de imitação hoje, em nossa sociedade apressada, extremamente móvel, de adulta tecnologia, autogratificadora. Essas mesmas características também permaneceram a forma bíblica de se ver o aconselhamento. Para se compreender o aconselhamento puritano, e desta forma imitar sua prática, precisamos destacar certos elementos de seu pensamento, incluindo a visão que tinham das Escrituras, de Deus, do homem, e do Pecado.
Compromisso com as Escrituras.

As Escrituras constituíam a peça central do pensamento e da vida puritana.

O puritanismo foi, acima de tudo, um movimento bíblico. Para o puritano, a Bíblia era, na verdade, o bem mais precioso que há neste mundo. Sua profunda convicção era de que a reverência para com Deus implicava em reverência para com as Escrituras, e servir a Deus significava obedecer as Escrituras. Para ele, portanto, não haveria maior insulto ao Criador que negligenciar Sua Palavra escrita: e, de maneira contrária, não poderia haver ato de homenagem mais genuínos para com Deus que valorizá-la e atentar para o que ela diz, e assim viver e repassar seus ensinamentos. A intensa veneração das Escrituras, como Palavra viva do Deus vivo e uma dedicada solicitude quanto a conhecer e fazer tudo que ela prescreve, constituía marca registrada do puritanismo.

Para os puritanos, a Bíblia era suprema em tudo, inclusive na prática do aconselhamento.

E a base bíblica para o aconselhamento puritano repousava sobre a doutrina da inspiração divina. O método de inspiração, conforme enxergavam os puritanos, foi por meio do divino superintender do Espírito Santo na escolha das palavras, sem violar o conhecimento ou a personalidade do autor humano. O resultado foi uma inspiração do texto entendida como sendo verbal, plenária, infalível, e inerrante.
Embora muitos evangélicos contemporâneos concordem com essa visão de inspiração, os puritanos foram além de um simples concordar verbal com a doutrina. Os teólogos puritanos enfatizaram a perspicácia, a clareza e o proveito das Escrituras. Até a forma literária do texto inspirado tornou as Escrituras particularmente relevante a condição humana.

"Quanto a forma de expressão, as Escrituras não explicam a vontade de Deus por meio de regras universais e científicas, mas sim por intermédio de histórias, exemplos, preceitos, exortações , advertências e promessas. Este estilo se adequava melhor ao dia-a-dia do homem comum além de influenciar grandemente a vontade, mexendo com as motivações piedosas que se constituem no alvo principal da teologia."

Por seu próprio propósito, as Escrituras visam comunicar a verdade de tal modo que o leitor seja direcionado rumo a Deus. A Bíblia não é, tão somente, apenas clara naquilo que afirma; ela também autentica a si mesma. Nesse sentido, William Ames afirmou:"As Escrituras não precisam de nenhuma explicação proveniente de luz exterior, especialmente quanto às coisas necessárias. Elas se auto-iluminam, e cabe ao homem ser diligente nesse descoberta" Essa importante declaração revela a recusa do puritano em introduzir teorias psicológicas estranhas em sua interpretação do texto. A Bíblia era vista como fonte de toda direção, instrução, consolo, exortação e encorajamento divinos. O resultado disso foi um método de aconselhamento centrado nas escrituras, em lugar de uma teoria carregada.
Um resultado direto da inspiração da Bíblia é sua autoridade implícita. Carregando a marca daquilo que é divino, a autoridade da Bíblia era considerada como final e absoluta. O que quer que a Bíblia dissesse, Deus disse. Conforme Thomas Watson observou: "Em cada linha que você lê, imagine Deus falando com você". Isto significa que a Bíblia permanecia como prumo de juízo na consciência do indivíduo, quanto a todos os seus mandamentos e promessas. Em tudo o que diz, era como se o próprio Deus estivesse exortando, encorajando, dirigindo, consolando, instando, trazendo convicção, e instruindo.

