quarta-feira, 15 de agosto de 2012

As diferentes formas do orgulho - Steve Gallagher

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Quando Adão se rebelou no jardim do Éden, seu coração se corrompeu instanta­neamente. Como uma forma agressiva de câncer, uma rede elaborada de orgulho se formou dentro de seu coração e espalhou-se dentro de si. Agora, milhares de anos depois, após incontáveis gerações, tal sentimento possui um sistema de radar altamente desenvolvido que mantém constante observação sobre qualquer coisa que atravesse seu caminho. Consequentemente, esse mecanismo aproveita toda oportunidade de se mostrar, promover e proteger seu hospedeiro. Assim, a vai­dade mantém sua posição dentro do coração humano com muito sucesso.
Na essência, o orgulho é como um fiel cão de guarda, sempre protegendo seu dono: o poderoso ego Quanto mais cheio de si mesmo alguém estiver, mais presunçoso será. O cristão que não tiver permitido que o Senhor lide severamente com sua personalidade cairá nas garras da soberba. Todos os aspectos do viver - trabalho, diversão, relacionamentos, e vida espiritual - serão forte­mente tentados por esse sentimento, o qual contamina os pensamentos, as palavras e as atitudes. Assim, tudo deve adquirir uma posição de subserviência ao seu desejo tirânico. Cristãos não-envolvidos podem dizer que Jesus Cristo é o Senhor da vida deles, mas a verdade é que apenas o orgulho ocupa essa posição. Esse sentimento rege o coração desses cristãos, consegue qualquer coisa que desejar e permite apenas as coisas que servem ao seu interesse. A submissão a Deus é deixada do lado de fora das barreiras erguidas pelo amor-próprio. O crente só irá submeter-se e render-se ao Onipotente tanto quanto a imodéstia permitir.
É verdade. O orgulho é uma característica comum do coração humano, e todo ser humano, inclusive o crente, possui uma única e vibrante personalidade. Assim, pessoas se exaltam e se guardam em muitas maneiras diferentes. Por exemplo, cada um dos seis membros da família Johnson é elevado de uma maneira distinta como indivíduo. Para fazer um diagnóstico melhor do egoísmo que está dentro de cada um de nós, farei uma parada nas categorias básicas (geralmente parecidas).*

Um espírito soberbo

Quando se pensa na palavra soberba, a imagem de um endinheirado esnobe rapidamente vem à mente. Contudo, a Bíblia usa o termo para descrever qualquer atitude de ser melhor que os outros. Pessoa alguma precisa ser rica para ser soberba. Considerar-se mais esperto, bonito, forte ou capaz que os outros é um aspecto desse tipo de arrogância. Aquele que se exalta experimenta uma sensação de excitação.
Bill Johnson é o exemplo perfeito de altivez. Ele se considera superior a praticamente todos à sua volta -certamente, muito longe dos zés-ninguém que vivem contando o dinheiro do mês. Maior ainda é o seu desrespeito pelos pobres "que deviam procurar algum trabalho decente e ser alguém na vida!". Não interessa o quanto ele tente disfarçar, seu desdém pelos outros fica estampado em seu rosto. O salmista chamou isso de a soberba do perverso (Sl 10.4) ou de coração soberbo (Sl 101.5). Salomão simplesmente o classifica como olhar altivo (Pv 6.17).
O arrogante encontra algo em si mesmo que ele considera digno de louvor e usa essa qualidade para se comparar favoravelmente com os outros. Por acreditar no melhor sobre si próprio, Bill não percebe suas características mais desprezíveis. Por exemplo, ele e um chefe muito exigente e utiliza o sarcasmo para manipular os outros para que façam aquilo que ele quer. A verdade é que não há quem goste de trabalhar para ele. No maior desejo de pensar em seu melhor, essa crítica negativa é convenientemente ignorada. Em vez disso, ele se parabeniza por sua grande ética profissional. Sim, é verdade; ele é mais ambicioso que o Jim, o zelador que mora no final da rua. Entretanto, todos os que conhecem Jim adoram estar perto dele, o que Bill nem percebe. Aqueles que são arrogantes se exaltam, comparando suas forças com as fraquezas dos outros.
Bill é tão presunçoso em sua auto-avaliação, que fica indiferente à opinião que os outros têm dele. Sua arrogância insana não deixa espaço para dúvidas. Ele é extremamente condescendente e dá menos importância àquilo que os indivíduos possam pensar dele. Bill despreza sua aprovação assim como sua desaprovação. Por causa de seu excessivo amor-próprio, ele não precisa do apoio de quem quer que seja.

