quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Inferno » Joel Beeke

Imagem Cedida por: scorphotos.com
O inferno é o lugar de eterno julgamento (Mateus 5:29; Lucas 12:5; 16:23). Ainda, é o único lugar de tormento eterno, em oposição à ideia não bíblica de purgatório (cf. 1 Coríntios 3:12-14; 2 Coríntios 5:6,8; Filipenses 1:23; Hebreus 1:3; 1 João 1:7). A Escritura prontamente afirma a existência do inferno (Mateus 23:33; Lucas 16:19-31; 2 Pedro 2:3-4) e observa que é o lugar onde os corpos e almas dos homens são afligidos. O inferno tem muitos nomes que realçam a sua natureza. Ele é descrito como um fogo inextinguível (Lucas 3:17), uma fornalha acesa (Mateus 13:42, cf. Daniel 3:21-22), um lago de fogo (Apocalipse 19:20), um fogo eterno (Judas 7), as trevas (Mateus 22:13), a negridão das trevas para sempre (Judas 13), e abismos de trevas (2 Pedro 2:4).

Algumas pessoas fazem objeção a pregar e a ensinar a doutrina do inferno, supondo que este ensinamento é antiético à ênfase que o Novo Testamento dá à mensagem de Cristo no evangelho. Contudo, todos os protestos são deixados de lado quando é percebido que a doutrina do inferno é mais claramente estabelecida no Novo Testamento do que no Antigo, e portanto, é encontrada frequentemente nos lábios do próprio Senhor Jesus Cristo. Além disso, uma compreensão do tormento contínuo do corpo e da alma no inferno pretende causar temor e despertar as consciências entorpecidas daqueles descrentes que ainda estão vivos (Mateus 10:28; 2 Coríntios 5:11). Incutir um temor bíblico do inferno é, portanto, necessário e útil.

Duas realidades demandam este terrível julgamento para os descrentes. Em primeiro lugar, o inferno é necessário por causa da imundícia do pecado contra o infinito e santo Deus. É imperativo que uma punição proporcional seja executada de acordo com a justiça de Deus. Em segundo lugar, o inferno é necessário porque Cristo não satisfez a justiça de Deus para os ímpios, os quais devem suportar, por conta própria, a plena ira de Deus no inferno.

Esta ira atormentadora de Deus no inferno tem duas características. Em primeiro lugar, o julgamento é uma privação eterna. A presença de Deus (Mateus 25:41); a companhia dos santos e anjos (Mateus 22:13; 24:41); a bem-aventurança do céu (Lucas 16:23), a misericórdia de Deus e de Cristo, e dos piedosos com Eles (Provérbios 1:26); e toda a esperança de restauração eterna (Mateus 3:12; 25:46; 2 Tessalonicenses 1:9; Judas 7; cf. Isaías 33:14; 66:24; Lucas 12:59) – são todas impedidas e excluídas pelos portões do inferno. Através da eternidade, os ímpios se tornarão cada vez mais empobrecidos e exaustos no inferno. Em segundo lugar, existe uma grande quantidade de formas pelas quais os danados ou condenados se tornam ainda mais miseráveis, conforme a ira do santo Deus é exercitada em seu grau pleno. Este sofrimento é aumentado eternamente por: a universalidade dos tormentos que afetam o ímpio no corpo e na alma; a extremidade dos tormentos que não podem ser extinguidos nem tolerados; a continuidade dos tormentos, que não cessam nem tem intervalo; a sociedade dos tormentos, àqueles com quem os ímpios sofrem; a qualidade dos tormentos, uma miséria desprovida de qualquer conforto e prazer; a crueldade dos tormentos pelas mãos do Diabo e dos seus demônios; e a eternidade dos tormentos, que irão ser acumulados eternamente sobre o ímpio.

Acerca destas coisas, o descrente deveria temer e tremer, de tal forma que pudesse ser trazido ao arrependimento e à crença ou à fé. Além disso, todos os seres humanos – e crentes em particular – são chamados a abandonar os pecados que conduzem ao inferno (Mateus 10:22-23; 23:14-15; Marcos 12:40; Lucas 12:47-48; Romanos 2:5; Hebreus 13:4; 2 Pedro 2:9-10). Um vislumbre do inferno só pode produzir, senão, uma deserção de toda a impiedade. Adicionalmente, a doutrina do inferno traz o coração dos crente para o descanso mais doce nas glórias do céu. Quando o amargor do inferno é reconhecido, as alegrias do céu se tornam de ainda maior valor.
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*Adaptado à partir da obra “Heaven's Glory, Hell's Terror”, de Christopher Love (1618–1651).
​Quinquagésimo sétimo e último artigo da série "Grandes Doutrinas da Fé Cristã Reformada". Publicado com autorização
* The Reformation Heritage KJV Study Bible, Joel R. Beeke (editor geral), Reformation Heritage Books (RHB), Grand Rapids, Michigan, 2014, “List of In-Text Articles”. http://kjvstudybible.org

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