Já que a Palavra de Deus consiste das próprias palavras de Deus, sua autoridade é exaustiva, estendendo-se por toda área da fé e da prática, incluindo tudo o que é necessário para a vida e a piedade. Conforme declarou Richard Sibbes: "Não há qualquer coisa ou qualquer condição que aconteça ao cristão nesta vida sem que exista uma regra geral na Bíblia para tal, e essa regra é estimulada por meio de exemplo" - Em outras palavras, os puritanos possuíam uma perspectiva teológica holística arraigada nas Escrituras, levando William Ames a concluir: "Não há qualquer preceito de verdade universal pertinente ao bem viver quanto a economia doméstica, a moralidade, a vida política, ou a criação de leis que não pertença, por direito a teologia" - Para os puritanos ingleses, toda necessidade psicológica concebível poderia ser satisfeita e todo problema psicológico imaginável poderia ser resolvido por uma aplicação direta de verdade bíblica.

A aplicação das Escrituras era feita de forma mais consistente por meio da pregação expositiva. Conforme explicou Ames: "o dever do pregador comum é destacar a vontade de Deus a partir da Palavra, para de forma coletiva, edificando o corpo dos cristãos ali reunidos". Pela perspectiva puritana, se os santos não eram edificados, então a Palavra não foi pregada. Falando aos pregadores, contemporâneos seus, Ames advertiu: "Pecam, portanto, os que aderem à descoberta e a explicação nua da verdade, mas negligenciam o uso e a prática em que consistem a religião e a bem-aventurança. Esses pregadores pouco ou quase nada edificam a consciência"- A pregação puritana, portanto, constituía-se em uma forma de aconselhamento preventivo, à medida que as verdades das Escrituras eram aplicadas à cosnciência. Para atingir esse propósito, cada sermão foi dividido em duas partes principais: doutrina e prática. O resultado era que a pregação ser tornava tanto profundamente reológica quanto intensamente prática.

A passagem das Escrituras a ser pregada era analisada a luz da gramática, da lógica, e contextualmente, e aí relacionada a outros textos de forma a assegurar sua importância doutrinária . Então, "cada doutrina, quando suficientemente explicada, deveria ser aplicada imediatamente" (Ames) - O uso da doutrina estava relacionado tanto ao discernimento quanto ao direcionamento. O discernimento inclui ou a informação dada a mente ou reforma feita ao entendimento (informação é a revelação de alguma verdade enquanto correção é a condenação da vida que deve ser evitada. A forma que o pastor deveria aplicar a verade bíblica a congregação foi delineada por Ames: "Aplicar uma doutrina quanto a seu uso é afiar e tornar alguma verade geral especialmente pertinente, com efeito tal, a ponto de penetrar a mente do ouvinte, despertando disposições piedosas" - Os puritanos leigos estavam completamente aparelhados com motivação adequadas, quanto ao viver para Deus, por meio da instrução prática a partir da Palavra de Deus. o fundamento no qual eles alicerçaram suas vidas foi a Bíblia.

FONTE: www.josemarbessa.com

domingo, 20 de novembro de 2011

Escolhidos desde o Princípio - A. W. Pink

Imagem cedida por: comunidadeboasemente.com


"Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade" (2 Ts 2.13).

Aqui se destacam três coisas que merecem nossa atenção. Primeiro, diz-se expressamente que os eleitos de Deus são escolhidos "para a salvação". A linguagem não poderia ser mais clara. Essas palavras destroem de maneira sumária os sofismas e equívocos de todos aqueles que pretendem que a eleição se refira a nada mais do que privilégios externos ou hierarquias no serviço! Para a própria "salvação" é que Deus nos escolheu. Segundo, somos advertidos de que a eleição para a salvação não desconsidera o emprego de meios apropriados: a salvação é atingida "pela santificação do Espírito e fé na verdade". Não é correto dizer que, por ter Deus escolhido certa pessoa para a salvação, ela será salva, quer queira, quer não, quer creia, quer não.

Em trecho algum as Escrituras apresentam desse modo a situação. O mesmo Deus que predestinou o fim, também indicou os meios; o mesmo Deus que "escolheu... para a salvação", decretou que o seu propósito seja concretizado através da obra do Espírito e da fé na Verdade. Terceiro, que Deus nos escolheu para a salvação, é motivo de fervoroso louvor de nossa parte. Note quão enfaticamente o apóstolo exprime essa verdade — "Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação". Ao invés de recuar horrorizado, perante a doutrina da predestinação, o crente, percebendo que se trata de uma verdade revelada na Palavra, descobre motivos para gratidão e ação de graças, que não poderia encontrar em nada mais exceto no inefável dom do próprio Redentor.

"Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça, que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (2 Tm 1.9).

Como a linguagem das Escrituras Sagradas é clara e precisa! É o homem que, com suas palavras, escurece os desígnios de Deus (Jó 38.2). É impossível expressar o fato com clareza ou vigor maiores do que em tais textos. Nossa salvação não é "segundo as nossas obras"; em outras palavras, não é devido a qualquer coisa que haja em nós, não é a recompensa de qualquer coisa que tenhamos praticado; pelo contrário, resulta da "própria determinação e graça" de Deus; e essa graça nos foi concedida em Cristo antes que houvesse mundo. E pela graça que somos salvos, e, no propósito de Deus, essa graça nos foi concedida não somente antes de termos visto a luz, não somente antes da queda de Adão, mas até antes daquele longínquo "princípio" mencionado em Gênesis 1.1. É nisso que reside a inefável consolação do povo de Deus. Se a escolha divina foi determinada desde a eternidade, perdurará por toda a eternidade!

"Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (1 Pe 1.2). Uma vez mais, a eleição feita pelo Pai precede a obra do Espírito nos que são salvos, bem como precede a obediência que eles prestam mediante a fé; assim, a questão deixa o terreno da criatura e descansa na soberana vontade do Todo-Poderoso. A "presciência de Deus Pai" não se refere aqui ao conhecimento prévio de todas as coisas; simplesmente significa que os santos estavam todos eternamente presentes em Cristo, diante da mente de Deus. Deus não tinha a "presciência" de que certas pessoas, que ouviriam o evangelho, creriam nEle, à parte do fato de que Ele destinara tais pessoas à vida eterna. O que a presciência divina viu em todos os homens foi amor ao pecado e ódio contra a própria pessoa divina.

A presciência divina alicerça-se nos próprios decretos de Deus, conforme se vê claramente em Atos 2.23: "Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos". Note a ordem de apresentação: primeiramente, o "determinado desígnio" de Deus (o seu decreto); em segundo lugar, a sua "presciência". Isto também se apreende em Romanos 8.28,29: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho". A primeira palavra aqui usada, "porquanto", diz respeito ao versículo anterior, cuja última cláusula fala "daqueles que são chamados segundo o seu propósito" — são aqueles que Deus "de antemão conheceu" e "predestinou". Finalmente, devemos salientar que, ao lermos nas Escrituras que Deus "conheceu" determinadas pessoas, tal palavra é empregada no sentido de conhecer com aprovação e amor: "Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele" (1 Co 8.3). Aos hipócritas, porém, Cristo dirá: "Nunca vos conheci". Esses nunca foram objetos especiais de seu amor. "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai", por conseguinte, significa escolhidos por ele como objetos especiais de sua aprovação e de seu amor.

Resumindo os ensinamentos dessas sete passagens, podemos concluir o seguinte: Deus ordenou certas pessoas para a vida eterna e, em conseqüência de tê-las destinado, no seu devido tempo, elas chegam a crer; Deus ordenou a salvação dos eleitos não se fundamentando em qualquer coisa de boa que neles existe, nem em qualquer mérito da parte deles, mas unicamente na graça divina; Deus escolheu, deliberadamente, as pessoas mais improváveis a fim de receberem seus favores especiais, a fim de que "ninguém se vanglorie na presença de Deus"; o Senhor escolheu seu povo em Cristo, antes da fundação do mundo, não porque eles fossem santos, mas a fim de que se tornassem santos e irrepreensíveis perante Ele; e, tendo selecionado certas pessoas para a salvação, Deus igualmente decretou os meios pelos quais tudo seria feito de acordo com o conselho da sua vontade; ainda, a própria graça através da qual somos salvos, de conformidade com os propósitos de Deus, foi "dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos"; e, muito antes de terem sido criados, os eleitos já estavam presentes na mente de Deus, tendo sido conhecidos de antemão por Ele, isto é, já se constituíam objetos definidos do seu eterno amor.

Antes de voltarmos nossa atenção para a segunda divisão deste capítulo, é mister que digamos mais uma palavra sobre o objeto da graça predestinadora de Deus. Insistimos nesse assunto porque é no predestinar certas pessoas para a salvação que a doutrina da soberania de Deus é mais freqüentemente atacada. Os que pervertem essa verdade invariavelmente procuram achar alguma causa fora da vontade de Deus que O teria impulsionado a conceder salvação aos pecadores, ou seja, alguma coisa é atribuída à criatura, conferindo-lhe o direito de receber misericórdia da parte do Criador. Voltamos, então, à pergunta: Por que Deus escolheu aqueles a quem escolheu?