Vaidade

Em contraste com a autoconfiança exagerada de Bill, está aquele que, verdadeiramente, vive pela admiração dos outros. Cheio de vaidade, esse indivíduo precisa da aprovação dos outros, deseja ser reconhecido e procura os aplausos.
A vaidade reside na raiz das petições lacrimosas tão comuns hoje em dia. A Sagrada Escritura denuncia a oração de pessoas vaidosas que se recusam a condenar o pecado, a astúcia e a carnalidade. Por inter­médio de Jeremias, por exemplo, o Senhor disse que elas curam a ferida da filha do meu povo levianamente, dizendo: Paz, Paz; quando não há paz (Jr 6.14). Judas, no versículo 16 de sua epístola, falou acerca daqueles que são aduladores de pessoas, e Paulo fez a seguinte declaração: Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências (2 Tm 4.3). Esses falsos mestres querem ser adorados mais do que se preocupam com o bem-estar daqueles que os ouvem.
Porém, a vaidade não está limitada ao ministério. Qualquer pessoa que deseja receber a admiração dos outros está sujeita a ela. De fato, ela é um dos grandes problemas que assolam as mulheres hoje em dia, cuja beleza determina o valor de cada uma delas em nossa cultura. A pressão para ser adulada pode ser muito forte, especialmente para aquelas que precisam de atenção. Não é coincidência que a mesa onde as mulheres passam sua maquiagem é chamada de vaidade.**
Atualmente, isso é especialmente trágico no Corpo de Cristo, quando algumas garotas, querendo atrair os outros, vestem-se sem modéstia mesmo quando estão dentro da igreja. Contudo, esse desejo de despertar a atenção dos rapazes, muitas vezes, leva-as ao caminho da promiscuidade. Visto que a igreja esta abraçando os padrões do mundo, poucos parecem preocupados com isso hoje em dia.
A vai­dade faz os indivíduos viverem aprisionados pelo desejo de aprovação. Manter a excitação da aceitação exige que a pessoa esteja constantemente falando, parecendo e agindo da forma que os outros querem que ela faça.
A satisfação pessoal depende simplesmente do seu grau de aprovação: elogios trazem felicidade e realização completa, enquanto que um comentário desaprovador é extremamente devastador. Talvez, esse tipo de atitude tenha levado Deus (por intermédio de Isaías) a fazer-nos a seguinte admoestação: E a altivez do homem será humilhada, e a altivez dos varões se abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele dia. [...] Afastai-vos, pois, do homem cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele estimar? (Is 2.17-22).

AUTOPROTEÇÃO

Um indivíduo com o orgulho de proteger a si mesmo tem grandes problemas sendo vulnerável aos outros. Ele é extremamente defensivo e fácil de se ofender. Essa pessoa se fortificou com um elaborado sistema de barreiras e mecanismos de proteção na tentativa de se manter longe de qualquer risco. Para quem apresenta esse tipo de orgulho, por ser geralmente sensível por natureza, quase sempre a menor ofensa irá levá-lo a se proteger de futuras mágoas. Assim, os muros de sua fortaleza pessoal ficam mais resistentes e se tornam impenetráveis para qualquer outro intruso. Enquanto algumas categorias da soberba são por si só ofensivas - assim como a vaidade e autopro­moção -, essa forma de orgulho é defensiva por natureza. Pessoas com esse tipo de sentimento vêem os outros como uma ameaça que irá humilhá-las, rebaixá-las ou envergonhá-las. Dessa maneira, elas se guardam dos ataques a qualquer custo. Tornando-se distantes, algumas se protegem da dor que outros possam causar. Elas são cuidadosas para não deixarem transparecer seus sentimentos mais profundos e sentem-se um pouco inseguras e medrosas quando as pessoas se aproximam delas. Outras se utilizam do sarcasmo para manter seus semelhantes à distância.
A pequena Suzy, que tem apenas 12 anos de idade, já está permitindo que esse tipo de presunção se solidifique dentro dela. Não é errado ser cuidadosa, sensível e introvertida. Essas características simplesmente fazem parte de sua máscara como pessoa. O problema aparece quando ela, diferente­mente de Jesus, dá mais importância para os seus sentimentos do que para as outras pessoas em sua vida. E fácil de simpatizar com alguém como essa menina, até que se esteja do outro lado do sentimento horrível que emana dela quando se sente ameaçada.
O que é mais assustador para uma pessoa com o orgulho da autoproteção (e para alguém vaidoso também) é sofrer alguma humilhação publicamente. O pensamento de ser rebaixado na presença de outros é algo com o qual ela mal pode lidar. Contudo, o bom Mestre, quando falava acerca da questão de se preocupar sobre o que as outras pessoas pensam, disse: E digo-vos, amigos meus: não temais os que matam o corpo e depois não têm mais o que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei (Lc 12.4,5).


