domingo, 10 de julho de 2011

Conversão de Vladimir, príncipe da Rússia

Imagem cedida por: http://www.canstockphoto.com.br/monumento-de-pr%C3%ADncipe-vladimir-r%C3%BAssia-6220269.html

A conversão de um governante pagão, amante do divertimento, efetivamente levou o cristianismo à Rússia. Embora o cristianismo já tivesse alcançado a Rússia na primeira parte do século X, não foi aceito de maneira geral. Em 957, Olga, a princesa viúva de Kiev, foi batizada. Ela pediu a Oto I o rei germânico, que enviasse missionários a seu país, mas eles provavelmente tiveram pouco sucesso, pois a religião paga prevaleceu.

Vladimir, neto de Olga, estava entre aqueles pagaos. Ele construiu diversos templos, atraindo fama para si mesmo em função de sua crueldade e de sua falta de lealdade. Ele tinha oitocentas concubinas e cinco esposas e, quando não estava lutando em alguma guerra, caçava e festejava. Ninguém o escolheiia como o homem que levaria o cristianismo ao seu povo.
Como a maioria dos governantes, Vladimir queria manter seu povo alegre. Ele percebeu que poderia fazer isso unificando-os pela religião. Desse modo, conta-se que enviou diversos homens para examinar as principais religiões. Com suas regras de alimentação restritivas, nem o islã nem o judaísmo agradaram ao príncipe, de modo que ele teve de escolher entre o cristianismo romano e a igreja do Oriente.
Depois de comparecer a um culto na Igreja da Santa Verdade, em Cons-tantinopla, os homens de Vladimir apresentaram o seguinte relato: "Não sabíamos se estávamos no céu ou na terra, pois certamente não existe tamanho esplendor ou beleza em qualquer lugar aqui na terra. Não somos capazes de descrever o que vimos. Sabemos apenas que Deus habita entre aqueles homens e que seu culto ultrapassa em muito a adoração de todos os outros lugares. É impossível esquecer aquela beleza".
De acordo com a história, devido a essa beleza, Vladimir optou pela ortodoxia. É verdade que essa era a religião da nação vizinha, mais poderosa, rica e civilizada: o Império Bizantino. Quando a irmã do imperador bizantino, Basilio, foi-lhe oferecida em casamento, Vladimir aceitou, o que ajudou ainda mais a consolidar sua posição junto ao vizinho.
Em 988, Vladimir foi batizado e, um ano depois, casou-se com Ana, mas nenhuma das duas atitudes foi uma mostra de que ele estava se submetendo ao Império Bizantino.
A escolha de Vladimir deixa claro que a igreja russa se concentrava no culto de adoração. A ortodoxia oriental sempre teve um apelo estético. O nome da religião escolhida pelo príncipe, pravoslavie, significava "verdadeira adoração" ou "a glória apropriada". Para a mente russa, o cristianismo significa liturgia.
Depois do batismo de Vladimir, sem muitas dificuldades, o povo colocou de lado as velhas religiões. Embora a Rússia não tenha se tornado uma nação cristã da noite para o dia, as coisas começaram a mudar. Em um primeiro momento, as conversões em massa não aconteceram, mas, com a ajuda dos monges — sempre uma força de primeira grandeza na ortodoxia oriental —, a nova religião começou a fazer com que sua influência fosse sentida.
Graças a Metódio e Cirilo, a Rússia tinha uma liturgia cristã em sua própria língua (o idioma eslavônico). As pessoas podiam participar e entender maravilhosa liturgia nas belíssimas igrejas construídas por Vladimir e seus sucessores.
A conversão de Vladimir claramente influenciou seu estilo de vida. Ao se casar com Ana, deixou as outras cinco esposas. Destruiu também os ídolos, protegeu os oprimidos, criou escolas e igrejas e viveu em paz com as nações vizinhas. Em seu leito de morte, doou todas as suas posses aos pobres. A igreja grega terminou por canonizá-lo.

FONTE: Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo: do incêndio de Roma ao crescimento da igreja na China / A. Kenneth Curtis, J. Stephen Lang e Randy Petersen ; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003.

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