Que havia nos eleitos que os atraiu ao coração de Deus? Deveu-se isso a certas virtudes que possuíam? Tinham o coração generoso, temperamento dócil, eram pessoas que sempre falavam a verdade? Em resumo, foram eleitos por serem "bons"? Não; pois nosso Senhor afirmou: "Ninguém é bom senão um só, que é Deus" (Lc 18.19). Foi por causa de quaisquer boas obras que eles tinham praticado? Não; porquanto está escrito: "Não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Rm 3.12). Foi por que deram evidências de sinceridade e zelo, na busca pelas coisas de Deus? Não; porque igualmente está escrito: "Não há quem busque a Deus" (Rm 3.11). Foi por que Deus previu que os eleitos haveriam de crer? Não; porque como podem crer em Cristo os que estão mortos nos seus "delitos e pecados" (Ef 2.1)? Como Deus poderia ter presciência de que certos homens haveriam de crer, quando a própria fé lhes é algo impossível? As Escrituras ensinam que é "mediante a graça" que se crê (At 18.27). A fé é dom divino, e, à parte desse dom, ninguém jamais poderia crer. Portanto, a causa da escolha feita por Deus se encontra em Deus mesmo, e não nos objetos de sua escolha. Deus escolheu certas pessoas simplesmente porque quis fazer assim.

Somos filhos, porque Deus nos escolheu, Nós, que cremos em Cristo Jesus, Por causa da eterna predestinação Agora, recebemos soberana graça Tua misericórdia, Senhor, Graça e glória nos concede!
(Gospel Magazine, 1777)
FONTE: www.josemarbessa.com

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Os frutos amargos do pecado original - Thomas Watson (1620-1686).

extraído do site: www.portalone.terra.com.br

Todas as aflições que incidem sobre a vida do homem são frutos amargos do pecado original. O pecado de Adão sujeitou a criação à vaidade (Rm 8.20). Nenhum prazer terreno preenche o coração vaidoso das criaturas. Ou preenche? Assim como a respiração do marinheiro não preenche as velas de um navio: "Na plenitude de sua abastança, ver-se-á angustiado" (Jó 20.22). Há algo faltando e continuamente faltando. O coração é sempre hidrópico, sedento, nunca satisfeito.

Salomão colocou todas as criaturas num cadinho, e quando lhe extraiu o espírito e a quintessência, não havia nada, a não ser espuma, tudo era vaidade (Ec 1.2). Mais ainda, é uma vaidade irritante, não somente um vazio, mas um amargor. Nossa vida é trabalho e suor, entramos no mundo com choro e dele saímos com gemido (SI 90.10).

Muitos já disseram que não viveriam novamente suas vidas, pois elas tiveram em si mais água que vinho. Mais água de lágrimas do que vinho de alegria. Agostinho disse assim: "Uma vida longa nada mais é que um longo tormento". E Jó disse: "Mas o homem nasce para o enfado" (Jó 5.7). Ninguém nasce herdeiro da terra, mas herdeiro das aflições. Assim como não se separa o chumbo de um peso de balança, assim é com as aflições do homem.

Nesta vida, as perturbações não acabam, apenas mudam. A aflição são os vermes que crescem na matéria pútrida do pecado. De onde vêm todos os nossos temores, senão do pecado? "O medo produz tormento" (Uo 4.18). O medo é o calafrio da alma, faz que ela trema. Alguns temem a privação; outros, os perigos; alguns temem a perda de relacionamentos; se nos regozijamos, é com temor.

De onde vêm todas as nossas esperanças frustradas, senão do pecado? Para onde olhamos em busca de conforto, encontramos uma cruz; quando esperamos por mel, experimentamos absinto. Por que a terra está tão cheia de violência e por que o perverso oprime "aquele que é mais justo do que ele?" (He 1.13). De onde vêm tanto engano nos negócios, tanta falsidade nos relacionamentos? De onde vêm a desobediência das crianças e a idéia de que a vara da autoridade dos pais é como uma espada a lhes traspassar os corações? De onde vem a infidelidade dos servos para com seus senhores?