Orgulho intocável

Uma pessoa intocável é alguém que não suporta ser corrigida. Ela se torna notavelmente tensa todas as vezes que é admoestada sobre áreas de sua vida que precisam de mudanças. O orgulhoso e tolo não aceitará reprovação. Salomão sabiamente disse: O que repreende o escarnecedor afronta toma para si; e o que censura o ímpio recebe a sua mancha. Não repreendas o escarnecedor, para que te não aborreça; repreende o sábio, e amar-te-á (Pv 9.7,8).
É uma pena que algumas pessoas sejam tão orgulhosas ao serem reprovadas, porque Deus costuma ser muito confrontador quando está lidando com aqueles que Ele ama. O escritor de Hebreus revelou como o Altíssimo trata Seu povo: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho (Hb 12.5b,6). A confrontação do pecado por quem é de Deus é um dos métodos mais efetivos que o Senhor usa para fazer a mudança necessária na vida de um cristão. Infelizmente, as pessoas não levam a sério o arrependimento do pecado, do egoísmo, das práticas mundanas ou das atitudes não-cristãs, até que o Onipotente mande um "Natã" para olhá-las nos olhos e dizer-lhes a verdade sobre si mesmas. O cristão que é muito altivo para receber reprovação coloca-se em uma posição inviável para receber aquilo que o Pai tem de melhor para a sua vida; assim, ele amadurece pouquíssimo. E como Salomão disse: Mais profundamente entra a repreensão no prudente do que cem açoites no tolo (Pv 17.10).

Orgulho sabe-tudo

Quem se torna altivo pelas coisas que sabe geralmente é alguém talentoso, inteligente e dotado de dons. Ele costuma achar que pode fazer qualquer coisa  e, de muitas formas, pode! Ele não acredita no potencial dos outros por causa de sua alta consideração sobre si mesmo (seu ego incorrigível), e pessoa alguma é tão capaz ou inteligente como ele. Essa é uma das razões pelas quais ele não gosta de se submeter à liderança dos outros; ele julga que poderia fazer um trabalho melhor se estivesse à frente. Tal atitude arrogante o torna rebelde perante seus superiores.
O espírito altivo dessa pessoa faz com que ela con­sidere as próprias opiniões muito mais importantes do que as dos demais. A verdade é que ela adora sentir-se superior e tende a pensar que os outros têm pouco a lhe ensinar, desprezando as idéias alheias. Tal atitude é censurada nas Escrituras, conforme podemos observar na seguinte declaração de Salomão; Tens visto um homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há no tolo do que nele (Pv 26.12), Isaías também advertiu: Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes diante de si mesmos! (Is 5.21). Mais tarde, Paulo acrescentou: Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia (1 Co 3.18,19).

Rebelião

Estudo algum sobre orgulho estaria completo se não tratássemos da questão da rebelião. Isso é especialmente importante nos Estados Unidos, porque os americanos tendem a ser muito inde­pendentes e extremamente rebeldes! De alguma forma, eles adquiriram uma propensão demoníaca de questionar autoridade - a própria autoridade de Deus. As pessoas tendem a se submeter aos líderes somente o mínimo necessário. Alguns, simples­mente, odeiam que alguém diga o que eles têm de fazer.
Contudo, a submissão é uma parte importante da vida cristã. Os cristãos são admoestados a se subme­terem às leis dos homens (1 Pe 2.13,14; Rm 13.1-5), as esposas são orientadas a se sujeitarem aos seu maridos (1 Pe 3.1-5), os empregados são encorajados serem subservientes aos seus patrões (1 Pe 2.18). Acima de tudo, os crentes são encorajados a se subordinarem às suas autoridades espirituais: Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas (Hb 13.17a). Pedro disse: Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildade (1 Pe 5.5a).
Não é necessário dizer que a falta de submissão ao Todo-Poderoso é outra faceta dessa forma de altivez. Como esse é um assunto importante, a rebelião espiritual será abordada mais adiante.

Orgulho espiritual

Por último, a falsa moralidade se opõe àquilo que Jesus descreveu como pobre de espírito. Alguém que tenha esse tipo de orgulho se imagina como um gigante espiritual. Deus detesta a auto-aprovação e o orgulho espiritual. Jesus censurou os fariseus por causa de sua falsa piedade, sua enganosa aparência de santidade. Eles não eram menos pecadores que os que estavam à sua volta, mas agiam como se fossem os mais sublimes exemplos de pureza. Contudo, o Mestre pôde dizer o seguinte a respeito deles: Ai de vos, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia. Assim, também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade (Mt 23.27,28).
Hoje em dia, muitos dos que estão na igreja não agem diferente. Sentam-se orgulhosamente nos bancos das congregações, julgando todos à sua volta para ver se eles se encaixam em seus padrões. Alguns são do tipo muito espirituais, que estão sempre ouvindo uma palavra de Deus, embora sua caminhada cristã seja caracterizada pela insta­bilidade, falta de compromisso ou mesmo desobediência. Assim, eles são espiritualmente arrogantes, pois consideram ter um nível de maturidade que, na verdade, não atingiram.
Uma outra forma muito comum do compor­tamento das pessoas com relação ao Onipotente é quando elas imaginam que podem continuar sem se arrepender dos pecados e não sofrer conseqüência alguma. Acerca dessas pessoas, as quais se funda­mentam na graça divina, Judas falou: Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo (Jd 1.4). Essa é mais uma forma de orgulho espiritual, a qual é bastante perigosa.
Esse rápido exame sobre a soberba dá uma idéia de como ela se manifesta dentro da natureza humana caída. Você pode ver como cada um desses tipos de altivez limita o Senhor de alcançar o homem? Por exemplo, e possível para o altivo, que se exalta acima dos que estão à sua volta, ter uma comunhão íntima com o Todo-Poderoso? O Onipotente ouvirá as  orações desse  rebelde mimado? Ele abraçará a causa daquele que se protege, mesmo que isso signifique ser rude com os outros, em vez de se entregar nas mãos do Pai? (1 Pe 2.23). Não! Deus resiste aos soberbos, e quanto maior o grau de presunção de uma pessoa, mais ela estará oposta ao Pai.
A notícia maravilhosa sobre o Reino de Deus é que um pecador sempre pode arrepender-se! Como é possível perceber o orgulho trabalhando em sua vida, você pode também se forçar a não seguir tudo o que ele manda em seu relacionamento com o Senhor e com os outros. Deus irá ajudá-lo a superar essa área do orgulho, pelo menos em grande parte. Esse sentimento não desaparecerá automaticamente, simplesmente, porque você descobriu que ele está lá, mas, pelo menos, vê-lo como realmente é auxiliará você a lutar contra ele e arrepender-se cada vez que ele mostrar sua horrorosa face.


Senhor, por favor, torna clara para mim toda forma de orgulho
 que está dentro do meu coração. Expõe cada uma delas pelo que elas são! Ajuda-me a ser mais consciente de como esse sentimento afeta meu relacionamento contigo e com os outros. Liberta-me! Amém.

FONTE: Gallagher, Steve. Irresistível a Deus /Steve Gallagher, traduzido por Flávia Bastos -Rio de Janeiro; Graça, 2005.

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