O apóstolo fala de alguns que acolheram anjos em suas casas (Hb 13.2), porém, quão frequentemente, em lugar de acolherem anjos, são acolhidos demônios. De onde vêm as insubordinações e as divisões dentro de um reino? "Naqueles tempos, não havia paz nem para os que saíam nem para os que entravam" (2Cr 15.5). Tudo isso não passa do cerne rançoso do fruto que nossos primeiros pais comeram, o fruto do pecado original.

Além disso, todas as deformidades e as doenças do corpo, as febres, as convulsões, o catarro, tudo procede do pecado: fome e uma nova safra de febres oprimiram a terra. Nunca houve uma pedra nos rins que não tivesse sido, primeiro, uma pedra no coração. Sim, a morte do corpo é o fruto e o resultado do pecado original. "Entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte" (Rm 5.12).

Adão era condicionalmente imortal, se não tivesse pecado. O pecado cavou a cova de Adão. A morte é terrível para a espécie. Luís, rei da França, proibiu a qualquer um que entrasse em sua corte de mencionar a palavra morte. Os socinianos dizem que a morte vem somente das enfermidades da constituição. Porém, o apóstolo diz: o pecado introduziu a morte no mundo e, pelo pecado, veio a morte. Certamente, se Adão não tivesse comido da árvore do conhecimento, não teria morrido. "No dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17), isso implica que, se Adão não tivesse comido, não teria morrido. Então, veja a desgraça que se seguiu ao pecado original. O pecado dissolve a harmonia e a boa temperatura do corpo, além de quebrá-lo em pedaços.
 
FONTE: www.josemarbessa.com

domingo, 2 de outubro de 2011

Conhecendo a Bíblia como os Gigantes Puritanos.

Créditos a: http://valecristao.com.br/estudo/biblia_texto.html


Aquele que quiser interpretar corretamente a Bíblia, deve ser homem dotado de espírito reverente, humilde, dado à oração, disposto a aprender e obediente; de outro modo, sem importar o quanto a sua mente esteja "saturada com conceitos", ele jamais chegará a compreender as realidades espirituais.

Passemos agora a estudar a abordagem Puritana quanto à tarefa da interpretação propriamente dita. Seus princípios normativos podem ser sumariados por meio dos seguintes pontos:

1 - Interprete as Escrituras literal e gramaticalmente. Os reformadores — opondo-se à depreciação medieval do significado "literal" das Escrituras, a qual defendia os vários sentidos "espirituais" (alegóricos) — tinham insistido que o sentido literal, ou seja, o sentido tencionado, natural e gramatical, é o único que as Escrituras têm; sendo de acordo com esse sentido que devemos procurar fazer uma exposição da Bíblia, dando cuidadosa atenção ao contexto e à gramática de cada afirmação. Os Puritanos concordavam plenamente com isso.

Se você quiser compreender o verdadeiro significado... de algum trecho controvertido, então examine com cuidado a coerência, o objetivo e o contexto do mesmo."

Nelas [as Escrituras], não há outro sentido além daquele contido nas palavras que materialmente lhe constituem... Na interpretação dos pensamentos de quem quer que seja, é mister que as palavras ditas ou escritas sejam corretamente compreendidas; e isso não poderemos fazer imediatamente, a menos que entendamos a linguagem na qual esse alguém fala, como também as expressões idiomáticas dessa língua, com o uso comum e a intenção de sua fraseologia e expres¬sões.. . Em quantos erros, equívocos e perplexidades muitos expositores têm sido lançados, por causa da ignorância desses idiomas originais... especialmente aqueles que aderem, teimosamente, a uma só tradução... o que pode ser demonstrado por exemplos... incontáveis.

Naturalmente, há lugares, nas Escrituras, onde é usada uma linguagem alegórica. Todos os Puritanos consideravam o livro Cantares de Salomão como um desses casos típicos, e James Durham oferece-nos algumas interessantes observações sobre essa questão:

Admito que há aqui um sentido literal; mas afirmo que o sentido literal não é... aquilo que primeiro se deve buscar, como nas Escrituras históricas... e, sim, aquilo que tem um sentido espiritual... transmitido por meio dessa linguagem alegórica e figurada; esse é o verdadeiro sentido desse livro de Cantares... pois um sentido literal (conforme foi definido por Rivet, com base em certos eruditos) é aquele que flui de tal lugar das Escrituras, conforme tencionou o Espírito nas palavras, usadas literal ou figuradamente, e deve ser depreendido de todo o complexo de expressões... conforme é evidente na exposição das parábolas, das alegorias e das Escrituras figurativas.
Contudo, observou Durham que isso é algo bem diferente da alegorização ilegítima, da qual os intérpretes medievais se fizeram culpados. Porquanto "há uma imensa diferença entre a exposição alegórica das Escrituras e a exposição das Escrituras alegóricas". Durham só pregava alegoricamente quando tinha razão para pensar que ele estava expondo alguma alegoria bíblica.

2 - Interprete as Escrituras de modo consistente e harmônico. Se a Bíblia é a Palavra de Deus, a expressão da mente divina, tudo quanto ela diz tem de ser verdadeiro, não podendo haver qualquer contradição real entre as suas várias partes. Logo, ficar explorando contradições aparentes, assevera Bridge, mostra uma grande irreverência. E prosseguiu Bridge:

Vocês sabem o que sucedeu a Moisés, quando ele viu dois homens brigando, um egípcio e outro israelita; ele matou o egípcio. Mas quando viu dois hebreus brigando, então ele quis apartá-los, pois eram irmãos. Mas por que fez isso, não foi por ser ele um homem bom e afável? O mesmo sucede no caso de um crente de coração afável. Quando vê a Bíblia lutando com um egípcio, um autor pagão ou um apócrifo, ele vem e mata o pagão... o egípcio ou o apócrifo; mas quando vê dois textos bíblicos em oposição (aparente, mas não na verdade), então diz: Oh! estes são irmãos e podem ser reconciliados; esforçar-me-ei para reconciliar um ao outro. Mas quando alguém tira proveito das aparentes diferenças das Escrituras, para dizer: Vocês estão vendo as contradições que há neste livro, ao mesmo tempo que não procura reconciliá-las, isso prova toda a corrupção da natureza humana, que se manifesta sob a forma de malícia contra a Palavra do Senhor? Portanto, cuidado com isso.

Esse é um pensamento chocante, bem como um diagnóstico acurado.
Visto que a Bíblia é a expressão unificada da mente divina, segue-se que "a regra infalível de interpretação da Bíblia é a própria Bíblia; portanto, quando há alguma dúvida sobre o verdadeiro e pleno significado de qualquer texto bíblico... esse significado deve ser buscado e conhecido por meio de outros textos que falam com maior clareza". Dois princípios derivam-se daí: (1) O que é obscuro deve ser interpretado à luz do que é claro. Disse Owen: "Nesse caso, a regra é que não damos qualquer sentido a uma passagem difícil ou obscura da Bíblia, senão aquele que é... harmônico com outras expressões e testemunhos claros. Pois, criar sentidos peculiares a partir de um texto, sem confirmação de outros textos, é uma prática curiosa e perigosa".'6 (2) As ambiguidades periféricas devem ser interpretadas em harmonia com certezas fundamentais. Logo, nenhuma exposição de qualquer texto estará certa se não "concordar com os princípios cristãos, com os pontos do catecismo estabelecidos no Credo, com a oração do Pai Nosso, com os Dez Mandamentos e com a doutrina das ordenanças".17 Esses dois princípios, juntos, formam a regra de interpretação comumente conhecida como "a analogia da fé", uma expressão tomada por empréstimo de Romanos 12.6 (provavelmente não com o sentido que lhe deu Paulo).

Estas duas regras dizem respeito à forma das Escrituras; e as próximas quatro têm a ver com sua matéria e conteúdo.

3       - Interprete as Escrituras teocêntrica e doutrinariamente. A Bíblia é um livro doutrinário; ela nos ensina sobre Deus e sobre as coisas criadas, em relação a Ele. Bridge ressalta isso desenvolvendo a ilustração bíblica de um espelho, usada por Tiago:

Quando você olha para um espelho, vê três coisas: o espelho, você mesmo e todas as outras coisas, pessoas, móveis ou quadros que estejam na sala. Assim também, quando examinamos a Bíblia... vemos ali verdades acerca de Deus e de Cristo. Deus é visto acima de tudo, Cristo também é visto; e vemos também a nós mesmos e o nosso rosto sujo; também vemos as criaturas que estão no mesmo aposento conosco...

Além disso, as Escrituras ensinam uma visão teocêntrica. Enquanto o homem caído vê a si mesmo como o centro do universo, a Bíblia nos mostra Deus no centro de tudo, e pinta todas as criaturas, incluindo o homem, em sua devida perspectiva — o homem existe por meio de Deus e para Deus. Um dos pontos onde os Puritanos mais podem ajudar-nos é na recuperação desse ponto de vista teocêntrico da Bíblia, que eles defendiam com tanta firmeza.

4       - Interprete a Bíblia cristológica e evangelicamente. Cristo é o verdadeiro tema das Escrituras: tudo ali foi escrito para testificar sobre Ele. Ele é "a súmula de toda a Bíblia, profetizada, tipificada, prefigurada, demonstrada, que se acha em cada página, quase em cada linha, pois as Escrituras são, por assim dizer, as roupas de nenê que envolvem o menino Jesus".19 Portanto:

A Tenha Jesus Cristo diante de seus olhos ao examinar a Bíblia, como o fim, escopo e substância da mesma. Que são as Escrituras, senão, por assim dizer, os "cueiros" espirituais do santo menino Jesus? (1) Cristo é a verdade e a substância de todos os tipos e sombras. (2) Cristo é a substância e a matéria do pacto da graça e de toda a sua administração; sob o Antigo Testamento, Cristo estava oculto; sob o Novo Pacto, Ele foi revelado. (3) Cristo é o centro e o ponto de convergência de todas as promessas; pois nEle as promessas de Deus acham o sim e o amém. (4) Cristo é a realidade simbolizada, selada e exibida nas ordenanças do Antigo e do Novo Testamentos. (5) As genealogias bíblicas são usadas para conduzir-nos à verdadeira linhagem de Cristo. (6)    As cronologias da Bíblia mostram-nos os tempos e épocas de Cristo. (7)   As leis bíblicas são nosso mestre-escola para levar-nos a Cristo: as leis morais, corrigindo; as leis cerimoniais, apontando. (8) O evangelho da Bíblia é a luz de Cristo, mediante a qual nós O ouvimos e O seguimos... as cordas do amor de Cristo, por meio das quais somos enlaçados a uma doce união e comunhão com Ele; sim, o próprio poder de Deus para salvação de todo aquele que crê em Cristo Jesus. Portanto, devemos pensar em Cristo como a substância, a essência, a alma e o escopo de toda a Bíblia.

Quão ricamente os Puritanos aplicavam esse princípio evangélico de exegese só pode ser apreciado por aqueles que escavam os escritos expositivos de autores como Owen, Goodwin e Sibbes.

5 - Interprete as Escrituras de modo experimental e prático. De certo ângulo, a Bíblia é um livro de experiências espirituais, e os Puritanos exploravam essa dimensão com profundidade e discernimento sem rivais. Os temas de O Peregrino servem de índice desse fato — a fé, a dúvida, a tentação, o desespero, o temor, a esperança, a luta contra o pecado, os ataques de Satanás, os cumes da alegria espiritual, os ermos do senso de abandono espiritual. A Bíblia também é um livro prático, dirigindo-se ao homem em sua situação concreta — conforme ele está diante de Deus: culpado, vil e impotente — e dizendo-lhe em que deve crer e o que deve fazer para o bem-estar de sua alma. Os Puritanos reconheciam que essa orientação prática deve ser característica da exposição das Escrituras. As doutrinas devem ser ensinadas do mesmo ponto de vista em que são apresentadas na Bíblia, e devem ser aplicadas com o mesmo propósito ensinado na Bíblia. Owen, conforme vimos, destaca isso ao iniciar sua análise da doutrina da justificação:

Trata-se do direcionamento prático da consciência dos homens, em sua aplicação a Deus, por meio de Jesus Cristo, visando à libertação da maldição devida ao estado de apóstata e à paz com Ele... o manuseio dessa doutrina tem apenas esse desígnio... E apesar de não podermos tratar de modo seguro e útil essa doutrina, senão no que tange às mesmas finalidades para as quais ela foi declarada e para o que ela é aplicada nas Escrituras, não deveríamos... desistir de dar atenção a esse caso, com vistas à sua solução, em todos os nossos discursos sobre o assunto. Pois o nosso dever não é satisfazer a curiosidade sobre noções ou sutilezas das disputas, e, sim, dirigir, satisfazer e conferir paz às consciências dos homens.

A negligência a essa regra, durante a era dos Puritanos, produziu muita irresponsabilidade no manuseio das doutrinas das Sagradas Escrituras; mas os grandes mestres Puritanos observavam-na de modo coerente, e seus escritos, em consequência, eram "práticos e experimentais" (uma expressão que lhes era comum), no melhor e mais edificador sentido.

6 - Interprete as Escrituras com uma aplicação fiel e realista. A aplicação deriva-se da própria Bíblia; assim, a indicação dos "usos" de doutrinas faz parte da obra de exposição bíblica. Interpretar quer dizer tornar as Escrituras significativas e relevantes àqueles a quem o pregador se dirige, e o trabalho não terá terminado enquanto não tiver sido mostrada a relevância da doutrina, "para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça" (2 Tm 3.16). Os "usos" padrões (tipos de aplicação) consistiam no uso de informações, mediante o qual o ponto doutrinário em foco era aplicado e suas implicações eram extraídas, a fim de moldar os juízos e as atitudes dos homens em consonância com a mente de Deus; o uso de exortações, convocando-os à ação; o uso de consolação, em que a doutrina aparecia como resposta às dúvidas e incertezas; o uso de perguntas para auto-exame, uma chamada para aquilatar e medir as condições espirituais da pessoa à luz da doutrina ensinada (talvez as marcas de um homem regenerado, ou a natureza de algum privilégio. ou dever cristãos). A aplicação deve ser realista; o expositor deve notar que a Bíblia dirige-se aos homens, onde eles estiverem. A aplicação feita ontem talvez não corresponda à condição de hoje. "É um zelo barato aquele que clama contra erros antiquados ou coisas que hoje estão fora de uso e de prática. Cumpre-nos considerar o que a época presente requer". Para um expositor fazer uma aplicação da Bíblia de modo relevante, sondador e edificante (em distinção a uma aplicação desajeitada, imprópria ou confusa), sem dúvida está envolvido um trabalho difícil, que requer grande prudência, zelo e meditação; e, para o homem natural e corrupto, isto será recebido como algo desagradável [essa consideração tenta um mensageiro de Deus a poupar os seus golpes, pois nenhum homem normal gosta de ofender ao próximo]; mas o pastor deve esforçar-se para realizar tal obra de modo que seus ouvintes percebam que a Palavra de Deus é viva e poderosa, capaz de discernir os pensamentos e intuitos do coração; e que, se estiver presente alguma pessoa incrédula ou ignorante, ela terá desvendados os segredos de seu coração, dando então glória a Deus.
A fim de aplicar as Escrituras de forma realista, é preciso saber o que se passa na cabeça e no coração do homem; e os Puritanos insistiam que aqueles que quisessem ser expositores precisavam conhecer as pessoas, tanto quanto a Bíblia.

Esses eram os princípios Puritanos na questão da interpretação da Bíblia. Para eles, nenhuma disciplina é tão precisa, nenhum trabalho tão compensador. Não há dúvida que o método deles era saudável; faríamos bem em seguir em suas pisadas, mas para isso precisamos fazer seis perguntas acerca de cada texto que tivermos de expor:

(1)     Que significam realmente estas palavras?

(2)     Qual luz outros textos bíblicos lançam sobre este texto? Onde e como este texto ajusta-se à revelação total da Bíblia?

(3)     Quais verdades este texto ensina sobre Deus e sobre o homem em seu relacionamento com Deus?

(4)     Como essas verdades se relacionam com a obra salvadora de Cristo, e que luz o evangelho de Cristo lança sobre elas?

(5)     Quais experiências essas verdades delineiam, ou explicam, ou buscam criar ou curar? Com qual propósito prático elas figuram na Bíblia?

(6)     Como se aplicam a mim mesmo e a outras pessoas, em nossa própria situação? A que condição humana atual elas se dirigem, e o que elas nos estão dizendo para crermos e fazermos?

J. I. Packer
FONTE: www.josemarbessa.com

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